Testamento em vida: saiba os tipos e como funciona!
Entenda como funciona o testamento em vida, seus tipos, regras, custos e diferenças em relação à doação em vida.
Falar sobre herança nem sempre é fácil, mas planejar a sucessão patrimonial é uma forma de cuidar da família e evitar conflitos no futuro.
O testamento é o instrumento legal que permite a uma pessoa decidir, ainda em vida, como parte dos seus bens será distribuída após a sua morte.
Apesar de ser um tema cercado de mitos e dúvidas, fazer um documento desse tipo é mais simples do que parece — e pode garantir que sua vontade seja respeitada, além de evitar disputas entre herdeiros.
Neste artigo, você vai entender como fazer um testamento válido, quais os tipos existentes, quem pode fazer e como evitar problemas na partilha dos bens.
Se você quer proteger seu patrimônio e trazer tranquilidade à sua família, continue a leitura.
Sabemos que questões jurídicas podem gerar dúvidas, e entender seus direitos é essencial para tomar decisões informadas. Em caso de dúvidas sobre o assunto, entre em contato: clique aqui!
Desse modo, pensando em te ajudar, preparamos este artigo no qual você aprenderá:
- O que é um testamento?
- Como funciona o testamento em vida?
- Quais são as regras para fazer um testamento?
- O que é preciso para um testamento ser válido?
- Quem faz testamento pode deixar bens para quem quiser?
- Quanto custa fazer um testamento em vida?
- O que é melhor: testamento ou doação em vida?
- Qual o primeiro passo para se fazer um testamento?
- Um recado final para você!
- Autor
O que é um testamento?
O testamento é um documento legal que registra como a pessoa deseja que seus bens sejam distribuídos depois da sua morte. Ou seja, é uma forma de garantir que a vontade do testador — que é o nome dado a quem faz o testamento — seja respeitada quando ele não estiver mais presente.
No Brasil, o testador pode decidir livremente sobre até 50% do seu patrimônio, sem precisar justificar ou seguir uma ordem de herdeiros. Essa parte é chamada de parte disponível.
Os outros 50%, por sua vez, compõem a chamada legítima, que obrigatoriamente deve ser destinada aos herdeiros necessários, como filhos, pais ou cônjuge. É a lei que garante esse direito a eles.
O Código Civil prevê três formas ordinárias de testamento: o público, feito por um tabelião com duas testemunhas; o cerrado, escrito pelo testador (ou por alguém a seu pedido), assinado por ele e aprovado em cartório; e o particular, que pode ser manuscrito, com leitura e assinatura na presença de três testemunhas, ou digitado, sem rasuras, também lido e assinado por três testemunhas junto com o testador.
Fazer um testamento é uma atitude preventiva, que evita brigas, confusões e disputas judiciais na hora de inventariar os bens. Além disso, é uma forma muito clara de planejar o futuro da sua família e das pessoas importantes para você.
Com a ajuda de um advogado, o testamento pode ser feito com mais segurança, respeitando todos os requisitos legais.
Como funciona o testamento em vida?
O testamento em vida, também chamado de testamento vital, funciona como um documento em que a pessoa registra suas vontades para o caso de ficar incapacitada física ou mentalmente.
Isso inclui, principalmente, decisões sobre tratamentos médicos e prolongamento artificial da vida.
Na prática, o testamento vital permite que alguém, ainda lúcido e saudável, defina se deseja ou não ser mantido vivo por aparelhos, se aceita tratamentos invasivos, transfusões, entre outros procedimentos.
Esse tipo de testamento se aplica em situações críticas de saúde, como estado terminal, coma ou doenças degenerativas em estágio avançado.
Além das questões de saúde, o testamento em vida também pode conter diretrizes sobre o cuidado com o patrimônio da pessoa, caso ela perca a capacidade de gerir seus bens.
Dessa forma, evita-se que familiares ou terceiros tomem decisões contrárias à vontade original do testador.
É importante lembrar que o testamento vital não substitui o testamento tradicional, que trata da herança após a morte. Os dois se complementam.
O testamento vital é reconhecido no Brasil pelo Conselho Federal de Medicina, por meio da Resolução nº 1.995/2012, e sua validade jurídica é reforçada quando registrado em cartório e elaborado com auxílio de um profissional especializado.
Quais são as regras para fazer um testamento?
As regras para fazer um testamento são determinadas pelo Código Civil, e seguir essas exigências é essencial para que o documento seja considerado válido no futuro.
De forma geral, qualquer pessoa com mais de 16 anos e que esteja em pleno uso das suas faculdades mentais pode fazer um testamento. Essa capacidade deve estar comprovada, principalmente nos casos de idade avançada ou doenças.
Para quem quer fazer um testamento em cartório, o procedimento é simples, mas exige atenção. É necessário apresentar um documento de identificação válido, como RG ou carteira de motorista.
Além disso, o testador deve estar acompanhado de duas testemunhas, que também devem apresentar documentos e assinar o ato. No caso de testamento particular, são exigidas três testemunhas.
Um detalhe muito importante: as testemunhas não podem ser beneficiadas pelo testamento. Isso significa que elas não podem ser herdeiras, nem estar envolvidas de forma alguma nas disposições ali registradas.
Essa regra existe justamente para evitar suspeitas de influência ou favorecimento.
Existem três formas principais de testamento: público, cerrado e particular. Cada uma tem seus requisitos específicos, mas todas devem seguir os princípios de liberdade de vontade, clareza e formalidade legal. Um advogado pode orientar sobre qual dessas formas é a mais adequada para cada situação.
O que é preciso para um testamento ser válido?
Para que um testamento seja considerado válido no Brasil, é necessário que ele cumpra regras formais e legais que garantem sua autenticidade e segurança jurídica.
Não basta apenas escrever um texto com suas vontades. Ele precisa estar de acordo com os requisitos estabelecidos no Código Civil.
Em primeiro lugar, o testador precisa estar em plena capacidade mental. Isso significa que ele deve compreender o que está fazendo e tomar suas decisões de forma livre, sem estar sendo pressionado, ameaçado ou induzido por ninguém.
Caso haja qualquer suspeita de coação ou incapacidade, o testamento pode ser anulado judicialmente.
Além disso, é indispensável que o testamento esteja datado, assinado pelo testador e pelas testemunhas exigidas, conforme o tipo de testamento escolhido.
Em testamentos públicos e cerrados, o documento é lavrado por um tabelião, com a presença de duas testemunhas. Já no testamento particular, o testador redige o conteúdo e lê em voz alta para três testemunhas, que também devem assinar.
Outro ponto essencial: o testamento deve respeitar os direitos dos herdeiros necessários, ou seja, a parte legítima de 50% do patrimônio. O testador pode dispor apenas da parte disponível — o restante deve seguir o que determina a lei.
Por fim, embora não seja obrigatório, é recomendável fazer o testamento com acompanhamento de um advogado, garantindo que o documento seja bem elaborado e imune a questionamentos futuros.
Quem faz testamento pode deixar bens para quem quiser?
Quem faz testamento pode, sim, deixar parte dos seus bens para quem quiser, mas essa liberdade tem um limite legal. A legislação brasileira determina que 50% do patrimônio de uma pessoa com herdeiros necessários — como filhos, pais e cônjuges — deve obrigatoriamente ser reservado a eles.
Essa porção é chamada de legítima, e o testador não pode dispor dela livremente.
A outra metade do patrimônio, no entanto, é chamada de parte disponível. Essa sim pode ser destinada conforme a vontade do testador.
É possível deixar essa parte para amigos, instituições de caridade, ONGs, empregados, pessoas próximas, ou até mesmo criar cláusulas que beneficiem animais de estimação (com nomeação de um tutor responsável).
Agora, quando o testador não tem herdeiros necessários, ele pode dispor de 100% do seu patrimônio da forma que desejar, sem restrições legais.
Mesmo assim, é importante que o documento seja bem estruturado para evitar problemas e disputas entre os beneficiários indicados.
E vale reforçar: deixar um testamento claro e bem escrito evita conflitos e contestação judicial, especialmente quando há herdeiros insatisfeitos. A melhor forma de garantir isso é buscar orientação jurídica durante a elaboração do documento.
Quanto custa fazer um testamento em vida?
O valor de um testamento vital (em vida) pode variar de estado pra estado, e de cartório pra cartório.
Mas pra você ter uma ideia, em São José dos Campos/SP, uma escritura declaratória com conteúdo vital custa cerca de R$ 600.
Em São Paulo capital, o testamento público gira em torno de R$ 2.200, já com impostos. No Rio de Janeiro, pode sair por R$ 500.
Já se for um testamento particular, escrito em casa, o custo pode ser zero — mas você corre o risco de ele ser invalidado depois. Então, o barato pode sair caro, literalmente.
Se você optar por fazer uma doação em vida (o que também é comum no planejamento sucessório), precisa considerar o pagamento de ITCMD (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação), além de custas cartorárias e, muitas vezes, honorários advocatícios.
Ou seja, o custo varia conforme o caminho que você escolher e o volume do patrimônio envolvido. Mas planejar sai sempre mais barato do que brigar na Justiça depois.
O que é melhor: testamento ou doação em vida?
A resposta para essa pergunta depende do objetivo de quem está planejando a transmissão dos bens. Tanto o testamento quanto a doação em vida são formas válidas e eficazes de planejar a sucessão, mas cada uma tem suas vantagens e desvantagens.
O testamento é ideal para quem deseja manter o controle dos seus bens até o fim da vida, já que os bens só serão transferidos após a morte. Ele também permite modificações ao longo do tempo, caso o testador mude de ideia.
E mais: o testamento pode conter cláusulas que protegem o patrimônio do beneficiário, como incomunicabilidade e impenhorabilidade.
Já a doação em vida é uma boa escolha para quem quer resolver tudo enquanto ainda está aqui. Ao doar os bens em vida, o doador antecipa a transferência da propriedade, evitando o processo de inventário.
Mas, nesse caso, há incidência imediata de impostos e taxas, como o ITCMD e os custos de registro.
O problema é que, uma vez feita, a doação não pode ser desfeita, salvo em raras exceções. Portanto, o doador perde o controle sobre aquele bem e não pode mais modificá-lo.
Por isso, não existe uma resposta única. A melhor estratégia pode ser uma combinação dos dois instrumentos, conforme a situação patrimonial, familiar e emocional da pessoa.
E para fazer essa escolha com segurança, é essencial contar com apoio jurídico especializado, que vai orientar sobre os impactos de cada decisão.
Qual o primeiro passo para se fazer um testamento?
O primeiro passo para fazer um testamento é refletir sobre o que você deseja que aconteça com seus bens e sua vontade após sua morte.
Pode parecer simples, mas essa etapa exige clareza e consciência do seu patrimônio e da sua estrutura familiar. Pensar com calma sobre quem você quer beneficiar é o início de tudo.
Depois disso, o ideal é consultar um advogado, que vai explicar as opções disponíveis e indicar qual o tipo de testamento mais adequado para o seu caso. Com essa orientação, você evita erros que podem invalidar o documento.
Com a decisão tomada, você deve reunir os documentos pessoais (RG, CPF, certidão de estado civil) e, dependendo da forma escolhida, comparecer ao cartório com as testemunhas exigidas.
No caso do testamento público, o tabelião lavra o documento na hora. Já no testamento cerrado, você leva o texto pronto para ser aprovado e lacrado. E se for testamento particular, basta escrever e ler na presença das três testemunhas.
Se a pessoa não puder se deslocar até o cartório, é possível solicitar atendimento domiciliar, com custo adicional. Ou seja, não há desculpa para deixar o testamento pra depois.
Com orientação correta, o processo é simples, rápido e garante paz para o futuro.
Um recado final para você!
Sabemos que o tema “testamento” pode levantar muitas dúvidas e que cada situação é única, demandando uma análise específica de acordo com as circunstâncias de cada caso.
Se você tiver alguma questão ou quiser saber mais sobre o assunto, recomendamos a consulta com um advogado especialista.
O suporte jurídico adequado é fundamental para que decisões sejam tomadas de forma consciente e segura.
Artigo de caráter meramente informativo elaborado por profissionais do escritório Valença, Lopes e Vasconcelos Advocacia.
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