Fiz um Pix errado: como recuperar o dinheiro perdido?
Fez um Pix errado? Veja o que fazer, se é possível cancelar, como pedir devolução e quando o não reembolso vira crime.
Fez um Pix errado e agora está desesperado para recuperar o dinheiro? Calma, você não está sozinho!
Todos os dias, milhares de brasileiros passam por esse tipo de situação, seja por engano, golpe ou erro de digitação.
A cena é mais comum do que você imagina: na pressa do dia a dia, você abre o aplicativo do banco, seleciona a opção “Pix”, digita a chave, coloca o valor, confirma… e pronto! Dinheiro enviado. Mas aí, poucos segundos depois, vem o susto: você enviou o Pix para a pessoa errada.
Como o Pix é um sistema de pagamento instantâneo, ele não permite cancelamento automático, o que gera dúvidas e muita frustração.
Se isso aconteceu com você, calma! Neste artigo, eu vou te explicar o que é o Pix, como ele funciona, o que fazer se você errou no envio, se dá para cancelar, se a pessoa que recebeu é obrigada a devolver, quando isso pode virar crime e, claro, como agir se você caiu em um golpe.
Evite prejuízos e entenda como agir da forma certa.
Sabemos que questões jurídicas podem gerar dúvidas, e entender seus direitos é essencial para tomar decisões informadas. Em caso de dúvidas sobre o assunto, entre em contato: clique aqui!
Desse modo, pensando em te ajudar, preparamos este artigo no qual você aprenderá:
- O que é Pix e como funciona?
- Fiz um Pix errado: o que devo fazer?
- É possível cancelar um Pix depois de feito?
- Como recuperar o dinheiro de um Pix errado?
- Sou obrigado a devolver um Pix errado?
- Receber um Pix errado e não devolver é crime?
- Como pedir o estorno de um Pix em caso de golpe ou fraude?
- Um recado final para você!
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O que é Pix e como funciona?
O Pix é um meio de pagamento instantâneo criado pelo Banco Central do Brasil.
Ele foi pensado para facilitar a vida de quem quer transferir ou receber dinheiro de forma rápida, prática e gratuita.
Você pode fazer um Pix a qualquer hora do dia, todos os dias da semana — incluindo sábados, domingos e feriados — e o valor cai em segundos na conta de quem vai receber.
Para isso, você usa uma chave Pix, que pode ser o CPF, CNPJ, e-mail, número de celular ou uma chave aleatória. Também dá pra fazer pagamentos usando QR Code ou informando os dados bancários diretamente.
O processo é simples: digita-se o valor, confirma-se os dados e o dinheiro é transferido. Tudo em questão de segundos.
E é justamente aí que mora o problema: a rapidez do Pix é sua maior vantagem… e também um risco.
Se você digitar algo errado, confirmar sem perceber ou cair em um golpe, o dinheiro sai da sua conta e vai para outra, sem possibilidade de cancelamento imediato. E a dor de cabeça começa.
Fiz um Pix errado: o que devo fazer?
Se você percebeu que fez um Pix errado — seja para o destinatário errado, com o valor incorreto ou usando uma chave equivocada — a primeira coisa a fazer é manter a calma.
O desespero é natural, mas pode atrapalhar. O sistema não permite o cancelamento automático, mas você ainda tem caminhos possíveis para tentar recuperar o valor.
O primeiro passo é verificar quem recebeu o Pix. Se for alguém conhecido (como um contato salvo), tente entrar em contato imediatamente e explicar o ocorrido.
Muitas pessoas, ao perceberem o erro, fazem a devolução espontaneamente, usando o próprio botão “Devolver” que aparece no app do banco.
Agora, se você não conhece a pessoa ou ela não responde, o ideal é entrar em contato com o seu banco imediatamente. A instituição pode tentar intermediar o contato com o banco do recebedor, solicitando que o valor seja devolvido.
Mas aqui vai um ponto importante: a devolução nesse caso depende da boa-fé de quem recebeu o Pix. Se ele se recusar, o banco não pode forçar o estorno.
Nesses casos, você pode registrar um boletim de ocorrência e buscar a devolução pela via judicial.
E aí entra a importância de contar com um advogado, que pode orientar você sobre a melhor estratégia para recuperar o dinheiro, inclusive com pedido de liminar para bloqueio da quantia.
É possível cancelar um Pix depois de feito?
Infelizmente, não. Essa é uma das dúvidas mais frequentes e também uma das maiores frustrações de quem comete um erro.
Por ser um sistema de pagamento instantâneo e irrevogável, o Pix não pode ser cancelado depois que é concluído. Isso vale tanto para transferências entre contas de pessoas físicas quanto jurídicas.
Diferente do cartão de crédito, que permite o estorno de compras, ou da TED/DOC, que pode ser agendada ou cancelada antes da compensação, o Pix é como entregar o dinheiro na mão da outra pessoa: uma vez feito, já era.
É claro que há exceções: se a transação tiver sido feita em ambiente de fraude, ou se houve falha operacional (como duplicidade), é possível acionar o Mecanismo Especial de Devolução (MED).
Esse recurso, criado pelo Banco Central, permite que o banco do recebedor bloqueie os valores temporariamente e, após análise, faça a devolução para o remetente.
Mas atenção: o MED não pode ser usado em casos de erro do remetente, como quando você digitou a chave errada. Nesses casos, só resta mesmo a negociação direta ou ação judicial, se for necessário.
Como recuperar o dinheiro de um Pix errado?
Se você errou e quer saber como recuperar o valor, o caminho depende da situação.
Quando o erro é simples — como enviar para a pessoa errada, mas que você conhece — a solução mais rápida e eficaz é entrar em contato e pedir a devolução. A maioria dos aplicativos tem um botão específico para isso.
Se o recebedor não for conhecido e não houver retorno, seu banco pode tentar intermediar o contato com a outra instituição financeira.
Mas se mesmo assim a devolução não acontecer, será necessário agir por vias legais. E, dependendo do valor, vale sim buscar apoio jurídico para recuperar o que é seu por direito.
Agora, se você foi vítima de golpe, a estratégia muda. Você precisa acionar o banco imediatamente e pedir o uso do Mecanismo Especial de Devolução (MED).
Em até 7 dias úteis, o banco faz uma análise e, se confirmar indícios de fraude, pode devolver o valor em até 96 horas.
Mas é fundamental também registrar um boletim de ocorrência e, se necessário, acionar a Justiça com provas do golpe através de um advogado.
Sou obrigado a devolver um Pix errado?
Sim, se você recebeu um Pix por engano, tem a obrigação de devolver o valor, mesmo que o erro tenha sido de quem enviou.
Isso está previsto no Código Civil e na boa-fé objetiva que rege as relações jurídicas. O valor que entrou por engano não pertence a você, e ficar com ele pode gerar consequências legais.
A forma mais segura de devolver é através da função “Devolver” do próprio Pix, presente nos aplicativos bancários. Assim, você evita qualquer risco de erro ou golpe reverso.
Não é recomendável fazer uma nova transferência manualmente, pois isso pode confundir os registros ou levar a mais prejuízos.
É importante saber que reter valores recebidos indevidamente, mesmo que por um descuido de outra pessoa, pode ser caracterizado como enriquecimento sem causa, o que é passível de cobrança judicial.
E se você deliberadamente se negar a devolver, a situação pode se agravar ainda mais. Por isso, ter um advogado especializado ao seu lado nessa situação é essencial.
Receber um Pix errado e não devolver é crime?
Sim, dependendo da situação, não devolver um Pix recebido por engano pode configurar crime de apropriação indébita, previsto no art. 168 do Código Penal Brasileiro.
Esse crime ocorre quando alguém se apropria de um bem que recebeu, mesmo sabendo que não é seu.
A pena para esse crime varia de 1 a 4 anos de prisão, além de multa. Isso significa que, se você recebeu um valor que não te pertence e decide não devolver, pode acabar respondendo criminalmente por isso.
Além da esfera criminal, há ainda as consequências cíveis. A pessoa prejudicada pode entrar com uma ação na Justiça pedindo a devolução do valor, correção monetária, juros e até indenização por danos morais, dependendo do caso.
Ou seja, não vale a pena manter um dinheiro que entrou na sua conta por engano — o risco é muito maior do que o benefício.
Como pedir o estorno de um Pix em caso de golpe ou fraude?
Se você foi vítima de um golpe e quer recuperar o valor transferido por Pix, o caminho é acionar o Mecanismo Especial de Devolução (MED).
Esse é um recurso oficial, criado pelo Banco Central, que permite bloquear e estornar valores quando há indícios claros de fraude.
Você deve entrar em contato com seu banco, relatar o ocorrido e solicitar a ativação do MED. O banco tem até 7 dias úteis para analisar o caso.
Se for constatado que houve golpe, os valores são bloqueados na conta do golpista e devolvidos para você em até 96 horas.
Mas atenção: o MED só funciona se o golpista ainda tiver saldo disponível na conta.
Também é importante registrar um boletim de ocorrência, reunir todas as provas (como prints, mensagens, dados da transação) e buscar orientação jurídica.
Muitas vezes, mesmo que o banco se negue a estornar, é possível conseguir a devolução por meio de uma ação judicial, principalmente quando há provas claras da fraude.
Um recado final para você!
Sabemos que o tema “Pix errado” pode levantar muitas dúvidas e que cada situação é única, demandando uma análise específica de acordo com as circunstâncias de cada caso.
Se você tiver alguma questão ou quiser saber mais sobre o assunto, recomendamos a consulta com um advogado especialista.
O suporte jurídico adequado é fundamental para que decisões sejam tomadas de forma consciente e segura.
Artigo de caráter meramente informativo elaborado por profissionais do escritório Valença, Lopes e Vasconcelos Advocacia.
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