Violência contra Terreiros: As conseguências da intolerância!

A violência contra terreiros aumentou 80% em 2023, com mais de 4.380 denúncias, refletindo a intolerância religiosa e o racismo no Brasil. Entenda!

Violência contra Terreiros: As conseguências da intolerância!

Violência contra Terreiros: As conseguências da intolerância!

A violência e intolerância religiosa contra terreiros de religiões de matriz africana, como o candomblé e a umbanda, tem sido um problema crescente e alarmante no Brasil.

Esses atos de discriminação, muitas vezes associados ao racismo religioso, afetam comunidades que buscam exercer suas crenças e tradições em um país que, teoricamente, garante a liberdade religiosa em sua Constituição.

Este artigo busca explorar os aspectos jurídicos, históricos e sociais da violência contra terreiros no Brasil, oferecendo uma análise profunda para advogados, pesquisadores e interessados no tema.

Sabemos que questões jurídicas podem gerar dúvidas, e entender seus direitos é essencial para tomar decisões informadas. Em caso de dúvidas sobre o assunto, entre em contato: https://forms.gle/GmG5qjiVa2tpoejf7

O Conceito de Intolerância Religiosa e Seus Reflexos Jurídicos

Intolerância religiosa pode ser definida como qualquer forma de preconceito, discriminação ou violência praticada contra uma pessoa ou grupo por motivos relacionados à sua crença ou prática religiosa.

No Brasil, esse fenômeno tem atingido de maneira desproporcional as religiões de matriz africana.

Apesar da laicidade do Estado, o preconceito e a desinformação sobre essas práticas religiosas são alimentados por uma cultura de exclusão racial e social.

A Proteção Constitucional

A Constituição Federal de 1988 garante a liberdade religiosa em seu artigo 5º, inciso VI, assegurando que “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”.

No entanto, mesmo com essa garantia constitucional, os terreiros continuam a ser alvos de perseguições e ataques​.

Racismo Religioso: A Interseção Entre Intolerância e Racismo

É importante entender que a violência contra terreiros de candomblé e umbanda não é apenas uma questão de intolerância religiosa, mas também uma expressão de racismo.

O termo “racismo religioso” vem sendo amplamente utilizado para descrever a discriminação específica contra religiões de matriz africana, já que essas crenças estão diretamente ligadas à população negra no Brasil​.

A Ascensão do Racismo Religioso no Brasil

Nos últimos anos, o Brasil tem assistido a um aumento expressivo nos casos de intolerância contra religiões de matriz africana.

Segundo dados do Disque 100, entre 2021 e 2022, houve um aumento de 106% nas denúncias de intolerância religiosa, sendo que a maior parte dos casos foi relacionada a ataques contra terreiros.

Apenas nos primeiros 20 dias de 2023, 58 ocorrências já haviam sido registradas​.

Racismo Religioso: A Interseção Entre Intolerância e Racismo

Racismo Religioso: A Interseção Entre Intolerância e Racismo

O gráfico acima ilustra o aumento significativo no número de denúncias de intolerância religiosa no Brasil entre 2020 e 2023.

Observa-se um crescimento constante, com um salto acentuado a partir de 2021.

Em 2020, foram registradas 583 denúncias, enquanto em 2023 esse número alcançou 4.380, refletindo um aumento de quase 650% no período.

Esse crescimento destaca a intensificação dos casos de intolerância, especialmente contra religiões de matriz africana, e a maior disposição das vítimas em denunciar, fruto de campanhas de conscientização e maior visibilidade do tema.

Histórico de Perseguição às Religiões de Matriz Africana

As religiões de matriz africana, como o candomblé e a umbanda, têm uma longa história de perseguição no Brasil.

Desde o período colonial, essas práticas religiosas foram marginalizadas e associadas a práticas “inferiores” ou “demoníacas”.

A criminalização e repressão dessas religiões foram intensificadas durante o regime escravocrata e continuaram após a abolição.

Casos Recorrentes de Violência

Um dos casos mais emblemáticos de racismo religioso foi o ataque ao terreiro de Mãe Gilda, em Salvador, que resultou na sua morte após anos de perseguição.

Esse evento levou à criação do Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, em 21 de janeiro, pela Lei Federal nº 11.635/2007​.

Outro exemplo recente ocorreu no Paraná, onde diversos terreiros foram atacados.

Em um dos casos, um grupo destruiu uma casa espiritual, causando danos materiais e psicológicos aos seus frequentadores​.

Esses atos de violência refletem um padrão que persiste ao longo do tempo e afeta principalmente as comunidades vulneráveis.

Ações Legais e Mecanismos de Denúncia

O Brasil oferece alguns mecanismos legais para enfrentar a intolerância religiosa, mas a aplicação e o cumprimento das leis ainda estão aquém do necessário para proteger efetivamente os terreiros.

O Disque 100, canal de denúncias de violações de direitos humanos, é uma das principais ferramentas para relatar casos de intolerância.

No entanto, conforme apontado por especialistas, muitas dessas denúncias não resultam em investigações ou punições efetivas​.

A Responsabilidade do Estado

A Constituição garante a liberdade religiosa, mas cabe ao Estado a responsabilidade de proteger essas liberdades.

O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania criou recentemente a Coordenação de Promoção da Liberdade Religiosa para enfrentar o racismo religioso e a discriminação contra povos de terreiros​.

Essas ações, embora importantes, precisam de mais comprometimento para gerar mudanças reais no tratamento dado a essas comunidades.

O Papel das Políticas Públicas e da Educação

A intolerância religiosa não pode ser combatida apenas com ações repressivas e punitivas.

É fundamental que o Brasil adote políticas públicas que promovam o respeito à diversidade religiosa desde a base, por meio da educação e de campanhas de conscientização.

A laicidade do Estado deve ser reafirmada, não apenas no discurso, mas também na prática, com a inclusão da história e das contribuições das religiões de matriz africana nos currículos escolares.

Iniciativas de Proteção e Conscientização

Algumas iniciativas positivas incluem o trabalho da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) e de organizações da sociedade civil, como a Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (Renafro), que têm se empenhado em denunciar e mapear casos de racismo religioso​.

A criação de espaços de diálogo entre diferentes religiões também é crucial para a construção de uma sociedade mais tolerante e inclusiva.

Desafios e Soluções: Como Proteger os Terreiros

A proteção dos terreiros e a promoção da liberdade religiosa exigem um esforço coordenado entre o Estado, a sociedade civil e as próprias comunidades religiosas.

Além de fortalecer os mecanismos legais e educacionais, é importante desenvolver políticas de proteção específicas para os terreiros, que muitas vezes estão localizados em áreas periféricas e vulneráveis a ataques.

Segurança Jurídica e Amparo Legal

No âmbito jurídico, advogados que atuam na defesa dos terreiros devem estar preparados para usar todas as ferramentas disponíveis, incluindo ações civis públicas, processos criminais e a utilização de tratados internacionais de direitos humanos.

O Sistema Interamericano de Direitos Humanos pode ser uma instância importante para pressionar o Brasil a cumprir suas obrigações em relação à proteção da liberdade religiosa.

O Papel da Advocacia na Defesa das Religiões de Matriz Africana

A advocacia desempenha um papel central na proteção das liberdades fundamentais, incluindo a liberdade de crença.

Advogados que atuam nessa área devem estar preparados para lidar com questões sensíveis e complexas que envolvem não apenas a legislação nacional, mas também os aspectos culturais e históricos que permeiam a prática das religiões de matriz africana no Brasil.

Litigância Estratégica

Uma estratégia jurídica eficaz inclui a litigância estratégica, que visa não apenas a resolução de casos individuais, mas também a mudança de políticas públicas e a criação de precedentes judiciais que protejam de forma mais ampla as religiões de matriz africana.

É necessário, ainda, a formação de uma rede de apoio jurídico que ofereça suporte gratuito ou a baixo custo para os terreiros e suas lideranças.

Conclusão

O Brasil tem um longo caminho a percorrer para garantir a plena liberdade religiosa para todos os seus cidadãos, especialmente para as comunidades de matriz africana.

A violência e a intolerância contra os terreiros são sintomas de um problema mais profundo, relacionado ao racismo estrutural e à falta de educação sobre a diversidade religiosa.

A luta contra a intolerância religiosa exige não apenas medidas legais, mas também uma transformação cultural que valorize e respeite todas as formas de expressão religiosa.

É responsabilidade de todos – Estado, sociedade civil e indivíduos – trabalhar para que o Brasil se torne verdadeiramente um país onde a liberdade religiosa seja uma realidade para todos.

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O suporte jurídico adequado é fundamental para que decisões sejam tomadas de forma consciente e segura.

VLV Advogados: Protegendo Seus Direitos, Garantindo Recomeços.

Artigo meramente informativo escrito por especialistas do escritório Valença, Lopes e Vasconcelos Advocacia | Direito Civil | Direito de Família | Direito Criminal | Direito Previdenciário | Direito Trabalhista

Autor

  • Dr. João Valença

    •Advogado (43370 OAB) especialista em diversas áreas do Direito e Co-fundador do escritório VLV Advogados, empresa referência há mais de 10 anos no atendimento humanizado e mais de 5 mil cidades atendidas em todo o Brasil.

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