Distrofia muscular dá direito ao BPC LOAS? Como pedir?
A distrofia muscular pode comprometer a força e a mobilidade, tornando a vida diária um desafio constante. Em alguns casos, essa condição dá direito ao BPC LOAS.
Quando você ou alguém da sua família recebe um diagnóstico de distrofia muscular, a vida muda de maneira profunda.
Essa é uma condição genética e progressiva, que vai, pouco a pouco, reduzindo a força muscular e a autonomia para atividades simples do dia a dia.
Diante dessa realidade, uma das perguntas mais comuns é: quem tem distrofia muscular pode ter direito ao BPC-LOAS, o Benefício de Prestação Continuada?
A resposta é sim, é possível. Mas, para que isso aconteça, é preciso entender como a lei funciona, quais documentos são exigidos, como se dá a avaliação do INSS e o que você pode fazer em caso de negativa.
Ao longo deste artigo, você vai encontrar explicações claras e detalhadas para cada uma dessas etapas, de forma que saiba exatamente o que esperar e como agir.
Sabemos que questões jurídicas podem gerar dúvidas, e entender seus direitos é essencial para tomar decisões informadas. Em caso de dúvidas sobre o assunto, entre em contato aqui!
Desse modo, pensando em te ajudar, preparamos este artigo no qual você aprenderá:
- O que é a distrofia muscular?
- Quem tem distrofia muscular é considerado PcD?
- A distrofia muscular dá direito ao BPC LOAS?
- Como solicitar o BPC LOAS por distrofia muscular?
- Como comprovar a distrofia muscular para o BPC LOAS?
- O que fazer se o BPC LOAS por distrofia muscular for negado?
- Preciso de advogado para pedir BPC LOAS por distrofia muscular?
- Um recado final para você!
- Autor
O que é a distrofia muscular?
A distrofia muscular não é uma única doença, mas sim um grupo de condições genéticas que têm em comum a degeneração progressiva dos músculos.
Isso significa que, ao longo do tempo, as fibras musculares vão se enfraquecendo e se degenerando, o que compromete funções essenciais, como andar, levantar os braços, engolir e até respirar em alguns casos.
Entre os tipos mais conhecidos estão:
→ Distrofia muscular de Duchenne (DMD): uma das formas mais graves e precoces, geralmente diagnosticada na infância, quase sempre em meninos. É marcada pela falta da proteína distrofina, que mantém a integridade das fibras musculares.
→ Distrofia de Becker: semelhante à de Duchenne, mas com evolução mais lenta e início um pouco mais tardio.
→ Distrofia fáscio-escápulo-umeral (FSHD): costuma afetar primeiramente músculos do rosto, ombros e braços.
→ Distrofia de cinturas: compromete especialmente a musculatura da cintura pélvica e escapular, causando dificuldade para subir escadas, levantar-se ou carregar peso.
→ Distrofia miotônica (de Steinert): além da fraqueza, traz rigidez muscular e pode afetar outros órgãos, como coração e sistema nervoso.
Apesar das diferenças, todas compartilham um ponto em comum: são doenças progressivas e de longo prazo, que limitam cada vez mais a autonomia. E é justamente isso que leva ao enquadramento legal como deficiência.
Quem tem distrofia muscular é considerado PcD?
A pessoa diagnosticada com distrofia muscular é considerada Pessoa com Deficiência (PcD), porque a lei entende que impedimentos de longo prazo que afetam a participação plena e efetiva na sociedade caracterizam deficiência.
A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, estabelece que a deficiência pode ser física, mental, intelectual ou sensorial, desde que limite de forma permanente a vida do indivíduo.
A distrofia muscular é um exemplo claro de impedimento físico de longo prazo. Com o avanço da doença, as limitações aumentam e tornam a pessoa dependente para atividades do dia a dia, o que compromete sua autonomia.
Esse enquadramento como PcD não é apenas uma classificação, mas também a porta de entrada para políticas públicas, benefícios sociais e medidas de inclusão.
Além disso, o reconhecimento como PcD não é apenas simbólico: ele é essencial para abrir portas a direitos e benefícios sociais, como o acesso ao BPC LOAS.
A distrofia muscular dá direito ao BPC LOAS?
A condição de distrofia muscular dá direito ao BPC LOAS, desde que sejam cumpridos os requisitos legais de renda e deficiência.
Esse benefício garante o pagamento mensal de um salário mínimo para pessoas em duas situações:
1. Idosos com 65 anos ou mais;
2. Pessoas com deficiência, de qualquer idade, que comprovem impedimentos de longo prazo e baixa renda.
No caso da distrofia muscular, a condição é considerada deficiência porque é uma doença crônica, progressiva e incapacitante. Assim, desde que os outros requisitos sejam atendidos, existe o direito ao benefício.
Os requisitos principais são:
→ Deficiência de longo prazo: a distrofia muscular, por si só, já cumpre esse critério, pois compromete a capacidade funcional e a vida independente.
→ Baixa renda familiar: a renda por pessoa do grupo familiar deve ser igual ou inferior a ¼ do salário mínimo (R$ 379,50 por pessoa em 2025)
→ Inscrição no CadÚnico: o Cadastro Único para Programas Sociais deve estar atualizado, pois é através dele que o INSS verifica a situação da família.
Assim, se você ou alguém próximo tem distrofia muscular e vive em situação de vulnerabilidade econômica, o BPC LOAS é um direito possível.
Como solicitar o BPC LOAS por distrofia muscular?
O pedido do BPC pode ser feito de forma gratuita e direta, sem necessidade inicial de advogado, pelo aplicativo ou site Meu INSS. Veja como funciona o processo:
→ Organização dos documentos
Antes de tudo, é essencial reunir: RG, CPF, comprovante de residência, documentos de todos os membros da família, comprovantes de renda e laudos médicos completos sobre a distrofia muscular.
→ Cadastro no CadÚnico
Se ainda não estiver inscrito, é preciso comparecer ao CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) da sua cidade e realizar o cadastro. Se já tiver, é importante garantir que os dados estejam atualizados.
→ Pedido no Meu INSS
Com os documentos em mãos, você acessa o aplicativo ou site do Meu INSS, faz login com CPF e senha do GOV.BR e seleciona:
→ “Agendamentos/Solicitações” → “Novo Requerimento” → “Benefício Assistencial à Pessoa com Deficiência”.
→ Perícia médica e avaliação social
O INSS vai agendar uma perícia médica para avaliar os laudos e exames apresentados, além de uma avaliação social, feita por assistente social, para entender como a doença impacta na sua vida e na dinâmica familiar.
→ Acompanhamento do processo
O andamento pode ser acompanhado no próprio Meu INSS. O prazo médio de análise varia, mas pode chegar a 90 dias.
Como comprovar a distrofia muscular para o BPC LOAS?
A parte mais importante do pedido é a comprovação da deficiência. E aqui vale reforçar: não basta apenas apresentar o diagnóstico médico. É necessário demonstrar como a distrofia muscular afeta a sua capacidade funcional e a vida diária.
Documentos médicos
→ Laudo de neurologista ou geneticista com o diagnóstico (incluindo o CID-10 da doença).
→ Relatório detalhando a evolução da distrofia, as limitações já instaladas e a previsão de progressão.
→ Exames como eletromiografia, dosagem de creatina quinase, biópsia muscular ou testes genéticos, se disponíveis.
Relatórios complementares
→ Documentos de fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais ou fonoaudiólogos que mostrem as dificuldades em atividades como andar, comer, falar ou se cuidar sozinho.
→ Declarações de escolas, se a criança ou adolescente estiver em idade escolar, mostrando impacto no aprendizado e nas atividades educacionais.
Situação social e econômica
→ Comprovantes de renda da família, extratos bancários e comprovantes de gastos essenciais (como medicação, fraldas, equipamentos de saúde).
→ Cadastro atualizado no CadÚnico.
Em resumo, quanto mais detalhado e completo for o conjunto de documentos, maiores as chances de concessão.
O que fazer se o BPC LOAS por distrofia muscular for negado?
Quando o pedido de BPC-LOAS por distrofia muscular é negado, a primeira atitude deve ser verificar o motivo do indeferimento.
Muitas vezes, o problema está em documentação incompleta, em laudos pouco detalhados ou em erros na análise de renda familiar.
Se isso acontecer com você, não se desespere: existem caminhos de recurso.
→ Recurso administrativo
Você tem até 30 dias para recorrer da decisão. O recurso pode ser feito diretamente pelo Meu INSS, anexando novos laudos e documentos. É uma segunda chance de análise, que pode corrigir erros da primeira avaliação.
→ Ação judicial
Se mesmo no recurso administrativo o benefício for negado, você pode ingressar com uma ação na Justiça Federal.
Nesse caso, o juiz pode determinar uma nova perícia médica e social, mais detalhada e muitas vezes mais justa do que a realizada pelo INSS.
Aqui, o apoio jurídico costuma ser determinante, porque a Justiça exige conhecimento técnico e apresentação correta de provas.
Assim, mesmo que o pedido inicial seja indeferido, ainda existem meios eficazes para conquistar o benefício.
Preciso de advogado para pedir BPC LOAS por distrofia muscular?
O pedido inicial do BPC LOAS por distrofia muscular pode ser feito sem advogado, já que o processo é administrativo e o sistema do INSS permite que qualquer pessoa protocole a solicitação.
No entanto, a prática mostra que a presença de um advogado pode trazer segurança e reduzir as chances de erros que resultem em negativa.
O advogado previdenciário sabe quais documentos são indispensáveis, orienta sobre laudos médicos mais adequados e organiza a prova da renda familiar.
Além disso, quando o pedido é negado, seja em fase administrativa ou em recurso, o papel do advogado se torna ainda mais importante.
Na esfera judicial, por exemplo, a atuação profissional é obrigatória.
Portanto, ainda que não seja uma exigência legal para a solicitação inicial, ter o apoio jurídico desde o começo pode facilitar o processo, evitar retrabalho e aumentar significativamente as chances de aprovação do benefício.
Se não for possível contratar um advogado, o cidadão ainda pode recorrer à Defensoria Pública, que oferece assistência gratuita em muitos casos.
Um recado final para você!
Sabemos que o tema pode levantar muitas dúvidas e que cada situação é única, demandando uma análise específica de acordo com as circunstâncias de cada caso.
Se você tiver alguma questão ou quiser saber mais sobre o assunto, recomendamos a consulta com um advogado especialista.
O suporte jurídico adequado é fundamental para que decisões sejam tomadas de forma consciente e segura. Saiba como garantir o melhor apoio para suas decisões.
Artigo de caráter meramente informativo elaborado por profissionais do escritório Valença, Lopes e Vasconcelos Advocacia.
Direito Civil | Direito de Família | Direito Criminal | Direito Previdenciário | Direito Trabalhista | Direito Bancário