Trabalho sem carteira assinada, o que posso fazer?

Você trabalha todos os dias, cumpre horário, tem responsabilidades… mas não tem a carteira assinada? Saiba quais são seus direitos e o que pode fazer para se proteger.

Imagem representando trabalho sem carteira assinada.

Trabalho sem carteira assinada, o que posso fazer?

Trabalhar sem carteira assinada ainda é uma realidade para milhares de brasileiros.

Apesar de comum, essa situação pode gerar diversas dúvidas sobre direitos trabalhistas, verbas rescisórias e até benefícios previdenciários.

A legislação brasileira protege o trabalhador, mesmo quando o empregador não cumpre a obrigação de registrar o vínculo formal.

Conhecer seus direitos é o primeiro passo para não abrir mão do que é seu.

Neste artigo, você vai entender o que pode exigir, como reunir provas e quais caminhos seguir para proteger seus direitos.

Sabemos que questões jurídicas podem gerar dúvidas, e entender seus direitos é essencial para tomar decisões informadas. Em caso de dúvidas sobre o assunto, entre em contato: clique aqui!

Trabalhei anos sem carteira assinada, o que fazer?

Quem trabalhou por anos sem carteira assinada pode exigir o reconhecimento do vínculo empregatício e o pagamento das verbas correspondentes.

De acordo com o artigo 29 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o empregador tem obrigação de registrar a admissão do funcionário na CTPS desde o primeiro dia de trabalho.

O caminho para regularizar essa situação começa pela reunião de provas. Guarde comprovantes de pagamento, mensagens, e-mails e outros documentos que demonstrem a relação de emprego.

Testemunhas, como colegas ou clientes, também são fundamentais.

Com essas provas, é possível ingressar com uma reclamação trabalhista para pedir:

Ignorar a situação pode trazer consequências sérias. Além de perder verbas importantes, o tempo sem registro pode dificultar o acesso a benefícios previdenciários, como aposentadoria e auxílio-doença. Por isso, agir rapidamente é essencial.

Posso pedir a rescisão indireta por falta de carteira assinada?

A rescisão indireta é possível quando o empregador comete falta grave, e o não registro na CTPS se enquadra nessa hipótese.

O artigo 483 da CLT permite que o trabalhador encerre o contrato e receba todos os direitos de uma demissão sem justa causa quando o empregador descumpre obrigações legais.

Na prática, a Justiça do Trabalho tem reconhecido que a ausência de registro configura conduta suficiente para autorizar a rescisão indireta. Isso significa que você pode receber:

Importante destacar que, mesmo que o empregador regularize a carteira depois, o dano inicial já ocorreu.

A jurisprudência entende que o descumprimento no momento certo configura falta grave, mantendo o direito do trabalhador à rescisão indireta.

Se você está nessa situação, procure orientação jurídica rapidamente. Pedidos de rescisão mal instruídos podem ser rejeitados, prejudicando a obtenção das verbas rescisórias.

Quem trabalha sem carteira assinada tem direito a FGTS, férias e 13º salário?

Trabalhar sem registro não elimina os direitos trabalhistas. O artigo 7º da Constituição Federal assegura aos empregados benefícios mesmo quando o vínculo não é formalizado.

A Justiça aplica o princípio da primazia da realidade. Isso significa que, para reconhecer direitos, importa mais o que acontece na prática do que o que está registrado.

Se você exerce funções de empregado, com subordinação, pessoalidade, habitualidade e remuneração, a lei presume a existência de um contrato de trabalho.

Assim, ao comprovar o vínculo, você pode exigir todas as verbas rescisórias associadas à CLT.

Imagem explicativa sobre quem trabalha sem carteira assinada tem direito a FGTS, férias e 13º salário.

Quem trabalha sem carteira assinada tem direito a FGTS, férias e 13º salário?

Esses valores podem ser cobrados retroativamente, desde que respeitados os prazos legais.

Deixar para depois pode resultar em prescrição e perda definitiva desses direitos.

Como comprovar que trabalhei sem carteira assinada para receber meus direitos?

A comprovação do vínculo é fundamental para garantir os direitos trabalhistas. A Justiça aceita diversos meios de prova, já que a relação de emprego não precisa, obrigatoriamente, ser formalizada por contrato escrito.

Entre as principais provas, estão:

⇨ Comprovantes de pagamento: depósitos bancários, PIX, recibos;

⇨ Mensagens e e-mails que demonstrem ordens, tarefas ou comunicação de rotina;

⇨ Testemunhas: colegas de trabalho, fornecedores ou clientes que atestem sua presença;

⇨ Documentos internos: crachás, folhas de ponto, listas de presença, fotos e vídeos.

Cada prova ajuda a confirmar elementos essenciais, como horário, função, frequência e salário.

Quanto mais documentos e testemunhos você tiver, mais sólida será sua posição.

Além disso, muitas vezes, o próprio empregador é intimado a apresentar registros internos, como folhas de pagamento ou contratos.

Caso não apresente, a Justiça pode presumir que a versão do trabalhador é verdadeira.

Quanto tempo tenho para entrar na Justiça por trabalho sem carteira assinada?

Prazos para reivindicar seus direitos

 

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Prazo prescricional de 2 anos: após o término do vínculo, você tem até dois anos para ingressar com uma ação trabalhista.

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Limitação de 5 anos: ao entrar com a ação, é possível cobrar apenas valores referentes aos últimos cinco anos de trabalho.

Você tem dois anos após o término do contrato de trabalho para ingressar com ação trabalhista na Justiça do Trabalho visando o reconhecimento de vínculo empregatício.

Este prazo prescricional bienal começa a contar a partir do último dia de trabalho, independentemente de ter havido aviso prévio ou não, e é fundamental respeitá-lo.

Enquanto ainda estiver trabalhando para o mesmo empregador, pode cobrar direitos desde o início da relação laboral sem limitação temporal.

Existe também a prescrição quinquenal das verbas: mesmo ingressando dentro do prazo de dois anos, você só pode cobrar os direitos dos últimos cinco anos anteriores.

Por exemplo, se trabalhou oito anos sem carteira e ajuizou ação um ano após sair da empresa, poderá cobrar apenas os direitos dos últimos cinco anos de trabalho.

Para maximizar as chances de sucesso, é essencial reunir o máximo de provas da relação de emprego, como contratos informais.

Existem algumas situações especiais que podem afetar os prazos, como para menores de 18 anos, casos de fraude comprovada do empregador, trabalhadores rurais e domésticos.

Trabalhar sem carteira assinada prejudica meus direitos trabalhistas e previdenciários?

Trabalhar sem registro traz riscos para os dois tipos de proteção: trabalhista e previdenciária.

No âmbito trabalhista, você continua tendo direito a:

No entanto, para ter acesso a essas verbas, será preciso acionar a Justiça e comprovar o vínculo. Sem o registro, os pagamentos dificilmente são automáticos.

Já no campo previdenciário, os prejuízos podem ser maiores. Sem carteira assinada, o empregador geralmente deixa de recolher INSS, o que pode:

Nesses casos, além de exigir o vínculo na Justiça, também é possível regularizar as contribuições junto ao INSS.

Isso pode ser feito solicitando que os períodos reconhecidos judicialmente sejam incluídos no seu histórico previdenciário.

Preciso de um advogado para processar a empresa por falta de carteira assinada?

Embora a Justiça do Trabalho permita que você ingresse com uma ação sem advogado, conforme o artigo 791 da CLT, contar com orientação profissional aumenta muito as chances de sucesso.

Um advogado trabalhista pode:

Além disso, processos trabalhistas envolvem prazos curtos e regras técnicas que, se descumpridas, podem comprometer parte dos seus direitos.

A presença de um especialista garante segurança jurídica e evita erros que podem atrasar ou inviabilizar a ação.

Buscar orientação logo no início também pode facilitar acordos e soluções extrajudiciais, reduzindo tempo e custos.

Um recado final para você!

Imagem representando advogado.

Em caso de dúvidas, procure assistência jurídica especializada em seu caso!

Sabemos que o tema pode levantar muitas dúvidas e que cada situação é única, demandando uma análise específica de acordo com as circunstâncias de cada caso.

Se você tiver alguma questão ou quiser saber mais sobre o assunto, recomendamos a consulta com um advogado especialista: clique aqui!

O suporte jurídico adequado é fundamental para que decisões sejam tomadas de forma consciente e segura.

Artigo de caráter meramente informativo elaborado por profissionais do escritório Valença, Lopes e Vasconcelos Advocacia

Direito Civil | Direito de Família | Direito Criminal | Direito Previdenciário | Direito Trabalhista | Direito Bancário

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Autor

  • rafa menor

    •Advogada Especialista em Diversas áreas do Direito. Pós-graduada em Direitos Fundamentais e Justiça pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Possui formação em Liderança pela Conquer Business School. Atualmente é coordenadora da equipe jurídica do VLV Advogados.

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