Alegações finais no novo CPC: seu momento de defesa
As alegações finais são a última oportunidade para as partes reforçarem seus argumentos antes da decisão do juiz. Saiba como elas podem influenciar o processo!
Em qualquer processo judicial, as alegações finais são um momento de extrema importância. Afinal, elas representam a última oportunidade das partes envolvidas apresentarem suas argumentações e convencerem o juiz de suas posições.
As alegações finais acontecem após a fase de instrução, quando todas as provas já foram coletadas e analisadas. Em linguagem simples, é a “hora da defesa final” antes que o juiz tome sua decisão.
Por sua vez, este passo não só ajuda a reforçar os pontos já levantados durante o processo, mas também permite que advogados destaquem detalhes que podem ser decisivos para o veredito.
Com a implementação do Novo Código de Processo Civil (CPC), as regras para essa fase crucial sofreram alterações importantes.
Vamos explicar o que você precisa saber sobre as alegações finais no novo CPC. Entenda como essas mudanças podem afetar seu caso e como se preparar para aproveitar ao máximo essa oportunidade!
Sabemos que questões jurídicas podem gerar dúvidas, e entender seus direitos é essencial para tomar decisões informadas. Em caso de dúvidas sobre o assunto, entre em contato: https://forms.gle/GmG5qjiVa2tpoejf7.
Desse modo, pensando em te ajudar, preparamos este artigo no qual você aprenderá:
- O que são alegações finais no processo?
- Quais são os tipos de alegações finais?
- O que falar nas alegações finais?
- Quem deve apresentar primeiro as alegações finais?
- Qual é o prazo para alegações finais?
- O que vem depois das alegações finais do processo penal?
- O que acontece se o advogado não apresentar as alegações finais?
- Um recado final para você!
- Autor
O que são alegações finais no processo?
As alegações finais são uma etapa do processo judicial em que as partes têm a última chance de convencer o juiz antes da decisão final.
Elas funcionam como um resumo argumentativo em processos cíveis, trabalhistas, penais ou administrativos. Portanto, os advogados de defesa e acusação apresentam suas razões finais, destacando evidências e pontos chave do processo que apoiem seus argumentos.
Essa é uma fase estratégica, pois permite enfatizar a interpretação favorável das evidências apresentadas ao longo do processo.
No novo CPC, as alegações finais estão contidas no art. 364:
Art. 364. Finda a instrução, o juiz dará a palavra ao advogado do autor e do réu, bem como ao membro do Ministério Público, se for o caso de sua intervenção, sucessivamente, pelo prazo de 20 (vinte) minutos para cada um, prorrogável por 10 (dez) minutos, a critério do juiz.
Esse mecanismo permite que os advogados refutem argumentos contrários e reforcem por que o pedido ou a defesa deve ser aceito pelo tribunal.
Em um processo criminal, por exemplo, a acusação usará as alegações finais para reiterar como as evidências coletadas comprovam a culpa do réu.
Por outro lado, a defesa aproveitará este momento para questionar a credibilidade das provas da acusação, a fim de beneficiar o réu.
Assim, as alegações finais são cruciais para esculpir a narrativa que cada parte deseja que o juiz aceite ao elaborar sua decisão.
O novo Código de Processo Civil, ainda, determina que essas alegações podem ser apresentadas de duas formas, dependendo do tipo de processo: por memoriais ou oralmente.
Quais são os tipos de alegações finais?
Como mencionado, as alegações finais podem ser apresentadas de duas formas principais. As formas vão variar conforme a legislação processual aplicável e a natureza do caso:
- Alegações finais orais
As alegações finais orais ocorrem ao final da audiência de instrução e julgamento.
Cada parte (acusação e defesa) tem a oportunidade de fazer um resumo dos pontos principais do processo. Assim, podem destacar as provas e argumentos que favorecem sua posição.
Esta forma é mais direta e permite que o advogado adapte sua argumentação de acordo com o desenvolvimento da audiência.
- Alegações finais por memoriais
Em processos mais complexos ou quando o juiz determinar, as alegações finais podem ser apresentadas por escrito. Essa modalidade é chamada de memoriais.
Neste caso, as partes têm um prazo, após a fase de instrução, para elaborar um documento detalhado que sintetize as evidências, interpretações legais e argumentos.
Os memoriais são úteis para casos que envolvem uma grande quantidade de informações ou quando é necessário um tempo maior para a análise técnica e jurídica.
Em ambos os tipos, o objetivo é o mesmo: proporcionar às partes a última chance de convencer o juiz da validade de suas reivindicações antes da sentença.
Dessa forma, a escolha entre oral ou por memoriais muitas vezes depende da complexidade do caso, do tipo de processo (cível, criminal, trabalhista, etc.) e das especificidades da legislação aplicável.
Por exemplo, no Direito Criminal, as alegações finais orais são comuns, pois permitem uma interação direta e imediata com o juiz e os demais envolvidos.
Já no Direito Cível, especialmente em litígios complexos ou com muitos documentos, os memoriais são frequentemente preferidos para permitir uma análise mais detalhada e fundamentada dos argumentos.
O que são alegações finais remissivas?
As alegações finais remissivas são aquelas em que a parte, ao invés de apresentar novos argumentos ou um resumo detalhado do caso, simplesmente remete às manifestações anteriores já apresentadas nos autos.
Em outras palavras, o advogado declara que mantém tudo o que foi exposto anteriormente, sem adicionar novos elementos.
Apesar de ser uma opção válida, alegações finais remissivas não são recomendadas em casos complexos, pois representam uma oportunidade perdida de reforçar os pontos favoráveis à parte.
Se a outra parte fizer alegações finais bem estruturadas, a remissão pode deixar a defesa enfraquecida.
O que falar nas alegações finais?
Nas alegações finais, o advogado deve fazer um resumo estratégico do caso, reforçando os pontos mais favoráveis ao seu cliente e destacando as falhas ou fragilidades da parte contrária.
Para garantir uma argumentação sólida e persuasiva, as alegações finais devem conter:
- Resumo dos fatos
Reafirme os principais acontecimentos do caso, demonstrando de forma clara e objetiva a narrativa favorável ao seu cliente.
- Análise das provas
Destaque as provas apresentadas durante a instrução processual que fortalecem sua tese, como testemunhos, documentos e perícias. Se houver provas que prejudiquem sua parte, demonstre sua irrelevância ou fragilidade.
- Fundamentação jurídica
Utilize dispositivos legais, jurisprudências e doutrinas que embasem sua argumentação, mostrando ao juiz que sua interpretação está alinhada ao entendimento jurídico dominante.
- Rebate aos argumentos da parte contrária
Conteste de forma objetiva as alegações feitas pelo adversário, apontando contradições, falhas na argumentação e ausência de provas.
- Conclusão e pedido
Finalize reforçando o que está sendo pleiteado, deixando claro ao juiz qual a decisão esperada e os motivos pelos quais ela deve ser favorável ao seu cliente.
Se as alegações finais forem orais, é essencial que o advogado seja claro e direto, aproveitando bem o tempo disponível. Caso sejam escritas (memoriais), recomenda-se uma estrutura bem organizada, com tópicos claros e argumentos concisos.
Quem deve apresentar primeiro as alegações finais?
Isso vai depender do tipo de processo e das normas específicas aplicáveis a cada caso. Na regra geral, aplicada a maioria dos sistemas judiciais, incluindo no Brasil, a acusação apresenta as alegações finais primeiro.
Por exemplo, em processos criminais, segue-se o princípio da ampla defesa e do contraditório. Portanto, a acusação apresenta primeiro. Afinal, a acusação tem o ônus de provar as acusações que fez contra o réu.
Após essa apresentação, é a vez da defesa apresentar suas alegações finais. Ela vai tentar refutar os argumentos da acusação e reforçar a inocência do réu.
No contexto do processo civil, a parte que iniciou o processo, conhecida como autor, geralmente apresenta suas alegações finais primeiro.
Essa ordem permite que o autor reafirme as razões pelas quais ajuizou a ação e insista na procedência de suas reivindicações.
Em seguida, o réu apresenta suas alegações finais, buscando desqualificar os argumentos do autor e defender a improcedência da ação.
Por exemplo, em processos trabalhistas, o reclamante (empregado) apresenta suas alegações finais primeiro, pois foi ele quem iniciou o processo. Após a apresentação do reclamante, a reclamada (empregador) terá a oportunidade de apresentar suas alegações finais.
Esse sequenciamento é projetado para garantir que todas as partes tenham a oportunidade de serem ouvidas de maneira justa e equitativa.
Qual é o prazo para alegações finais?
O prazo para apresentação das alegações finais pode variar de acordo com a legislação aplicável e o tipo de processo.
No contexto do novo CPC, as alegações finais normalmente são apresentadas por escrito e o prazo para isso geralmente é de 15 a 20 dias.
No âmbito do processo penal, conforme o Código de Processo Penal (CPP), as alegações finais podem ser apresentadas oralmente ao final da audiência ou por escrito.
Se forem por escrito, o prazo normalmente concedido é de 5 a 10 dias para cada parte, seguindo a ordem de acusação e depois defesa.
Em processos trabalhistas, conforme a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), após o encerramento da fase de instrução, as partes têm um prazo comum de 8 dias para apresentar as alegações finais por escrito, se assim o juiz determinar.
As alegações finais são apresentadas oralmente logo após o término da instrução em muitos casos.
Faz-se necessário para advogados e partes envolvidas no processo estar atentos a esses prazos, uma vez que a não apresentação das alegações finais dentro do período estipulado pode resultar em prejuízos para a argumentação da parte.
O que vem depois das alegações finais do processo penal?
Após as alegações finais em um processo penal, o procedimento segue para algumas etapas antes de chegar a uma conclusão.
A primeira etapa após as alegações finais é a prolação da sentença pelo juiz. Ou seja, com base em tudo que foi apresentado, o juiz elabora e pronuncia a sentença.
Depois disso, vem a fase de recursos. Se qualquer das partes não estiver satisfeita com a decisão do juiz, ela tem o direito de recorrer a uma instância superior.
Existem diversos tipos de recursos possíveis, dependendo da natureza da decisão e dos pontos que se deseja contestar.
Se não houver recurso ou após o julgamento de todos os recursos com a manutenção da condenação, inicia-se a fase de execução penal.
Nessa etapa, as penalidades impostas na sentença, como prisão, pagamento de multa ou medidas alternativas, são efetivamente aplicadas.
Caso a pena envolva encarceramento, o réu será encaminhado ao sistema prisional para cumprir a pena determinada.
O que acontece se o advogado não apresentar as alegações finais?
Se o advogado não apresentar as alegações finais dentro do prazo estipulado, isso pode ter consequências significativas para o processo e para a parte que representa.
A principal consequência é a preclusão. Ou seja, a oportunidade de apresentar esses argumentos se perde definitivamente.
Se o advogado deixa de apresentar as alegações finais, o juiz decidirá o caso com base nas provas e nos argumentos já apresentados no processo até aquele momento.
Dependendo do contexto e das razões para a falha na apresentação, pode ser possível apelar da decisão final, alegando falha na assistência jurídica.
Em alguns casos, isso pode levar a uma revisão do processo ou até mesmo a uma nova oportunidade para apresentar alegações finais.
O não cumprimento desse dever processual pode também resultar em consequências disciplinares para o advogado, que pode ser responsabilizado por negligência profissional.
Portanto, é crucial que os advogados observem rigorosamente todos os prazos processuais, incluindo o das alegações finais.
Um recado final para você!
Sabemos que o tema alegações finais no novo CPC pode levantar muitas dúvidas e que cada situação é única, demandando uma análise específica de acordo com as circunstâncias de cada caso.
Se você tiver alguma questão ou quiser saber mais sobre o assunto, recomendamos a consulta com um advogado especialista.
O suporte jurídico adequado é fundamental para que decisões sejam tomadas de forma consciente e segura.
Artigo de caráter meramente informativo elaborado por profissionais do escritório Valença, Lopes e Vasconcelos Advocacia
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