O que é o princípio da insignificância e quais suas consequências?
Entenda o princípio da insignificância, um conceito fundamental no direito penal que pode isentar a punição de crimes de pequena relevância!
O princípio da insignificância, também conhecido como princípio da bagatela, é uma expressão do direito penal que visa a exclusão da tipicidade de condutas que, embora se enquadrem formalmente no conceito de crime, são consideradas irrelevantes ou de mínima gravidade.
Sua aplicação se baseia na ideia de que o direito penal não deve ser utilizado para punir infrações de pequeno porte, que não cause efetivo prejuízo à sociedade ou aos bens jurídicos protegidos pela norma.
Esse princípio tem como fundamento a necessidade de evitar a sobrecarga do sistema judicial com casos que não representam uma ameaça significativa à ordem pública, permitindo que os recursos do Estado sejam direcionados a crimes mais graves.
A aplicação do princípio da insignificância, no entanto, não é automática; ela depende da análise de elementos como a natureza do delito, a extensão do dano, a situação do acusado e as circunstâncias do fato.
Neste artigo, vamos detalhar os critérios para a aplicação desse princípio, seus limites e as controvérsias que ainda envolvem seu uso no direito penal brasileiro.
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Desse modo, pensando em te ajudar, preparamos este artigo no qual você aprenderá:
O que diz o princípio da insignificância?
O princípio da insignificância no direito penal estabelece que o Estado não deve punir comportamentos que causem um dano irrelevante ou de mínima importância ao bem jurídico protegido pela norma.
Em outras palavras, se a conduta criminosa for considerada de “bagatela”, ou seja, se o impacto causado for tão pequeno que não justifique a intervenção do direito penal, o fato pode ser desconsiderado, excluindo-se a tipicidade do crime.
Esse princípio visa evitar que o sistema de justiça penal seja sobrecarregado com infrações de pouca relevância e que o direito penal seja aplicado de maneira desproporcional.
A ideia é que o Estado deve focar em punir crimes que realmente afetam a sociedade de forma significativa, deixando de lado condutas que não geram um prejuízo substancial.
No entanto, a aplicação do princípio da insignificância não é automática.
O juiz deve analisar a gravidade do crime, a extensão do dano e outros fatores, como as circunstâncias do fato e a situação do réu, para decidir se é adequada a exclusão da punibilidade.
Quando se aplica insignificância?
O princípio da insignificância é aplicado em casos onde a conduta, embora tecnicamente tipificada como crime, não causa um impacto significativo ao bem jurídico protegido, tornando a intervenção do direito penal desnecessária.
A aplicação deste princípio depende de uma análise do juiz, que leva em consideração algumas circunstâncias específicas. Os principais requisitos para sua aplicação são:
Mínima ofensividade da conduta
A infração deve ser de pequena relevância, com um dano ou risco insignificante ao bem jurídico protegido, como em casos de furtos de valores irrisórios ou ações que não resultem em prejuízo significativo para a vítima ou para a sociedade.
Ausência de periculosidade social
O comportamento do agente não pode ser considerado um risco real à ordem pública ou à segurança coletiva.
Em casos em que o crime não representa uma ameaça concreta, a aplicação do princípio é mais viável.
Inexpressividade da lesão jurídica
O dano causado deve ser irrelevante ou mínimo, sem causar danos duradouros ou substanciais à vítima ou à sociedade.
Um exemplo seria um furto de um item de valor baixo, sem grandes repercussões.
Conduta sem repercussão social
Quando a infração não gera um efeito nocivo à comunidade ou ao funcionamento das instituições, a aplicação do princípio da insignificância pode ser considerada.
A aplicação do princípio da insignificância é uma medida de economia processual e justiça, evitando que o sistema penal seja utilizado para punir infrações de baixa gravidade.
Contudo, a decisão sobre a sua aplicação é subjetiva, e o juiz deve avaliar cuidadosamente o contexto de cada caso.
Qual o valor limite para o princípio da insignificância?
O valor limite para a aplicação do princípio da insignificância não é fixado de forma rígida por lei, pois depende da análise do caso concreto pelo juiz.
A jurisprudência e a doutrina indicam que a insignificância está relacionada mais à gravidade do dano ou impacto social do que ao valor material envolvido.
No entanto, em casos como o furto de pequeno valor, a jurisprudência tem utilizado valores baixos, como R$10,00 a R$20,00, como referência para considerar a aplicação do princípio da insignificância.
É importante destacar que esse valor pode variar conforme as circunstâncias do fato, como a situação do réu, o tipo de bem furtado e o contexto social.
O critério principal não é o valor exato, mas sim a relevância do dano causado pela conduta e a ausência de periculosidade social. Portanto, a decisão sobre a aplicação do princípio é subjetiva e analisada caso a caso, considerando todos os elementos envolvidos.
Quando se aplica o princípio da insignificância no furto?
O princípio da insignificância pode ser aplicado ao furto quando a conduta do agente for considerada irrelevante do ponto de vista jurídico, ou seja, quando o dano causado pela ação for de mínima gravidade e não justificar a intervenção do direito penal.
A aplicação desse princípio no furto depende da análise do juiz, que levará em conta as seguintes circunstâncias:
Valor irrisório do bem furtado
Quando o valor do bem furtado é muito baixo, o juiz pode entender que o prejuízo causado à vítima ou à sociedade é tão pequeno que não justifica a punição do agente.
Embora não haja um valor específico determinado por lei, valores em torno de R$10,00 a R$20,00 costumam ser utilizados como referência em algumas decisões.
Ausência de periculosidade social
Quando o furto não representar um risco significativo para a ordem pública ou para as vítimas.
Por exemplo, furtos cometidos em circunstâncias em que o autor não causa um mal considerável ou grave à coletividade.
Características do furto
O juiz também leva em consideração a natureza do bem furtado (se é de valor simbólico ou irrelevante) e se o furto ocorre em uma situação que não prejudica substancialmente a vítima ou o sistema jurídico.
Conduta do réu
A aplicação do princípio também pode depender das circunstâncias do agente, como ser um réu primário, com boas condições sociais, ou se ele cometeu o furto em uma situação de necessidade extrema ou de pequeno erro.
Importante frisar que o princípio da insignificância não é aplicado automaticamente em todos os casos de furto, e sua aplicação depende da análise do contexto pelo juiz. Além disso, o princípio da insignificância não se aplica em casos de furto qualificado, como o furto com violência ou o furto cometido em situações de especial gravidade, como furtos em estabelecimentos comerciais, durante manifestações, entre outros.
Qual a súmula do princípio da insignificância?
O princípio da insignificância está consolidado na Súmula 599 do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que afirma:
“O princípio da insignificância é aplicável ao crime de furto, desde que o valor da coisa subtraída seja irrelevante para o bem jurídico tutelado.”
Essa súmula confirma que o princípio da insignificância pode ser aplicado em casos de furto, desde que o valor da coisa furtada seja considerado irrelevante para a proteção do bem jurídico, ou seja, que o prejuízo causado ao bem jurídico protegido (geralmente o patrimônio da vítima) seja de pequena monta, a ponto de não justificar a intervenção do direito penal.
A aplicação desse princípio visa evitar a punição de condutas de baixo impacto social ou de mínima gravidade.
Um recado final para você!
Sabemos que o tema “O que é o princípio da insignificância e quais suas consequências? ” pode levantar muitas dúvidas e que cada situação é única, demandando uma análise específica de acordo com as circunstâncias de cada caso.
Se você tiver alguma questão ou quiser saber mais sobre o assunto, recomendamos a consulta com um advogado especialista.
O suporte jurídico adequado é fundamental para que decisões sejam tomadas de forma consciente e segura.
Artigo de caráter meramente informativo elaborado por profissionais do escritório Valença, Lopes e Vasconcelos Advocacia
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