Fix um Pix errado, e agora, o que fazer? Tem como cancelar?
O que fazer se você enviar um Pix errado? Descubra as medidas legais e os passos simples para recuperar seu dinheiro de forma segura e rápida.
Não podemos negar que as transações financeiras via pix facilitaram, e muito, a vida dos brasileiros.
Entretanto, além dos benefícios, também nos deparamos com algumas questões recorrentes que geram debates e discussões no dia a dia, como a regulamentação em relação ao envio ou recebimento de pix por engano.
Além do aumento na ocorrência de golpes, em que pessoas enganam outras via whatsapp ou outro meio, solicitando o envio de pix, também existem casos em que, por engano, podemos enviar ou receber um valor pelo pix.
Diante disso, é importante compreendermos como a legislação brasileira prevê esses casos de pix por engano. Quais os deveres de quem recebe e quais os direitos de quem envia? Leia este artigo e entenda.
Sabemos que questões jurídicas podem gerar dúvidas, e entender seus direitos é essencial para tomar decisões informadas. Em caso de dúvidas sobre o assunto, entre em contato para maiores informações: https://forms.gle/GmG5qjiVa2tpoejf7
Desse modo, pensando em te ajudar, preparamos este artigo no qual você aprenderá:
- Como é que funciona o Pix?
- O que fazer quando faz Pix errado?
- Fizeram Pix errado, sou obrigado a devolver?
- Como pedir o estorno de um Pix?
- Como estornar um Pix recebido por engano?
- É possível cancelar um Pix depois de feito?
- Qual a responsabilidade do banco em caso de Pix errado?
- Casos reais: Um debate sobre a honestidade
- Considerações finais
- Um recado final para você!
- Autor
Como é que funciona o Pix?
O PIX foi lançado pelo Banco Central do Brasil em 16 de novembro de 2020, com o objetivo de modernizar o sistema financeiro brasileiro.
O PIX trouxe uma revolução para o sistema financeiro brasileiro, destacando-se por sua instantaneidade, com transações concluídas em segundos, independentemente do dia ou horário.
Sua disponibilidade contínua, operando 24 horas por dia, 7 dias por semana, incluindo feriados, oferece uma conveniência inigualável para os usuários.
Para pessoas físicas, a maioria das transações é gratuita, eliminando taxas que antes eram comuns em outras formas de pagamento, como DOC e TED.
A praticidade do PIX é outro grande atrativo, permitindo que os usuários realizem transferências e pagamentos de forma simples e rápida por meio de aplicativos bancários.
Além disso, o PIX contribui para a economia de custos, reduzindo as despesas operacionais para empresas e consumidores, ao mesmo tempo que facilita a inclusão financeira.
Pessoas que antes não tinham acesso a serviços bancários tradicionais agora podem realizar transações de maneira fácil e rápida, promovendo uma maior inclusão financeira.
O que fazer quando faz Pix errado?
Com a popularidade crescente do PIX no Brasil, é essencial compreender o que a legislação diz sobre transações feitas por engano.
O Código Civil Brasileiro, particularmente nos artigos 876 e 884, estabelece a obrigatoriedade de devolver quantias recebidas indevidamente, evitando o enriquecimento sem causa.
Além disso, o Código Penal traz em seu artigo 169 a seguinte afirmação:
Art. 169 – Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza
Essa lei afirma que quem se apropria de coisa alheia por erro pode receber pena de um mês a um ano ou multa.
O Brasil tem registrado um número significativo de casos de PIX enviados erroneamente. Com a facilidade e rapidez do sistema, erros humanos, como digitação incorreta de dados, são comuns.
Entender a legislação ajuda tanto remetentes quanto destinatários a agir corretamente e evitar complicações legais.
O artigo 884 complementa, afirmando que “aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários.”
Ou seja, aquela pessoa que recebe pix por engano e não procura formas de devolver, pode sofrer consequências. Além disso, o próprio banco pode realizar esse reembolso de forma compulsória, retirando da conta de quem recebeu.
Por mais que a pessoa tenha enviado, ela o fez de forma errônea. Isso pode configurar enriquecimento sem causa ou apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza.
Casos Comuns:
- Erro Humano: Transferências para contas erradas por digitação incorreta.
- Golpes: Indivíduos que induzem vítimas a enviar dinheiro via PIX.
Diante disso, você pode estar se questionando: O que acontece se eu não devolver um Pix errado?
Quando um valor é transferido via PIX para a conta errada, o destinatário deve devolver o valor. Caso contrário, pode incorrer em consequências diversas, que vão desde a devolução do dinheiro com as devidas correções ou até mesmo pena de detenção e multa.
Assim, as possíveis consequências para quem não devolver pix errado são:
- Ação Civil: O destinatário do PIX pode ser acionado judicialmente para restituir o valor. A ação de enriquecimento sem causa obriga a devolução do valor atualizado.
- Processo Penal: O destinatário pode responder por apropriação indébita, conforme artigo 169 do Código Penal, com penas de detenção ou multa.
Além das consequências legais, a não devolução de um PIX recebido por engano pode afetar a reputação e integridade da pessoa envolvida. É fundamental agir prontamente e devolver o valor para evitar complicações legais e manter a confiança nas transações financeiras.
Fizeram Pix errado, sou obrigado a devolver?
Sim, você é obrigado a devolver o valor recebido por engano.
Como previsto nos artigos 876 e 884 do Código Civil, a pessoa que recebeu o Pix incorretamente não pode se beneficiar do erro, já que isso configura enriquecimento sem causa.
Ou seja, ao receber um Pix por engano, é necessário devolver o valor, sob o risco de responder judicialmente.
Se o valor não for devolvido, o remetente pode entrar com uma ação civil para exigir a restituição do dinheiro, corrigido monetariamente.
Além disso, a pessoa que se recusar a devolver o valor pode enfrentar consequências no campo penal, por apropriação indébita, conforme o artigo 169 do Código Penal.
Como pedir o estorno de um Pix?
Se você fez um Pix por engano, o primeiro passo é tentar contato diretamente com a pessoa que recebeu o valor e pedir a devolução.
No entanto, nem sempre é fácil localizar o destinatário ou obter uma resposta. Por isso, o ideal é:
Contatar seu banco: A instituição financeira pode mediar a devolução do valor. Os bancos têm procedimentos internos que permitem rastrear as transações e tentar recuperar o dinheiro. No caso de recusa do destinatário, a situação pode ser levada para as instâncias legais.
Registrar um Boletim de Ocorrência (BO): Caso o destinatário não devolva o valor, é importante formalizar o ocorrido com as autoridades policiais. Um BO ajuda a legitimar sua tentativa de recuperar o dinheiro e pode ser utilizado em processos futuros.
Além disso, guardar todos os comprovantes e detalhes da transação é essencial para recuperar o valor enviado por engano via PIX.
Esses documentos serão úteis tanto para o banco quanto para as autoridades no processo de investigação e mediação da devolução do dinheiro.
A prontidão em relatar o erro ao banco pode acelerar a resolução do problema.
Caso o destinatário se recuse a devolver o valor, um boletim de ocorrência formaliza a situação, aumentando as chances de uma recuperação legal do montante.
Além do Código Civil e do Código Penal, o Banco Central do Brasil emitiu diversas resoluções e normativas para regular o funcionamento do PIX e garantir a segurança das transações.
As instituições financeiras são obrigadas a seguir essas normativas, oferecendo suporte aos clientes em casos de erro ou fraude.
Como estornar um Pix recebido por engano?
Se você foi quem recebeu um Pix por engano, o ideal é agir com rapidez e devolver o valor ao remetente. Para isso, siga os seguintes passos:
Entre em contato com o seu banco: Informe o erro e peça orientações sobre como devolver o valor. A maioria das instituições oferece suporte para facilitar essa devolução.
Comunique o remetente: Se você tiver acesso aos dados de contato do remetente, pode facilitar o processo ao devolver o valor diretamente.
Caso você não devolva o dinheiro de um Pix errado, pode ser acionado judicialmente por enriquecimento sem causa e até responder por apropriação indébita.
Além disso, o banco pode fazer a devolução compulsória, retirando o valor da sua conta sem aviso prévio.
É possível cancelar um Pix depois de feito?
Infelizmente, não é possível cancelar um Pix após a confirmação da transação.
Como o Pix é um sistema de pagamentos instantâneos, a transferência ocorre em tempo real, o que impossibilita o cancelamento após a confirmação do envio.
Portanto, antes de fazer qualquer transferência, é fundamental revisar os dados do destinatário.
Em casos de erro, o caminho é tentar a devolução do valor diretamente com o destinatário ou com o suporte do banco, como mencionado anteriormente.
Qual a responsabilidade do banco em caso de Pix errado?
O banco tem responsabilidade limitada em casos de Pix errado. As instituições financeiras são obrigadas a fornecer suporte para ajudar a recuperar o valor, mas não são obrigadas a devolver o dinheiro automaticamente.
O Banco Central do Brasil, responsável pela regulação do Pix, exige que os bancos ofereçam mecanismos para tentar solucionar esses problemas, mas o sucesso da devolução depende de vários fatores, incluindo a cooperação do destinatário.
Se o destinatário não cooperar, você pode precisar de suporte legal para recuperar o valor por meio de uma ação judicial.
Casos reais: Um debate sobre a honestidade
Genésio Alves de Araújo Júnior, estudante de engenharia elétrica da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), recebeu por engano um pix de R$100 mil.
Percebendo o erro, ele imediatamente tentou devolver o valor, mas sua conta foi bloqueada por suspeita de fraude. Após a confirmação da origem legítima do valor e o desbloqueio da conta, ele devolveu integralmente a quantia no dia seguinte.
Este caso ilustra a importância de seguir procedimentos corretos e agir rapidamente para resolver o problema.
Outro caso foi de um professor que recebeu um pix de R$700 por engano e, agindo de boa fé, devolveu o valor imediatamente.
No entanto, o banco estornou o valor ao remetente original, deixando o professor com um prejuízo de R$700.
Ele entrou em contato com o banco para resolver a situação, e um processo de verificação de fraude foi aberto. Se o problema não for resolvido administrativamente, o professor planeja levar o caso à polícia.
Este exemplo demonstra os desafios e complicações que podem surgir ao tentar corrigir erros de transações financeiras, mesmo quando se age corretamente.
Esses casos destacam a importância de procedimentos adequados e da colaboração entre indivíduos e instituições financeiras para resolver erros de transações via PIX de forma justa e eficaz.
Considerações finais
Quando se trata de erros no Pix, é importante agir com rapidez e seguir os passos corretos para tentar recuperar o valor.
No entanto, a legislação brasileira é clara ao estabelecer a obrigação de devolver qualquer quantia recebida indevidamente.
Tanto os remetentes quanto os destinatários devem estar cientes de seus direitos e deveres para evitar complicações legais. A honestidade e a transparência são fundamentais para resolver essas situações de maneira adequada e rápida.
Assim, a contratação de um advogado é crucial em casos de PIX enviado por engano, como os exemplos do estudante e do professor. Primeiramente, um advogado pode orientar sobre os procedimentos legais adequados para tentar recuperar o valor.
Isso inclui a mediação com o banco e o registro de boletins de ocorrência. Além disso, em situações onde o destinatário se recusa a devolver o valor, um advogado pode entrar com uma ação judicial por enriquecimento sem causa ou apropriação indébita, conforme previsto no Código Civil e Penal Brasileiro.
A expertise de um advogado também é essencial para evitar prejuízos adicionais, como o ocorrido com o professor que ficou no prejuízo após o estorno errôneo do banco.
Em casos complexos, a assistência jurídica garante que todos os direitos do cliente sejam preservados e que as medidas legais corretas sejam tomadas de forma eficiente, minimizando o impacto financeiro e emocional do incidente.
Assim, se você se encontrar nessa situação, não hesite em buscar orientação legal para garantir que seus direitos sejam respeitados.
Um recado final para você!
Sabemos que o tema “Fix um Pix errado, e agora, o que fazer? Tem como cancelar?” pode levantar muitas dúvidas e que cada situação é única, demandando uma análise específica de acordo com as circunstâncias de cada caso.
Se você tiver alguma questão ou quiser saber mais sobre o assunto, recomendamos a consulta com um advogado especialista. O suporte jurídico adequado é fundamental para que decisões sejam tomadas de forma consciente e segura.
Artigo de caráter meramente informativo elaborado por profissionais do escritório Valença, Lopes e Vasconcelos Advocacia
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