Teoria da perda de uma chance: direito à indenização!

A Justiça pode indenizar uma oportunidade perdida — veja como funciona!

imagem de pessoa frustrada pela perca de uma chance

Teoria da perda de uma chance: tenho direito à indenização?

Você já ouviu falar na teoria da perda de uma chance? Esse é um daqueles temas do Direito que, apesar de parecer técnico à primeira vista, tem tudo a ver com situações bem comuns no nosso dia a dia.

Imagina que você poderia ter ganho um processo, conseguido um tratamento médico melhor ou até vencido um reality show — mas perdeu essa oportunidade porque alguém errou com você. Pois é, é aí que entra essa teoria.

Ela existe para reparar situações em que uma pessoa é privada de uma chance real de obter um resultado favorável, seja por culpa de um profissional, do Estado ou de qualquer outra pessoa que agiu de forma errada.

O interessante é que, nesse caso, o que a Justiça indeniza não é o resultado final perdido, mas a própria oportunidade que foi frustrada.

Neste artigo, você vai entender o que é, como funciona e quando a teoria da perda de uma chance pode ser aplicada, com exemplos reais, explicações simples e uma abordagem prática.

Vamos falar também sobre como ela se diferencia dos lucros cessantes, quais são os danos indenizáveis, os requisitos para o juiz aceitar essa tese e até uma aplicação mais recente no processo penal: a perda de uma chance probatória.

Sabemos que questões jurídicas podem gerar dúvidas, e entender seus direitos é essencial para tomar decisões informadas. Em caso de dúvidas sobre o assunto, entre em contato: clique aqui!

O que é a teoria da perda de uma chance?

A teoria da perda de uma chance é uma forma de responsabilização civil aplicada quando uma pessoa perde uma oportunidade real e séria de obter um benefício ou evitar um prejuízo, por conta da conduta ilícita de outra pessoa.

Ela reconhece que nem sempre uma pessoa precisa provar que teve um prejuízo certo e final para ter direito a uma indenização.

Às vezes, o que ela perdeu foi a chance de conseguir esse resultado, e só isso já pode gerar o direito à reparação.

Essa teoria nasceu na França e foi ganhando espaço em outros países, inclusive aqui no Brasil, onde é amplamente aplicada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Mesmo não estando prevista literalmente no Código Civil, ela se encaixa perfeitamente na lógica da responsabilidade civil, que é reparar os danos injustos causados a alguém.

A grande virada aqui é o foco: não é o ganho que a pessoa deixou de ter (como nos lucros cessantes), mas sim a oportunidade concreta de obter esse ganho.

É como se o juiz dissesse: “você talvez não tivesse ganhado o prêmio, o processo ou a cura… mas tinha uma boa chance, e essa chance foi tirada de você injustamente”.

Como funciona a teoria da perda de uma chance?

A teoria da perda de uma chance funciona como uma forma específica de indenização, na qual o foco está na oportunidade concreta que foi perdida.

O ponto central é que essa oportunidade deve ter sido provavelmente alcançável, com base em elementos objetivos, e não uma possibilidade vaga ou hipotética.

O funcionamento é simples: se uma pessoa tinha uma boa chance de alcançar um resultado positivo, e essa chance foi eliminada por uma conduta culposa de alguém, existe o direito à reparação.

A indenização não corresponde ao valor integral do benefício perdido, mas sim ao valor proporcional à probabilidade da chance.

Por exemplo, se um advogado perde o prazo de um recurso e o cliente tinha 60% de chance de vencer, a Justiça pode condenar o profissional a pagar 60% do valor da causa, pois essa era a chance real frustrada.

O mesmo vale em casos de erro médico, concursos ou outros contextos em que a pessoa foi privada de tentar um resultado legítimo.

Para funcionar corretamente, é essencial que haja comprovação de que a chance era real, mensurável e juridicamente relevante. E é por isso que o apoio de um advogado é indispensável para estruturar a argumentação, reunir as provas e calcular a indenização corretamente.

Quais danos são indenizáveis na aplicação da teoria da perda de uma chance?

Na aplicação da teoria da perda de uma chance, os danos indenizáveis são aqueles relacionados à frustração da oportunidade em si, e não ao resultado final que a pessoa esperava obter.

danos indenizáveis na aplicação da teoria da perda de uma chance

Quais danos são indenizáveis na aplicação da teoria da perda de uma chance?

Isso significa que o foco da indenização está na expectativa real de êxito, que foi comprometida por culpa de outra parte.

Esses danos são diferentes dos danos materiais tradicionais, porque não se baseiam em uma perda concreta já ocorrida, mas sim na perda da possibilidade de alcançar um resultado positivo.

Por isso, o juiz precisa avaliar o caso concreto e mensurar a probabilidade da chance perdida. Quanto maior essa probabilidade, maior será a indenização.

A jurisprudência do STJ já reconheceu como danos indenizáveis:

Esses exemplos mostram que a chance perdida precisa ser mensurável e concreta, não bastando uma expectativa genérica. A indenização será sempre proporcional à probabilidade da chance, e é essa medida que diferencia esse tipo de dano de outros previstos na legislação civil.

E quais são os requisitos para a indenização?

Para que exista indenização com base na teoria da perda de uma chance, é necessário que alguns requisitos sejam comprovados com clareza. O primeiro deles é a existência de uma chance real e séria.

A oportunidade perdida deve ser concreta, plausível e justificável, ou seja, a pessoa teria uma possibilidade significativa de obter um benefício ou evitar um prejuízo, não sendo uma mera suposição.

Além disso, deve haver conduta ilícita da outra parte, como negligência, imprudência ou omissão. Essa conduta precisa ser a causa direta da frustração da chance, o que exige um nexo de causalidade bem definido.

A pessoa que teve a chance frustrada precisa demonstrar que, se não fosse a falha alheia, teria tido a oportunidade real de tentar aquele resultado.

Outro requisito indispensável é a proporcionalidade da indenização.

Como não se pode afirmar com certeza que o benefício final seria alcançado, o valor da reparação deve ser ajustado à probabilidade da chance, com base em elementos objetivos como estatísticas, jurisprudência ou desempenho anterior.

Por fim, é essencial que o dano seja juridicamente relevante, ou seja, que a chance frustrada seja reconhecida como algo que mereça proteção do Direito. Situações hipotéticas ou vagas não são suficientes.

Por isso, é indispensável apresentar provas robustas, que devem ser organizadas com ajuda profissional especializada.

Exemplos da aplicação da teoria da perda de uma chance:

A teoria da perda de uma chance já foi aplicada em vários contextos pela Justiça brasileira.

Um dos exemplos mais marcantes foi o caso do “Show do Milhão”, em que o participante foi prejudicado por uma pergunta mal formulada e perdeu a chance de continuar no programa e disputar o prêmio máximo.

O STJ entendeu que a oportunidade foi legítima e concreta, e reconheceu o direito à indenização.

Outro exemplo bastante comum é o de erro médico.

Em situações onde o diagnóstico foi feito tardiamente, ou houve omissão em exames importantes, e isso reduziu ou eliminou a chance de cura do paciente, a jurisprudência tem reconhecido que existe dano indenizável, proporcional à chance perdida.

Também há muitas decisões envolvendo negligência de advogados.

Quando um profissional perde prazo, não apresenta recurso ou atua de forma desleixada, e o cliente tinha chance real de vitória, o tribunal pode reconhecer o direito à reparação pela frustração da oportunidade.

Além disso, há decisões envolvendo erros em concursos públicos, seleções privadas, investimentos mal orientados e até falhas em procedimentos administrativos, todas elas reconhecendo que a vítima perdeu uma chance relevante e concreta de alcançar um resultado legítimo, o que exige reparação proporcional.

Qual é a diferença entre perda de uma chance e lucro cessante?

A diferença entre perda de uma chance e lucro cessante está principalmente na certeza do resultado esperado.

diferença entre perda de uma chance e lucro cessante

Qual é a diferença entre perda de uma chance e lucro cessante?

No lucro cessante, a pessoa deixa de ganhar algo que tinha certeza de receber, como no caso de uma empresa que precisa fechar as portas temporariamente e perde vendas que já eram garantidas.

Já na perda de uma chance, a pessoa não perde algo certo, mas sim uma oportunidade de tentar alcançar um resultado favorável, com base em uma probabilidade significativa de sucesso. O que se indeniza aqui é a expectativa frustrada, e não o lucro diretamente.

No lucro cessante, a indenização é integral: o valor corresponde exatamente ao que a pessoa deixou de ganhar. Já na perda de uma chance, o valor é proporcional à chance perdida, porque não se pode afirmar que o resultado aconteceria com certeza.

Essa distinção é essencial para definir a extensão da responsabilidade civil e o cálculo da indenização.

Enquanto no lucro cessante a lógica é compensatória, na perda de uma chance a lógica é compensar a impossibilidade de alcançar um resultado provável, mas jamais garantido.

O que é a teoria da perda de uma chance probatória?

A teoria da perda de uma chance probatória é uma aplicação recente da perda de uma chance, especialmente no processo penal. Ela reconhece que quando o Estado deixa de produzir uma prova essencial, a pessoa acusada perde a chance de se defender de forma plena e eficaz.

Essa teoria parte do princípio de que a ampla defesa é um direito fundamental, e que o réu tem o direito de produzir todas as provas possíveis para comprovar sua inocência.

Se uma prova que poderia ajudar o acusado deixa de ser produzida por falha da investigação ou omissão do Judiciário, isso representa uma chance real de defesa que foi retirada.

Um caso concreto disso foi julgado pela Quinta Turma do STJ. Um adolescente foi condenado com base em provas frágeis e depoimentos indiretos, sem que fossem ouvidas testemunhas presenciais ou realizados laudos técnicos.

O tribunal entendeu que a investigação falhou, e que isso impediu o acusado de produzir uma defesa adequada, o que justificou a absolvição com base na perda da chance probatória.

Essa vertente da teoria é um avanço importante na proteção de garantias processuais, mostrando que o direito à prova também é uma oportunidade jurídica que deve ser respeitada.

Um recado final para você!

imagem representando advogado para teoria da perda de uma chance

Em caso de dúvidas, procure assistência jurídica especializada.

Sabemos que o tema “teoria da perda de uma chance” pode levantar muitas dúvidas e que cada situação é única, demandando uma análise específica de acordo com as circunstâncias de cada caso.

Se você tiver alguma questão ou quiser saber mais sobre o assunto, recomendamos a consulta com um advogado especialista.

O suporte jurídico adequado é fundamental para que decisões sejam tomadas de forma consciente e segura.

Artigo de caráter meramente informativo elaborado por profissionais do escritório Valença, Lopes e Vasconcelos Advocacia.

Direito Civil | Direito de Família | Direito Criminal | Direito Previdenciário | Direito Trabalhista | Direito Bancário

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Autor

  • joao valenca

    •Advogado (43370 OAB) especialista em diversas áreas do Direito e Co-fundador do escritório VLV Advogados, empresa referência há mais de 10 anos no atendimento humanizado e mais de 5 mil cidades atendidas em todo o Brasil.

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