Homologação de sentença estrangeira: quando preciso?
A homologação de sentença estrangeira permite que decisões judiciais de outros países tenham validade no Brasil, garantindo direitos e cumprindo obrigações legais. Saiba mais!
A homologação de sentença estrangeira é o processo pelo qual uma decisão judicial de outro país é reconhecida e validada por um tribunal local, permitindo que seus efeitos jurídicos sejam aplicados no território nacional.
No Brasil, esse processo é de competência do Superior Tribunal de Justiça (STJ), conforme determina a Constituição Federal.
Se você passou por um processo de divórcio, adoção, partilha de bens, guarda de filhos ou até mesmo foi condenado penalmente no exterior, saiba que essa sentença não tem efeito automático no Brasil.
Ela só passa a valer aqui se for homologada formalmente. Sem isso, a decisão simplesmente não “existe” do ponto de vista legal brasileiro.
Por isso, é essencial entender quando a homologação é necessária, como ela funciona, quais documentos são exigidos e o que acontece se você não fizer.
Esse artigo vai te explicar tudo isso com clareza, sem juridiquês, e com todos os detalhes que fazem diferença para quem está passando por esse tipo de situação.
Sabemos que questões jurídicas podem gerar dúvidas, e entender seus direitos é essencial para tomar decisões informadas. Em caso de dúvidas sobre o assunto, entre em contato: clique aqui!
Desse modo, pensando em te ajudar, preparamos este artigo no qual você aprenderá:
- O que é um processo de homologação de sentença estrangeira?
- Para que serve a homologação de sentença estrangeira?
- Quem faz homologação de sentença estrangeira, STJ ou STF?
- Como é feita a homologação de sentença estrangeira no Brasil?
- Quais são os requisitos para homologação de sentença estrangeira no Brasil?
- Como a sentença estrangeira de divórcio é homologada no Brasil?
- Quais decisões precisam de homologação de sentença estrangeira?
- Quanto custa a homologação de sentença estrangeira?
- Preciso de advogado para homologação de sentença estrangeira?
- Quais os riscos de não fazer homologação de sentença estrangeira?
- Um recado final para você!
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O que é um processo de homologação de sentença estrangeira?
A homologação de sentença estrangeira é um processo jurídico que permite que uma decisão judicial estrangeira produza efeitos no Brasil, como se tivesse sido proferida por um juiz brasileiro.
Ela é usada quando alguém resolve uma questão na Justiça de outro país e, depois, precisa que essa mesma decisão tenha validade por aqui.
E isso vale tanto para causas pessoais — como divórcio e guarda de filhos — quanto para causas comerciais, como cobranças, contratos ou sentenças arbitrais.
Esse processo não serve para reavaliar a justiça da decisão. O STJ não entra no mérito da causa.
O que o Tribunal analisa é se a sentença respeita os requisitos formais para ser aceita no Brasil, como ter sido emitida por autoridade competente, com trânsito em julgado e sem violar a ordem pública nacional.
Ou seja, o foco é verificar se ela pode ser validada conforme as regras brasileiras, e não discutir se a decisão foi justa ou errada.
Para que serve a homologação de sentença estrangeira?
A homologação de sentença estrangeira serve para dar eficácia legal no Brasil a decisões proferidas no exterior.
Se você foi divorciado por um juiz nos Estados Unidos, por exemplo, e quer constar como “divorciado” nos seus documentos brasileiros, precisará da homologação.
O mesmo vale se a sentença determinou guarda de filhos, pagamento de pensão ou partilha de bens — sem o reconhecimento pelo STJ, essas decisões simplesmente não “valem” no Brasil.
Além disso, essa homologação também é fundamental para executar cobranças (como dívidas reconhecidas por tribunais estrangeiros), validar adoções internacionais, cumprir sentenças arbitrais ou até reconhecer condenações penais em tratados de cooperação internacional.
Portanto, a homologação é o meio pelo qual o Brasil reconhece oficialmente uma decisão estrangeira e permite que ela produza efeitos por aqui.
Quem faz homologação de sentença estrangeira, STJ ou STF?
Quem faz a homologação de sentença estrangeira no Brasil é o Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Antes de 2004, essa função era do Supremo Tribunal Federal (STF), mas com a Emenda Constitucional nº 45, a competência foi transferida ao STJ. Isso significa que toda sentença estrangeira que precisa ser reconhecida por aqui deve passar pelo STJ — e não mais pelo STF.
Esse reconhecimento acontece por meio de um processo específico, com regras próprias, em que o STJ analisa apenas a regularidade formal da sentença estrangeira.
Ou seja, ele não julga se o conteúdo está certo ou errado, mas apenas se aquele documento pode ser aceito dentro do ordenamento jurídico brasileiro.
E é por isso que o processo de homologação é tão técnico — qualquer erro na documentação ou no protocolo pode fazer o pedido ser negado.
Como é feita a homologação de sentença estrangeira no Brasil?
A homologação de sentença estrangeira é feita por meio de um pedido apresentado ao STJ, acompanhado de uma série de documentos obrigatórios.
Esse pedido precisa ser feito por um advogado inscrito na OAB e segue as regras da Resolução nº 09/2005 do STJ. Ou seja, não dá para fazer sozinho nem direto no cartório — o processo é judicial, técnico e precisa de formalidades bem claras.
Tudo começa com a petição inicial, onde o advogado apresenta os fundamentos legais do pedido.
Junto com essa petição, são enviados os documentos principais: a sentença estrangeira original, devidamente legalizada ou apostilada no país de origem; a tradução juramentada para o português, feita por tradutor público oficial; a prova de que a sentença transitou em julgado; e cópias dos documentos pessoais do requerente.
Depois que o pedido é protocolado, o STJ distribui o processo e o Ministério Público Federal é chamado a se manifestar.
Só então o relator analisa o caso, verificando se todos os requisitos estão ali. Se tudo estiver correto, o tribunal homologa a sentença, e ela passa a ter plena validade legal no Brasil.
A partir daí, você pode usar a decisão para mudar seu estado civil, registrar a guarda, executar valores ou qualquer outra consequência jurídica da decisão.
Quais são os requisitos para homologação de sentença estrangeira no Brasil?
Para que uma sentença estrangeira seja homologada no Brasil, ela precisa atender a requisitos bem específicos, previstos na lei e no regimento do STJ.
Esses critérios existem para garantir que a decisão estrangeira seja compatível com os princípios jurídicos brasileiros e que tenha sido tomada com base em um processo justo.
O primeiro requisito é que a sentença tenha sido proferida por autoridade competente no país de origem. Isso significa que o juiz ou tribunal que decidiu o caso precisa ter jurisdição legal sobre aquela matéria.
Além disso, é essencial que as partes tenham sido citadas de forma válida, ou que a revelia tenha ocorrido conforme a lei local — não pode haver irregularidade na notificação das partes envolvidas.
Outro ponto indispensável é que a sentença esteja transitada em julgado, ou seja, que não caiba mais recurso no país de origem.
E claro, todos os documentos estrangeiros precisam estar legalizados ou apostilados, conforme o país de origem, e traduzidos oficialmente por tradutor juramentado.
Por fim, a decisão não pode violar a soberania nacional, a ordem pública ou a dignidade da pessoa humana, sob pena de ser negada.
Esses requisitos garantem que a sentença seja aceita sem ferir os princípios fundamentais do direito brasileiro, mantendo o equilíbrio entre respeitar decisões internacionais e proteger o sistema jurídico nacional.
Como a sentença estrangeira de divórcio é homologada no Brasil?
O caso de divórcio estrangeiro é um dos mais frequentes, e saber como ele funciona é essencial. Quando um casal se divorcia fora do Brasil, essa sentença não altera o estado civil das partes automaticamente aqui no país.
Para que o divórcio seja reconhecido, será necessário analisar o conteúdo da sentença e ver se ela pode ser averbada direto no cartório ou se exige homologação judicial.
Se a decisão de divórcio for consensual e tratar apenas da dissolução do casamento, sem tratar de guarda, pensão ou partilha de bens, ela pode ser registrada diretamente em cartório, conforme previsto no Provimento nº 53 do CNJ.
É um caminho mais rápido, desde que a sentença esteja apostilada e traduzida por tradutor juramentado.
Mas se a decisão tratar de qualquer outro ponto — como pensão, bens ou guarda de filhos — aí o caminho é mais longo: é obrigatória a homologação pelo STJ. Somente após essa homologação é que a sentença poderá ser registrada e surtir efeitos no Brasil.
E é por isso que, mesmo que o divórcio pareça simples, vale consultar um advogado antes de tomar qualquer atitude, para evitar retrabalho e perda de tempo.
Quais decisões precisam de homologação de sentença estrangeira?
Diversas decisões tomadas fora do Brasil precisam passar pela homologação do STJ para terem validade aqui. Isso vale tanto para assuntos familiares quanto patrimoniais ou penais.
O que determina a necessidade da homologação é o fato de a sentença precisar produzir efeitos no território brasileiro.
O exemplo mais comum é a sentença de divórcio com partilha de bens, guarda de filhos ou pensão alimentícia.
Nesses casos, a homologação é obrigatória para que a decisão possa ser usada no Brasil. Sem ela, não é possível averbar o divórcio nem executar os efeitos da sentença.
Outro exemplo importante é a sentença penal estrangeira, como condenações por crimes cometidos fora do país. Essas decisões só terão validade para fins de antecedentes ou cumprimento de penas aqui após passarem pelo STJ.
Também exigem homologação sentenças de adoção internacional, guarda, visitas, alimentos internacionais e até sentenças arbitrais. De modo geral, qualquer sentença estrangeira que você queira usar aqui precisa ser homologada.
Quanto custa a homologação de sentença estrangeira?
O custo para homologar uma sentença estrangeira depende de vários fatores, mas algumas despesas são fixas.
A primeira delas é a taxa judicial do STJ, que atualmente é de cerca de R$ 223,00.
Também é obrigatório apresentar a tradução juramentada dos documentos. O valor depende do idioma e da quantidade de páginas, mas costuma ficar entre R$ 300 e R$ 700.
Se a sentença veio de um país signatário da Apostila de Haia, é preciso apostilá-la — e isso tem um custo médio entre R$ 100 e R$ 300 por documento. Caso contrário, será necessário fazer a legalização consular.
Por fim, há os honorários do advogado, que variam bastante. Em casos simples, o valor pode ficar entre R$ 2.000 e R$ 4.000, mas esse número sobe de acordo com a complexidade do caso.
Também podem surgir custas cartorárias, como na emissão da Carta de Sentença.
Preciso de advogado para homologação de sentença estrangeira?
Para dar entrada na homologação da sentença, é obrigatória a atuação de um advogado inscrito na OAB. Você não pode fazer isso sozinho, nem pelo cartório — o processo é judicial e segue regras próprias.
Segundo a Resolução nº 09/2005 do STJ, o pedido deve ser feito por petição ao Ministro Presidente, e isso só pode ser feito por um profissional habilitado.
Ou seja, você precisa de um advogado para que o pedido seja aceito.
Além de elaborar a petição, o advogado será responsável por verificar se a sentença atende aos requisitos, acompanhar o trâmite no STJ e apresentar documentos adicionais, se for necessário.
Ele também será o responsável por cuidar da averbação depois da homologação, no cartório competente.
Se você não puder pagar um advogado, é possível buscar ajuda na Defensoria Pública da União, que oferece assistência gratuita a pessoas com baixa renda.
Quais os riscos de não fazer homologação de sentença estrangeira?
Deixar de homologar uma sentença estrangeira pode trazer problemas sérios.
Mesmo que a decisão seja válida no país de origem, ela não tem valor legal no Brasil sem a homologação.
Se você se divorciou no exterior, mas não homologou a sentença aqui, continuará oficialmente casado no Brasil. Isso impede novo casamento, bloqueia partilhas e pode causar dificuldades em processos de herança.
Quando a sentença trata de pensão, guarda ou adoção, ela não pode ser executada nem usada como base para outras ações judiciais, o que gera insegurança e prejuízo.
Além disso, decisões sem homologação podem ser ignoradas por tribunais brasileiros, mesmo que tenham sido tomadas legalmente lá fora.
Por isso, se você precisa que uma sentença estrangeira tenha efeitos aqui, não arrisque — procure a homologação com orientação jurídica adequada.
Um recado final para você!
Sabemos que o tema “homologação de sentença estrangeira” pode levantar muitas dúvidas e que cada situação é única, demandando uma análise específica de acordo com as circunstâncias de cada caso.
Se você tiver alguma questão ou quiser saber mais sobre o assunto, recomendamos a consulta com um advogado especialista.
O suporte jurídico adequado é fundamental para que decisões sejam tomadas de forma consciente e segura.
Artigo de caráter meramente informativo elaborado por profissionais do escritório Valença, Lopes e Vasconcelos Advocacia.
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