Juros abusivos: como identificar e entrar com uma ação?

Entenda o que são juros abusivos, como identificá-los e o que fazer para revisar taxas excessivas e proteger seus direitos.

Imagem representando juros abusivos.

Juros abusivos: como identificar e se proteger?

Se você já tomou um empréstimo ou financiou algo e se deparou com juros altíssimos que parecem não fazer sentido, é possível que esteja enfrentando o problema dos juros abusivos.

Os juros abusivos são um problema recorrente em contratos de financiamento, empréstimos e cartões de crédito, prejudicando consumidores que acabam pagando valores excessivos.

Quando as taxas cobradas estão muito acima da média do mercado e tornam a dívida praticamente impagável, há indícios de abusividade.

O Código de Defesa do Consumidor e a jurisprudência dos tribunais permitem a contestação dessas cobranças, garantindo o direito à revisão contratual.

Mas o que são exatamente esses juros e como saber se você está sendo cobrado de maneira excessiva?

Neste artigo, vamos explicar o que são juros abusivos, como identificá-los, quais taxas de juros são consideradas abusivas, e o que fazer caso você esteja sendo cobrado de forma injusta.

Além disso, vamos mostrar o passo a passo de como entrar com uma ação para revisar esses juros e garantir seus direitos, caso esteja pagando mais do que deveria.

Sabemos que questões jurídicas podem gerar dúvidas, e entender seus direitos é essencial para tomar decisões informadas. Em caso de dúvidas sobre o assunto, entre em contato: clique aqui!

O que são juros abusivos?

Juros abusivos são taxas de juros cobradas de forma excessiva ou desproporcional, prejudicando o consumidor.

Segundo o Código de Defesa do Consumidor (CDC), são consideradas práticas abusivas aquelas que exploram a vulnerabilidade do consumidor, resultando em vantagens exageradas para o fornecedor.

Na prática, isso significa que o consumidor pode estar pagando taxas de juros que não são justificadas pelo risco assumido pelo credor.

Quando o valor dos juros é muito acima da média do mercado ou não tem uma explicação plausível, essa cobrança se configura como abusiva.

Muitas vezes, as instituições financeiras cobram juros que, embora tecnicamente dentro da lei, são muito mais altos do que o razoável, o que torna o financiamento ou empréstimo muito mais caro e dificulta a quitação da dívida.

As instituições financeiras podem, sim, cobrar juros, mas elas não podem explorar de forma exagerada quem recorre ao crédito.

O consumidor deve sempre estar atento a taxas que pareçam fora do padrão, especialmente em empréstimos de curto prazo ou com prazos de pagamento difíceis de cumprir.

Qual taxa de juros é considerada abusiva?

A taxa de juros é considerada abusiva quando foge dos limites de razoabilidade, ou seja, quando ela está muito acima do que é praticado por outras instituições financeiras para o mesmo tipo de operação.

O mercado financeiro tem taxas padrão para cada tipo de crédito, e se você perceber que a taxa cobrada está muito acima da média, isso é um indicativo de que os juros podem ser abusivos.

Por exemplo, se a média de juros para um empréstimo pessoal é de 6% ao mês, e uma instituição financeira cobra 15% ao mês em uma operação similar, essa taxa é claramente abusiva.

Uma maneira simples de identificar isso é comparar a taxa efetiva anual (TEA) ou a taxa anual de juros. Se essa taxa estiver desproporcionalmente alta, o consumidor pode questionar a cobrança e buscar ajuda para corrigir o contrato.

Além disso, o Código de Defesa do Consumidor afirma que as cláusulas de um contrato devem ser justas e equilibradas.

Se a taxa de juros for tão alta que leve o consumidor a uma situação de endividamento excessivo ou comprometa sua dignidade financeira, isso é uma clara violação das normas de proteção ao consumidor.

Qual o juro máximo permitido pela Lei?

No Brasil, não há um limite único estabelecido pela Lei para as taxas de juros cobradas por todas as instituições financeiras.

No entanto, a legislação estabelece limites específicos para algumas modalidades de crédito, como empréstimos consignados e créditos ao público em geral.

Por exemplo, no caso do cartão de crédito, a Lei 14.690/2023 estabelece que os juros do saldo rotativo não podem ultrapassar 100% do valor da dívida. Isso significa que, se você deve R$ 100,00 ao banco, o valor máximo que o banco pode cobrar em juros é de R$ 200,00.

É importante notar que juros acima desses limites são considerados abusivos e passíveis de contestação, especialmente quando não há uma justificativa plausível para taxas tão altas.

Além disso, os juros do cheque especial e de empréstimos pessoais também são regulados, embora os limites variem conforme a política interna das instituições financeiras e as condições do mercado.

Portanto, não existe um teto absoluto de juros para todos os tipos de crédito, mas a cobrança de juros superiores ao mercado ou acima de limites específicos pode ser considerada abusiva e passível de revisão judicial.

Quais são exemplos de juros abusivos?

Existem várias situações em que o consumidor pode ser vítima de juros abusivos. Alguns exemplos comuns incluem:

O crédito rotativo do cartão de crédito é um dos maiores exemplos de juros abusivos no Brasil.

Quando o cliente opta por pagar apenas o valor mínimo da fatura, ele automaticamente entra no crédito rotativo, onde os juros podem ser altíssimos, chegando a até 15% ao mês em algumas instituições.

Isso significa que, em poucos meses, a dívida pode aumentar de forma exponencial. A Lei 14.690/2023 limita os juros do saldo rotativo a 100% do valor da dívida, mas ainda assim, muitas vezes, os juros são considerados excessivos para um crédito de curto prazo.

O cheque especial é outra modalidade de crédito comumente associada a juros elevados.

O Banco Central estabeleceu um teto de 8% ao mês para o cheque especial, mas ainda assim, essa taxa é considerada alta por muitos especialistas, especialmente quando comparada a outras opções de crédito disponíveis no mercado.

As taxas de juros podem ser ainda mais altas se o banco não cumprir as exigências de transparência na cobrança.

Algumas instituições financeiras oferecem empréstimos pessoais com taxas de juros muito elevadas, especialmente para pessoas com nome sujo ou com perfil de crédito mais arriscado.

Essas taxas podem chegar a até 10% ao mês ou mais, o que é considerado abusivo em comparação com empréstimos mais baratos e acessíveis.

Esses exemplos demonstram como as instituições podem aplicar juros desproporcionais em modalidades de crédito populares. Se você se deparar com taxas tão altas, pode ser uma boa ideia verificar a possibilidade de revisão e considerar alternativas mais justas.

Como saber se estou pagando juros abusivos?

Saber se você está pagando juros abusivos envolve alguns passos simples, mas cruciais para evitar o endividamento desnecessário.

Compare as taxas com o mercado:

Revise o contrato:

Cuidado com as condições de pagamento:

Se você perceber que os valores são muito altos ou desproporcionais, é um sinal claro de que pode estar pagando juros abusivos.

cálculo do juro abusivo

Como calcular se o juro é abusivo?

Caso você desconfie que está sendo cobrado de forma excessiva, não deixe de consultar um especialista, como um advogado de direito do consumidor, que pode analisar o contrato e indicar os passos a seguir.

Quando o juros de um financiamento é considerado abusivo?

Os juros abusivos em empréstimos ou financiamentos não são considerados crimes por si só, já que não há um limite único para todos os tipos de crédito estabelecido por lei.

Porém, se os juros cobrados forem excessivamente altos, sem justificativa plausível, podem ser considerados abusivos e passíveis de revisão judicial.

O que é importante é entender que não existe uma taxa de juros fixa definida por lei para todas as situações, mas existem práticas ilegais de empréstimo, como a agiotagem, que envolvem taxas de juros extremamente altas e são, de fato, consideradas crimes.

Os juros abusivos podem ser identificados em financiamentos quando a dívida inicial cresce de forma muito acelerada devido a taxas de juros altíssimas.

Uma revisão do contrato pode ser necessária para garantir que a cobrança esteja de acordo com as condições do mercado e a legislação vigente.

Caso contrário, você pode procurar orientação jurídica para garantir que seus direitos sejam respeitados.

O que fazer caso eu esteja pagando juros abusivos?

Se você perceber que está pagando juros abusivos, o primeiro passo é não ignorar a situação.

A primeira medida a ser tomada é entrar em contato com a instituição financeira e tentar renegociar a dívida. Em muitos casos, é possível reduzir a taxa de juros e adaptar as condições de pagamento para algo mais acessível.

Caso a renegociação não funcione, você pode entrar com uma ação revisional de juros.

Para isso, será necessário analisar o contrato e reunir documentos que comprovem a cobrança indevida.

O apoio de um advogado especializado é fundamental nesse processo, pois ele pode orientar a análise jurídica do contrato e aumentar as chances de sucesso na revisão.

Se o banco ou financeira não quiser ajustar os juros, você pode procurar órgãos de defesa do consumidor, como o Procon, para tentar resolver a situação.

Além disso, uma ação judicial pode ser a melhor alternativa para reduzir os juros cobrados e até solicitar a restituição dos valores pagos a mais.

O que acontece se eu entrar com ação de juros abusivos?

Entrar com uma ação de juros abusivos tem como objetivo revisar os contratos e corrigir as taxas de juros que estão sendo cobradas de maneira excessiva.

Ao solicitar a revisão, você precisará reunir documentos que comprovem a cobrança indevida, como o contrato de crédito e comprovantes de pagamento.

O apoio de um advogado especializado é fundamental para garantir que o processo seja conduzido da melhor maneira possível.

Ele pode ajudar a identificar cláusulas abusivas, preparar a defesa e aumentar suas chances de sucesso.

Em alguns casos, se o juiz entender que os juros cobrados são, de fato, abusivos, ele pode determinar a redução da taxa e a restituição de valores pagos a mais.

Em casos mais complexos, se o problema afetar sua saúde financeira ou causar outros danos, você também pode pleitear uma indenização por danos materiais ou morais, dependendo do impacto da cobrança abusiva.

Um recado final para você!

imagem representando advogado para juros abusivos.

Em caso de dúvidas, procure assistência jurídica.

Sabemos que o tema “juros abusivos” pode levantar muitas dúvidas e que cada situação é única, demandando uma análise específica de acordo com as circunstâncias de cada caso.

Se você tiver alguma questão ou quiser saber mais sobre o assunto, recomendamos a consulta com um advogado especialista.

O suporte jurídico adequado é fundamental para que decisões sejam tomadas de forma consciente e segura.

Artigo de caráter meramente informativo elaborado por profissionais do escritório Valença, Lopes e Vasconcelos Advocacia.

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Autor

  • rafa menor

    •Advogada Especialista em Diversas áreas do Direito. Pós-graduada em Direitos Fundamentais e Justiça pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Possui formação em Liderança pela Conquer Business School. Atualmente é coordenadora da equipe jurídica do VLV Advogados.

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