O que é o cumprimento de sentença? Como funciona?

Se você está envolvido em um processo e quer entender o próximo passo, saber como funciona o cumprimento de sentença é essencial.

imagem representando ação de cumprimento de sentença

Ação de cumprimento de sentença: o que é e como funciona!

O cumprimento de sentença é a etapa em que a decisão judicial finalmente sai do papel e começa a produzir efeitos reais.

Muitas pessoas acreditam que, ao ganhar um processo, o pagamento ou a obrigação determinada ocorre automaticamente. Mas não é assim que funciona.

É preciso iniciar um procedimento específico para que a outra parte seja intimada e tenha prazo para pagar.

Caso não cumpra espontaneamente, podem ser aplicadas medidas como multa, penhora de bens, bloqueio de contas ou outras ações destinadas a garantir o resultado prático da decisão.

Neste artigo, entenda os detalhes do cumprimento de sentença e saiba quais as consequências de não seguir as determinações do juiz.

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O que é o cumprimento de sentença?

O cumprimento de sentença é a fase do processo em que a decisão judicial finalmente começa a produzir efeitos concretos.

Depois que o juiz decide quem tem razão, não basta ter a sentença escrita: é preciso fazer com que aquilo seja cumprido na prática.

Por isso, o cumprimento de sentença funciona como um segundo momento:

➛ o vencedor aciona o Judiciário para obrigar a outra parte a pagar o valor devido, entregar um bem, cumprir uma obrigação de fazer ou deixar de fazer.

Na prática, é o caminho que transforma uma vitória no papel em um resultado real.

Essa etapa é essencial porque muitas pessoas acreditam que ganhar a ação já significa receber de imediato.

Mas, na verdade, a execução só começa quando o credor solicita formalmente ao juiz o início do cumprimento.

Qual o prazo do cumprimento de sentença?

Os prazos do cumprimento de sentença dependem do que a decisão judicial determinou, mas o Código de Processo Civil traz regras importantes.

Depois do fim da fase de provas, o juiz deve proferir a sentença em até 30 dias, prorrogáveis por mais 30, conforme o art. 226, III, do CPC.

Quando a condenação envolve pagamento de dinheiro, começa a contar o prazo do art. 523 do CPC, que dá 15 dias para o devedor pagar voluntariamente.

Se não houver pagamento, a dívida aumenta automaticamente com multa de 10% e honorários de mais 10%, além da possibilidade de penhora de bens ou bloqueio de contas.

Nas obrigações de fazer ou não fazer, o prazo também costuma ser de 15 dias, conforme o art. 536 do CPC, mas o foco é na realização da conduta determinada pelo juiz.

Já nos casos de pensão alimentícia, o prazo é bem mais rígido: o art. 528 do CPC exige pagamento em 3 dias ou apresentação de justificativa, por se tratar de verba essencial.

O que vem depois do cumprimento de sentença?

Se o devedor não paga de forma voluntária, a fase seguinte é a execução forçada.

Nesse momento, o credor pode solicitar diversas medidas ao juiz para localizar e bloquear bens que garantam o pagamento da dívida. As ferramentas mais comuns incluem:

Caso algum bem ou valor seja encontrado, ele é penhorado, avaliado e depois convertido em pagamento. Se a dívida for quitada, o processo é encerrado.

Mas se houver divergência nos cálculos, excesso de execução ou qualquer irregularidade, o devedor ainda pode apresentar defesa, garantindo que a cobrança ocorra de forma justa e proporcional.

Em alguns casos, depois dessa fase, pode haver até mesmo leilão judicial de bens para satisfazer o crédito.

Como funciona a multa no cumprimento de sentença?

A multa no cumprimento de sentença funciona como um instrumento de pressão legal para evitar que o devedor prolongue o processo ou simplesmente ignore a decisão judicial.

Assim que termina o prazo de 15 dias para pagamento voluntário, a lei determina automaticamente duas penalidades:

  1. uma multa de 10% sobre o valor da dívida
  2. e honorários advocatícios também de 10%, elevando o débito em 20% de imediato.

Além disso, esse valor passa a sofrer juros de mora e correção monetária, o que faz a dívida aumentar ainda mais ao longo do tempo.

Essa penalidade tem duplo objetivo: punir quem não cumpre a sentença dentro do prazo e estimular o devedor a pagar antes que a situação se agrave.

Após a aplicação da multa, o processo entra na fase de execução forçada, em que o juiz pode determinar medidas mais severas, como penhora e bloqueio de contas bancárias.

Por isso, o pagamento voluntário dentro do prazo legal costuma ser a alternativa mais vantajosa, evitando custos adicionais, constrangimentos patrimoniais e prolongamento desnecessário.

Como ocorre a intimação no cumprimento de sentença?

Forma de intimação Para quem se destina Quando é utilizada Efeitos práticos
Diário de Justiça Eletrônico (DJE) Advogado da parte devedora Regra geral nos processos com advogado constituído Inicia o prazo de 15 dias para pagamento voluntário antes das medidas coercitivas
Carta com AR (Aviso de Recebimento) Próprio devedor Quando não há advogado ou após longo tempo do trânsito em julgado, para comunicação direta O prazo de 15 dias conta do recebimento da carta
Meio eletrônico Empresas e entes cadastrados em sistema eletrônico Quando a parte está habilitada para receber intimações digitais Produz os mesmos efeitos da intimação pelo DJE quanto ao prazo e à cobrança
Edital Devedor revel ou não localizado Situações excepcionais, após tentativas de localização frustradas Permite o início do prazo mesmo sem ciência pessoal do devedor
Observação geral Depende de intimação válida, conforme o CPC Sem intimação não correm multa de 10%, honorários de 10% nem se aplicam penhora e bloqueios

A intimação ocorre, na maioria dos casos, de forma eletrônica, diretamente ao advogado cadastrado no processo.

Essa é a forma mais comum porque proporciona rapidez, segurança e transparência.

Para pessoas que não têm advogado ou em processos físicos, a intimação pode ocorrer por carta, oficial de justiça ou até edital, dependendo da situação.

A partir do momento em que essa intimação acontece, começa oficialmente a contagem do prazo para pagamento.

Essa formalidade é indispensável porque garante que o devedor seja avisado de maneira correta e tenha a oportunidade de pagar sem ser penalizado injustamente.

Somente depois dessa comunicação oficial a multa e os honorários podem ser aplicados.

Além disso, ela assegura que todas as medidas posteriores — como penhora, bloqueios e cobranças — sejam plenamente válidas perante a lei.

O que acontece se não entrar com cumprimento de sentença?

Se o credor não inicia o cumprimento de sentença, a decisão do juiz não gera efeito prático algum.

A Justiça não faz a cobrança automaticamente: é necessário que o vencedor do processo peça ao juiz para começar essa fase.

Sem esse pedido, não há penhora, não há bloqueio de contas e nenhum valor é pago.

Além disso, existe um ponto importante: após o trânsito em julgado, o credor tem até dois anos para dar início ao cumprimento caso queira garantir os honorários sucumbenciais.

Se perder esse prazo, pode deixar de receber essa verba, e o processo pode até ser arquivado por falta de movimentação.

Por isso, é essencial agir rapidamente para transformar a sentença em resultado real.

Diferença entre cumprimento de sentença provisório e definitivo

O cumprimento provisório acontece antes do trânsito em julgado, quando a decisão ainda pode ser modificada por recurso.

Ele permite que o credor comece a cobrar mesmo sem a decisão final, evitando atrasos e protegendo o processo contra manobras do devedor.

Porém, como a sentença ainda não é definitiva, o credor assume o risco: se a decisão for reformada, ele pode ter que reparar eventuais prejuízos causados ao devedor.

Por isso, para atos mais sensíveis — como levantar valores ou vender bens penhorados — a lei exige uma caução, funcionando como garantia.

Já o cumprimento definitivo ocorre depois do trânsito em julgado, quando a decisão é final e não pode mais ser alterada.

Nesse caso, o credor pode executar plenamente a sentença, com penhora, bloqueio de contas e leilão de bens, sem risco de reversão e sem necessidade de caução.

É a fase mais segura e efetiva para transformar o direito reconhecido em pagamento real.

Um recado final para você!

Imagem representando advogado civil.

Em caso de dúvidas, procure assistência jurídica!

Sabemos que o tema pode levantar muitas dúvidas e que cada situação é única, demandando uma análise específica de acordo com as circunstâncias de cada caso.

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Artigo de caráter meramente informativo elaborado por profissionais do escritório Valença, Lopes e Vasconcelos Advocacia

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Autor

  • joao valenca

    •Advogado (43370 OAB) especialista em diversas áreas do Direito e Co-fundador do escritório VLV Advogados, empresa referência há mais de 10 anos no atendimento humanizado e mais de 5 mil cidades atendidas em todo o Brasil.

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