Misoginia: o que é e como identificar? Entenda!
Descubra o que é misoginia, como ela se manifesta na sociedade, quais são suas origens e os impactos legais e sociais desse tipo de violência contra as mulheres. Entenda também o que diz a legislação brasileira sobre o tema.
A misoginia é um problema estrutural que afeta diretamente a vida de milhões de mulheres todos os dias, mesmo quando passa despercebida.
Trata-se de um tipo de preconceito profundamente enraizado na sociedade, que vai muito além de atitudes isoladas: envolve discursos, comportamentos, práticas institucionais e até decisões políticas que reforçam a desigualdade de gênero.
O termo tem origem grega e significa, literalmente, “ódio às mulheres”, mas, na prática, a misoginia se apresenta de formas sutis e explícitas — desde piadas ofensivas até a exclusão de mulheres em espaços de poder e casos graves de violência.
Entender o que é misoginia, como ela surge, como se perpetua e de que maneira pode ser combatida é fundamental para quem deseja viver em uma sociedade mais justa e igualitária.
Ao longo deste artigo, você vai encontrar informações detalhadas sobre o conceito de misoginia, exemplos práticos do cotidiano, dados preocupantes e o que a legislação brasileira prevê sobre o assunto, inclusive com base na Lei do Feminicídio e na Lei Maria da Penha.
Se você quer saber como identificar esse comportamento e o que fazer diante de situações misóginas, este conteúdo é para você.
Sabemos que questões jurídicas podem gerar dúvidas, e entender seus direitos é essencial para tomar decisões informadas. Em caso de dúvidas sobre o assunto, entre em contato: clique aqui!
Desse modo, pensando em te ajudar, preparamos este artigo no qual você aprenderá:
O que é misoginia?
Misoginia é o ódio, desprezo ou aversão às mulheres.
Trata-se de um comportamento discriminatório que se manifesta por meio de atitudes, palavras, práticas sociais e até mesmo políticas que inferiorizam, desvalorizam ou excluem mulheres simplesmente por serem mulheres.
A misoginia pode ocorrer de forma explícita — como agressões verbais ou físicas —, mas também de forma sutil, por meio de piadas ofensivas, silenciamento em ambientes profissionais, negação de direitos e perpetuação de estereótipos de gênero.
Esse tipo de preconceito não é apenas uma questão moral ou cultural — no Brasil, este preconceito pode configurar crime, especialmente quando está ligada à violência doméstica, sexual ou ao feminicídio, conforme previsto na Lei Maria da Penha e na Lei do Feminicídio.
Reconhecer e entender o que é misoginia é o primeiro passo para combatê-la e promover uma sociedade mais justa, onde as mulheres tenham seus direitos plenamente respeitados.
É crime ser misógino?
Sim, a misoginia pode ser considerada crime no Brasil, dependendo da forma como ela se manifesta.
Embora o termo “misoginia” não apareça expressamente no Código Penal, ações misóginas que resultam em violência, discriminação ou humilhação contra a mulher podem configurar diversos crimes previstos em lei, especialmente quando envolvem violação de direitos fundamentais.
A Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) é um dos principais instrumentos legais no combate à misoginia, pois protege mulheres em situação de violência doméstica e familiar, inclusive quando essa violência é psicológica, moral, sexual ou patrimonial — todas formas de manifestação da misoginia.
Já a Lei do Feminicídio (Lei nº 13.104/2015) alterou o Código Penal para prever como agravante o assassinato de mulheres por razões ligadas à sua condição de gênero, ou seja, pelo simples fato de serem mulheres.
Além disso, comportamentos misóginos também podem ser enquadrados em crimes como injúria preconceituosa, discriminação de gênero, assédio sexual, difamação ou violência psicológica contra a mulher (Lei nº 14.188/2021).
Portanto, quando este preconceito ultrapassa o campo da opinião e se transforma em violência, discriminação ou ofensa, ela deixa de ser apenas um problema social e passa a ser uma conduta punível judicialmente.
O que é ser uma pessoa misógina?
Ser uma pessoa misógina significa nutrir ou expressar ódio, desprezo ou aversão por mulheres, com base em uma visão de que elas são inferiores, menos capazes ou menos dignas de respeito do que os homens.
Esse comportamento pode se manifestar de várias formas, desde atitudes agressivas e violentas até comentários sutis, piadas ofensivas, exclusão em ambientes profissionais ou desvalorização da opinião feminina.
Uma pessoa misógina costuma reforçar estereótipos de gênero, deslegitimar a presença da mulher em espaços de poder, minimizar suas conquistas ou culpabilizá-las por situações de violência.
Em muitos casos, a misoginia está tão enraizada culturalmente que esses comportamentos passam despercebidos, tanto por quem os pratica quanto por quem os sofre.
No entanto, mesmo quando disfarçada de “brincadeira” ou “opinião pessoal”, este preconceito contribui para a manutenção da desigualdade de gênero e pode configurar atos passíveis de punição, conforme a legislação brasileira.
Qual a diferença entre machismo e misoginia?
Qual a diferença entre machismo e misoginia?
A diferença entre machismo e misoginia está principalmente na intensidade e na forma de manifestação do preconceito contra as mulheres.
O machismo é um conjunto de comportamentos, crenças e atitudes baseadas na ideia de superioridade do homem sobre a mulher.
Ele está presente em práticas sociais que reforçam papéis tradicionais de gênero, como a crença de que a mulher deve cuidar da casa e o homem deve prover o sustento.
O machismo muitas vezes se manifesta de forma cultural e estrutural, reproduzido até mesmo de maneira inconsciente, por meio de piadas, estereótipos, desigualdades no mercado de trabalho ou limitações impostas às mulheres em diversos espaços.
Já a misoginia é uma forma mais grave e intencional de preconceito: trata-se de um ódio, aversão ou desprezo direto às mulheres.
A pessoa misógina não apenas acredita que os homens são superiores, mas nutre hostilidade contra mulheres, podendo chegar a atitudes violentas, humilhações, perseguições, discriminações e até feminicídio.
Em resumo, todo misógino é machista, mas nem todo machista é misógino. Enquanto o machismo se sustenta em crenças culturais e sociais de desigualdade, a misoginia é marcada pelo comportamento de ódio deliberado contra as mulheres.
Ambos são prejudiciais e devem ser combatidos, mas este preconceito é ainda mais nociva, pois muitas vezes resulta em violência direta e crimes.
Quais são os tipos de misoginia?
A misoginia pode se manifestar de diversas formas no cotidiano, e conhecer os principais tipos de misoginia é essencial para identificá-la e combatê-la.
Veja os mais comuns:
1. Misoginia institucional:
Ocorre quando leis, normas, políticas ou práticas institucionais discriminam e excluem mulheres, dificultando seu acesso a direitos, cargos de liderança, salários justos ou proteção contra a violência.
Exemplo: diferença salarial entre homens e mulheres ocupando o mesmo cargo.
2. Misoginia simbólica:
Aparece de forma mais sutil, por meio de piadas, expressões populares, estereótipos de gênero, representações midiáticas ou culturais que reforçam a inferioridade da mulher. Pode parecer “brincadeira”, mas alimenta uma cultura de desvalorização feminina.
3. Misoginia interpessoal:
É aquela que ocorre em relações do dia a dia, como no trabalho, em casa, na rua ou nas redes sociais. Pode se expressar por meio de desrespeito, silenciamento, humilhações, assédio, agressões verbais ou físicas.
4. Misoginia internalizada:
É quando a própria mulher adota discursos e comportamentos machistas, acreditando que seu papel deve ser inferior ou subordinado ao do homem. Isso ocorre por influência de uma cultura que a ensinou a se enxergar assim.
5. Misoginia digital:
Muito presente nas redes sociais, essa forma de misoginia inclui ataques online, discursos de ódio, ameaças, assédio virtual e propagação de conteúdos que incentivam o desprezo por mulheres, principalmente aquelas que se posicionam publicamente.
Cada uma dessas formas de misoginia contribui para a manutenção da desigualdade de gênero e pode causar danos profundos à autoestima, à liberdade e à segurança das mulheres.
É essencial reconhecer esses tipos de violência para que possamos enfrentá-los com consciência, empatia e responsabilidade.
O que podemos chamar de misoginia ou sexismo?
Podemos chamar de misoginia ou sexismo qualquer atitude, comportamento ou discurso que diminui, inferioriza ou desvaloriza a mulher por causa do seu gênero.
Enquanto o sexismo envolve a crença de que homens e mulheres devem ocupar papéis diferentes na sociedade (com os homens em posição de superioridade), a misoginia vai além e expressa um ódio ou desprezo direto pelas mulheres.
Ambas as práticas reforçam a desigualdade de gênero e podem causar danos profundos, mesmo quando ocorrem de forma sutil.
Aqui vão alguns exemplos práticos:
- No ambiente de trabalho: Um homem recebe mais do que uma mulher para realizar a mesma função (sexismo). Ou então, uma mulher é constantemente interrompida em reuniões ou tem suas ideias ignoradas, enquanto os colegas homens são valorizados. Quando há desprezo pela presença feminina nesse espaço, já se configura misoginia.
- Na vida doméstica: Esperar que a mulher cuide da casa, dos filhos e ainda trabalhe fora, enquanto o homem não divide as tarefas (sexismo). Ridicularizar uma mulher que não quer ser mãe, dizendo que “vai morrer sozinha” ou “não cumpre seu papel” é um exemplo de misoginia.
- Na mídia e redes sociais: Julgar uma mulher pelo modo como se veste, chamando-a de “fácil”, “vulgar” ou “merecedora do que aconteceu” (misoginia). Ou criticar mulheres em cargos de poder apenas por sua aparência ou comportamento “forte demais” (sexismo e misoginia juntos).
- Na cultura e linguagem: Dizer frases como “lugar de mulher é na cozinha” ou “mulher no volante, perigo constante” são exemplos clássicos de sexismo. Já promover ou rir de piadas que ridicularizam o corpo, a inteligência ou a autonomia da mulher é um comportamento misógino.
Esses exemplos mostram que tanto o sexismo quanto a este preconceito estão presentes em diversas áreas da vida e que seu combate exige consciência social, educação de gênero e aplicação das leis quando necessário.
Reconhecer essas atitudes é o primeiro passo para promover relações mais justas e igualitárias.
Um recado final para você!
Sabemos que o tema misoginia pode levantar muitas dúvidas e que cada situação é única, demandando uma análise específica de acordo com as circunstâncias de cada caso.
Se você tiver alguma questão ou quiser saber mais sobre o assunto, recomendamos a consulta com um advogado especialista.
O suporte jurídico adequado é fundamental para que decisões sejam tomadas de forma consciente e segura.
Artigo de caráter meramente informativo elaborado por profissionais do escritório Valença, Lopes e Vasconcelos Advocacia
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