Tutela de urgência: o que é e como funciona no Novo CPC?
Seu direito não pode esperar? Entenda quando a tutela de urgência pode proteger você de prejuízos irreversíveis antes mesmo da sentença final.
Se você precisa de uma resposta rápida da Justiça para proteger um direito seu, como evitar um despejo, garantir um tratamento médico ou impedir o bloqueio de uma conta bancária, é provável que já tenha ouvido falar na chamada tutela de urgência.
Essa medida, prevista no Novo Código de Processo Civil (CPC), foi criada justamente para lidar com situações que não podem esperar a decisão final do processo.
Entender como esse tipo de tutela funciona, quem pode pedir, quais documentos são necessários e em que casos ela se aplica é fundamental para agir no momento certo e evitar prejuízos maiores.
Neste artigo, você vai encontrar respostas claras e objetivas para as principais dúvidas sobre a tutela de urgência, com base na legislação e na prática jurídica atual.
Sabemos que questões jurídicas podem gerar dúvidas, e entender seus direitos é essencial para tomar decisões informadas. Em caso de dúvidas sobre o assunto, entre em contato: clique aqui!
Desse modo, pensando em te ajudar, preparamos este artigo no qual você aprenderá:
- O que significa uma tutela de urgência?
- Quais são os tipos de tutela de urgência?
- Quem pode requerer tutela de urgência?
- Em quais situações a tutela de urgência pode ser aplicada?
- O que é fumus boni iuris e periculum in mora?
- Quais são os requisitos para um pedido de liminar em tutela antecipada?
- Como funciona um pedido de tutela de urgência em um processo?
- Quanto tempo demora um pedido de tutela de urgência?
- Preciso de um advogado para pedir uma tutela de urgência?
- Um recado final para você!
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O que significa uma tutela de urgência?
A tutela de urgência é uma medida judicial prevista no Código de Processo Civil (CPC), concedida quando há risco de que o direito de alguém seja prejudicado pela demora no andamento de um processo.
Ela serve para antecipar os efeitos de uma decisão judicial ou assegurar que um direito seja preservado até o julgamento final da causa.
De forma simples, a tutela de urgência permite que o juiz decida rapidamente sobre uma questão essencial e urgente, mesmo antes de concluir o processo.
A concessão depende da presença de dois requisitos fundamentais: a probabilidade do direito alegado e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo, conforme disposto no artigo 300 do CPC.
Essa medida é provisória, ou seja, pode ser revista ou revogada ao longo da tramitação do processo.
No entanto, é decisiva para proteger situações que não podem esperar, como fornecimento de medicamentos, bloqueio de bens ou suspensão de cobranças indevidas.
Quais são os tipos de tutela de urgência?
A legislação brasileira prevê duas espécies de tutela de urgência: a tutela de urgência antecipada e a tutela de urgência cautelar.
Ambas possuem objetivos distintos, ainda que partam dos mesmos fundamentos legais.
Tutela de urgência antecipada
A tutela de urgência antecipada serve para adiantar os efeitos do pedido principal da ação.
Ou seja, o juiz antecipa, de forma provisória, aquilo que será decidido no final do processo.
Um exemplo prático seria o caso de uma pessoa que solicita pensão alimentícia e comprova que precisa do valor imediatamente para sua sobrevivência.
O juiz, nesse caso, pode autorizar o pagamento antes da sentença final.
Tutela de urgência cautelar
Já a tutela de urgência cautelar não entrega de imediato o direito pretendido, mas protege a eficácia da futura decisão judicial.
É uma forma de assegurar que o resultado do processo não será prejudicado por algum fato ocorrido no meio do caminho.
Um exemplo clássico é o pedido de indisponibilidade de bens para evitar que o devedor se desfaça do patrimônio antes da sentença.
Essas tutelas também podem ser requeridas de forma incidental, dentro de um processo já existente, ou antecedente, antes mesmo do ajuizamento da ação principal, conforme artigos 303 e 305 do CPC.
Quem pode requerer tutela de urgência?
A tutela de urgência pode ser requerida por qualquer pessoa que seja parte em um processo judicial, seja autor ou réu, desde que comprove que seus direitos estão em risco imediato.
Isso inclui tanto pessoas físicas quanto jurídicas, desde que apresentem uma situação concreta de urgência.
O pedido deve ser fundamentado com documentos que demonstrem, de forma clara, a probabilidade do direito e o risco de dano irreparável.
Também é importante demonstrar que o tempo é um fator crítico, ou seja, que aguardar a conclusão do processo pode inviabilizar o direito ou torná-lo ineficaz.
Essa possibilidade está prevista expressamente no artigo 300 do CPC.
É essencial contar com um advogado para realizar esse pedido, já que ele exige conhecimento técnico, argumentação jurídica e preparo de provas adequadas.
Em quais situações a tutela de urgência pode ser aplicada?
A tutela de urgência pode ser aplicada em diversas situações jurídicas, desde que se comprove que a demora no processo representa um risco real.
Alguns exemplos bastante comuns incluem:
- Casos de negativa de tratamento médico urgente por plano de saúde.
- Situações em que há ameaça de despejo indevido.
- Necessidade de bloqueio de valores para garantir futura execução.
- Suspensão de cobrança abusiva ou negativação indevida.
- Proteção de direitos de crianças e adolescentes em contextos familiares urgentes.
Em todos esses casos, o que justifica a concessão da medida é o fato de que esperar pela sentença final pode causar um prejuízo irreversível ou de difícil reparação.
A urgência é sempre o ponto central da análise do juiz.
O que é fumus boni iuris e periculum in mora?
O fumus boni iuris e o periculum in mora são os dois requisitos centrais para a concessão da tutela de urgência.
Esses termos, de origem latina, ainda são amplamente utilizados no meio jurídico por sua precisão técnica.
O fumus boni iuris, ou “fumaça do bom direito”, representa a probabilidade de que o direito alegado pelo autor realmente exista.
Ou seja, o juiz analisa se há indícios suficientes, com base nos documentos apresentados, de que aquele pedido é legítimo e bem fundamentado.
Já o periculum in mora, ou “perigo da demora”, refere-se ao risco de que o direito seja prejudicado pela demora na decisão judicial. O dano pode ser físico, patrimonial, emocional ou até mesmo irreversível.
O artigo 300 do CPC exige a presença simultânea desses dois elementos. Sem eles, o juiz não pode deferir a medida, pois faltaria respaldo técnico e legal para interferir provisoriamente no processo.
Quais são os requisitos para um pedido de liminar em tutela antecipada?
Para que o juiz conceda uma liminar com base na tutela de urgência antecipada, é preciso atender a requisitos específicos, que garantem a legalidade e a proporcionalidade da medida.
Primeiramente, o pedido deve demonstrar claramente o fumus boni iuris e o periculum in mora, como já explicado.
Além disso, o artigo 300, §3º do CPC estabelece que a tutela de urgência antecipada não será concedida se houver risco de irreversibilidade dos efeitos da decisão.
Na prática, isso significa que o juiz deve avaliar se a medida pode ser revertida posteriormente, caso fique comprovado que o direito não existia.
Por exemplo, se um medicamento for fornecido pelo plano de saúde por força de liminar, essa decisão é reversível.
Já a entrega definitiva de um imóvel, por outro lado, pode ser de difícil reversão, o que inviabilizaria a concessão.
Outro requisito é a apresentação de provas documentais sólidas, que sustentem a urgência e o mérito do pedido.
Quanto mais consistente for a argumentação jurídica e os documentos apresentados, maiores são as chances de deferimento.
Como funciona um pedido de tutela de urgência em um processo?
O pedido de tutela de urgência pode ser apresentado de duas formas: como tutela antecedente ou como tutela incidental.
Na tutela antecedente, o pedido é feito antes mesmo da ação principal, por meio de uma petição inicial simplificada.
Esse formato é indicado quando a urgência é tão imediata que não permite a elaboração completa da ação.
Conforme o artigo 303 do CPC, depois de concedida a medida, o autor deve complementar os elementos da petição inicial em até 15 dias.
Já na tutela incidental, o pedido é feito durante um processo em andamento, como uma petição no curso da ação.
Nesse caso, a parte demonstra que a urgência surgiu após o início do processo ou que já havia sido prevista, mas não se concretizou antes.
Em ambos os casos, o juiz pode decidir liminarmente, ou seja, sem ouvir a outra parte, quando a urgência for evidente. Caso contrário, poderá determinar a intimação da parte contrária antes de decidir.
A depender da matéria, audiências e provas podem ser exigidas, especialmente se os fatos forem complexos ou contestados.
Quanto tempo demora um pedido de tutela de urgência?
O tempo para a análise de um pedido de tutela de urgência pode variar bastante.
Em casos mais simples, o juiz pode decidir no mesmo dia ou em até 48 horas, especialmente quando os documentos são claros e os fatos estão bem comprovados.
No entanto, nem todos os pedidos são analisados imediatamente. A depender da disponibilidade da vara, da complexidade do caso e da necessidade de ouvir a parte contrária, esse prazo pode se estender por alguns dias ou até semanas.
É importante entender que, embora a urgência justifique uma decisão rápida, o juiz deve sempre respeitar o contraditório e a legalidade.
Por isso, atuar com agilidade, reunir provas consistentes e formalizar o pedido corretamente são atitudes que ajudam a garantir uma análise mais célere.
Preciso de um advogado para pedir uma tutela de urgência?
Sim, é indispensável o acompanhamento de um advogado para solicitar tutela de urgência.
Embora a lei permita que algumas ações tramitem sem advogado em juizados especiais, a complexidade técnica desse tipo de pedido exige conhecimentos jurídicos aprofundados, tanto para redigir a petição quanto para identificar os fundamentos legais aplicáveis.
Um advogado saberá avaliar se realmente há os requisitos da tutela de urgência, reunir os documentos corretos, fundamentar juridicamente o pedido e agir com rapidez, o que pode fazer toda a diferença na concessão da medida.
Além disso, é o advogado que acompanha o desdobramento do processo após a liminar, atuando na defesa dos interesses do cliente e garantindo o cumprimento da decisão judicial.
Buscar ajuda profissional também traz segurança, evita erros processuais e aumenta a chance de sucesso, sempre dentro dos limites legais e éticos previstos pelo Estatuto da OAB e pelo próprio CPC.
Um recado final para você!
Sabemos que o tema “tutela de urgência” pode levantar muitas dúvidas e que cada situação é única, demandando uma análise específica de acordo com as circunstâncias de cada caso.
Se você tiver alguma questão ou quiser saber mais sobre o assunto, recomendamos a consulta com um advogado especialista. O suporte jurídico adequado é fundamental para que decisões sejam tomadas de forma consciente e segura.
Artigo de caráter meramente informativo elaborado por profissionais do escritório Valença, Lopes e Vasconcelos Advocacia
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