Prisão Cautelar: Saiba quando se aplica!
Saiba como funciona a prisão cautelar no Brasil, incluindo a prisão temporária e preventiva, suas características, e os direitos dos acusados!
A prisão cautelar é uma espécie de prisão excepcional e provisória, aplicada antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória (ou seja, antes que a decisão judicial seja definitiva e não haja mais possibilidade de recursos).
Esse tipo de prisão ocorre durante as fases de investigação ou do processo penal e tem como objetivo garantir que a apuração dos fatos aconteça sem que haja risco para a investigação ou para a sociedade.
No sistema penal brasileiro, a liberdade é a regra. Isso significa que, em tese, uma pessoa só deveria ser presa ao final de um processo penal, quando há uma condenação definitiva.
No entanto, existem situações em que a prisão pode ocorrer antes do fim do processo, como no caso das prisões cautelares, que são aplicadas de forma excepcional para garantir a ordem pública, a instrução do processo ou a aplicação da lei penal.
Assim, essas prisões são consideradas medidas de proteção e prevenção, e não uma punição antecipada.
Por isso, ao contrário do que as pessoas acreditam, não existe apenas uma espécie de prisão, uma vez que nossa legislação prevê duas espécies: prisão cautelar e a prisão-pena.
Sabemos que questões jurídicas podem gerar dúvidas, e entender seus direitos é essencial para tomar decisões informadas. Em caso de dúvidas sobre o assunto, entre em contato: https://forms.gle/GmG5qjiVa2tpoejf7.
Desse modo, pensando em te ajudar, preparamos este artigo no qual você aprenderá:
O que é a prisão cautelar?
A prisão cautelar é aplicada para garantir que o processo penal ou a investigação sigam sem interferências, preservando a ordem pública e a aplicação da lei.
Ela só pode ser decretada em situações muito específicas e excepcionais, nas quais outras medidas cautelares não seriam suficientes para garantir o bom andamento do processo.
Alguns exemplos de medidas cautelares alternativas à prisão são: uso de tornozeleira eletrônica, proibição de contato com determinadas pessoas e recolhimento domiciliar noturno.
Princípios da medida cautelar de prisão
A prisão cautelar deve seguir alguns princípios, que são:
- Excepcionalidade: Não pode ser decretada de forma indiscriminada; deve ser aplicada apenas em casos em que realmente se justifica a sua necessidade.
- Proporcionalidade: A prisão cautelar precisa ser adequada à gravidade do crime e à situação do acusado, para evitar abusos.
- Necessidade: Só deve ser aplicada quando for imprescindível para evitar que o acusado atrapalhe o processo ou represente um risco à sociedade.
Qual a diferença entre prisão cautelar e prisão pena?
Prisão Cautelar:
A prisão cautelar acontece antes do julgamento final, quando ainda não há uma sentença condenatória definitiva.
Seu objetivo é evitar que o acusado atrapalhe as investigações, como destruir provas ou ameaçar testemunhas, ou impedir que continue cometendo crimes. Um exemplo é quando alguém é preso preventivamente por ser considerado perigoso à sociedade.
Prisão-Pena:
Já a prisão-pena só ocorre depois que o processo chega ao fim e o juiz decide pela condenação do réu. Esse tipo de prisão é uma forma de punição para quem foi considerado culpado por um crime.
Um exemplo é uma pessoa que, após ser julgada, é condenada a cumprir pena de reclusão por 5 anos em regime fechado.
Essa distinção é fundamental porque, enquanto a prisão cautelar é uma medida temporária e excepcional, a prisão-pena é a consequência da condenação.
Quais são os tipos de prisão cautelar?
Existem três modalidades de prisão cautelar previstas na legislação brasileira. Cada uma delas possui características específicas, que determinam quando e como podem ser aplicadas. São elas:
Prisão em Flagrante
A prisão em flagrante ocorre quando uma pessoa é pega no exato momento em que está cometendo um crime, ou imediatamente após cometê-lo. Existem algumas situações que caracterizam o flagrante:
- Quando a pessoa é surpreendida cometendo o crime.
- Quando é perseguida logo após cometer o crime.
- Quando é encontrada com objetos que comprovam que acabou de cometer um crime.
Nesses casos, em até 24 horas, você deve ser encaminhado a uma autoridade competente, que te ouvirá na audiência de custódia.
Assim, neste momento, o juiz poderá relaxar a prisão ilegal, decretar a prisão preventiva, conceder a liberdade provisória ou tomar outras medidas cautelares.
Prisão Temporária
A prisão temporária é uma modalidade de prisão cautelar que só pode ser aplicada durante a fase de investigação. O juiz a decreta para facilitar a coleta de provas ou proteger o andamento das investigações. A sua duração é limitada:
- Até 5 dias, prorrogáveis por mais 5 dias, para crimes comuns.
- Até 30 dias, prorrogáveis por mais 30 dias, para crimes hediondos (crimes de extrema gravidade, como homicídio qualificado, sequestro e estupro).
Por fim, ao fim do prazo, você deve ser solto imediatamente.
Prisão Preventiva
A prisão preventiva é a modalidade mais severa, pois não possui um prazo máximo definido por lei. Pode ser decretada tanto na fase de investigação quanto durante o andamento do processo penal.
No entanto, a prisão preventiva deve ser fundamentada em requisitos legais, como o risco de fuga do acusado, a possibilidade de que ele cometa novos crimes ou que ameace testemunhas.
A prisão cautelar é uma antecipação da pena?
Não, a prisão cautelar não é uma antecipação da pena, pois o Supremo Tribunal Federal (STF) considera a antecipação de pena inconstitucional, exceto quando beneficia o réu.
Segundo a Súmula 716 do STF, uma pessoa não pode começar a cumprir pena antes de ser condenada, a menos que isso lhe seja favorável.
Além disso, a Constituição Federal em seu artigo 5º garante a presunção de inocência, que estabelece que uma pessoa deve ser considerada inocente até que seja condenada definitivamente.
No entanto, vamos supor que você cometa um crime de roubo e fique presa pelo período de um ano, enquanto aguarda o julgamento.
Após o fim do processo, o juiz determina que você deverá ficar preso por um período de 6 anos em regime fechado.
Assim, considerando que você já cumpriu um ano da pena, só será necessário cumprir mais 5 anos. Além disso, como a progressão do regime fechado para o regime semi-aberto ocorre após o cumprimento de ⅙ da pena, você também terá esse direito.
Portanto, em casos assim, a antecipação da pena te beneficia e poderá ser implementada. Contudo, caso ela o prejudicasse, não poderia haver antecipação.
Qual é o prazo da prisão cautelar?
A prisão cautelar no Brasil, que inclui modalidades como a prisão temporária e a preventiva, é regulamentada por diferentes prazos e condições que visam garantir a legalidade e a necessidade de manutenção da prisão, sempre considerando o princípio da presunção de inocência e os direitos do acusado.
Prazo da Prisão Temporária:
A prisão temporária tem um prazo estritamente definido pela legislação brasileira:
- Crimes comuns: A duração inicial é de 5 dias, que podem ser prorrogados por mais 5 dias, caso as investigações justifiquem.
- Crimes hediondos e equiparados: Em situações envolvendo crimes de maior gravidade, como tráfico de drogas, homicídio qualificado ou estupro, a prisão temporária pode ser decretada por 30 dias, prorrogáveis por mais 30.
A prisão temporária só é permitida durante a fase de investigação policial, antes da denúncia ser formalizada pelo Ministério Público.
Após o término desse prazo, o suspeito deve ser solto imediatamente, salvo se houver outro fundamento que justifique a continuidade da detenção, como a decretação de uma prisão preventiva.
Prazo da Prisão Preventiva:
Diferente da prisão temporária, a prisão preventiva não possui um prazo máximo predefinido por lei, o que significa que ela pode durar enquanto persistirem os fundamentos que motivaram a sua decretação.
No entanto, para garantir que essa modalidade de prisão não se prolongue de forma arbitrária ou desnecessária, a legislação prevê algumas garantias:
- Revisão periódica: A cada 90 dias, o juiz responsável pelo caso deve revisar a necessidade de manter a prisão preventiva. Caso essa revisão não seja realizada, a prisão poderá ser considerada ilegal, cabendo à defesa solicitar a liberdade do acusado.
- Duração adequada ao processo: Apesar de não ter um prazo determinado, a prisão preventiva deve respeitar o princípio da proporcionalidade, sendo adequada à gravidade do crime e ao tempo razoável necessário para a conclusão da investigação ou do processo penal.
A prisão preventiva é aplicada para garantir a ordem pública, a integridade das provas, a segurança das vítimas e testemunhas, ou para assegurar a aplicação da lei penal, especialmente quando há risco de fuga do acusado.
Por essa razão, ela pode perdurar até a conclusão do processo, desde que a necessidade seja justificada e revisada periodicamente.
Como conseguir a liberdade?
Mesmo que a liberdade seja uma regra em nosso sistema jurídico atual, possibilitando a aplicação de medidas cautelares diversas à prisão, em algumas situações a prisão cautelar acaba sendo necessária.
É comum, também, que pessoas passem longos períodos presas de forma cautelar, e muitas vezes, ao final do processo, sejam consideradas inocentes.
Nesses momentos, a melhor atitude a ser tomada é a contratação de um advogado especializado em direito penal.
O papel de um advogado especializado é crucial para garantir que os direitos do acusado sejam respeitados e que a prisão cautelar, se decretada, obedeça aos princípios da necessidade e proporcionalidade.
Considerando que ele conhece os pormenores do processo penal, poderá auxiliar o acusado em todos os momentos ao mesmo tempo em que trabalha para conseguir sua liberdade, seja através do pedido de liberdade provisória ou de um habeas corpus.
Considerações finais
A prisão cautelar é uma medida excepcional, mas que pode ser fundamental para assegurar que a justiça seja feita de forma adequada e que as investigações não sejam prejudicadas.
Contudo, é necessário que seja aplicada com muito critério, respeitando sempre os direitos fundamentais de quem ainda não foi condenado.
Assim, entender suas modalidades e os requisitos legais para sua aplicação é essencial para qualquer pessoa que se veja envolvida em um processo penal ou queira compreender melhor como funciona o sistema de justiça brasileiro.
Um recado final para você!
Sabemos que o tema “Prisão cautelar” pode levantar muitas dúvidas e que cada situação é única, demandando uma análise específica de acordo com as circunstâncias de cada caso.
Se você tiver alguma questão ou quiser saber mais sobre o assunto, recomendamos a consulta com um advogado especialista. O suporte jurídico adequado é fundamental para que decisões sejam tomadas de forma consciente e segura.
Artigo de caráter meramente informativo elaborado por profissionais do escritório Valença, Lopes e Vasconcelos Advocacia.
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