Crimes cometidos por adolescentes | O que diz a lei?
No Brasil, adolescentes entre 12 e 18 anos que cometem atos que seriam crimes se praticados por adultos não são julgados pelo Código Penal comum, mas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).Â
Se você está lendo este artigo, provavelmente tem dúvidas sobre como o sistema jurÃdico brasileiro trata os adolescentes que cometem crimes.
Essa é uma questão complexa, que envolve muitos aspectos legais, sociais e humanos.
No Brasil, quando um menor de idade comete uma infração, o ato não é tratado como um “crime” na linguagem técnica, mas sim como um ato infracional.
Isso muda bastante a forma como o sistema de justiça lida com o caso.
Neste texto, vamos explicar para você como a lei entende esses atos, quais são as medidas aplicadas, como funciona o processo judicial e o que acontece em casos mais graves, como os chamados crimes hediondos.
Sabemos que questões jurÃdicas podem gerar dúvidas, e entender seus direitos é essencial para tomar decisões informadas. Em caso de dúvidas sobre o assunto, entre em contato: clique aqui!
Desse modo, pensando em te ajudar, preparamos este artigo no qual você aprenderá:
- Crimes cometidos por adolescentes no Brasil
- O que diz a lei sobre adolescentes que cometem crimes?
- Como os adolescentes respondem por crimes que cometeram?
- Quais medidas socioeducativas são aplicadas aos adolescentes?
- Como funciona o processo judicial para adolescentes criminosos?
- Quais os direitos dos adolescentes durante o processo por infração?
- O que acontece com adolescentes que cometem crimes hediondos?
- Um recado final para você!
- Autor
Crimes cometidos por adolescentes no Brasil
Nos últimos anos, o Brasil tem visto um aumento preocupante na prática de crimes por adolescentes.
Conforme notÃcias, esse comportamento surge de grupos radicais e fóruns online, como os chamados “incel”, que estimulam comportamentos violentos.
Entre os atos infracionais mais comuns cometidos por esses jovens estão o roubo, o tráfico de drogas, o homicÃdio e o furto.
Embora a maioria dessas ações ocorra em grandes centros urbanos, a violência juvenil não se limita a essas regiões.
Mesmo não sendo tecnicamente considerados crimes, os atos praticados por menores de 18 anos refletem uma realidade de violência grave que precisa ser enfrentada.
Por isso, a legislação brasileira busca garantir que a resposta do Estado seja focada na proteção e na recuperação desses adolescentes, e não apenas na punição.
Isso ocorre porque, conforme a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), menores de 18 anos são penalmente inimputáveis.
Ou seja, as condutas praticadas por eles são tratadas como atos infracionais, e não como crimes.
Essa diferença é essencial, pois determina a forma como o sistema de justiça atua, priorizando medidas socioeducativas que têm como objetivo a ressocialização e o desenvolvimento do adolescente.
O que diz a lei sobre adolescentes que cometem crimes?
No Brasil, a legislação entende que adolescentes (pessoas entre 12 e 17 anos incompletos) não podem ser responsabilizados criminalmente como os adultos.
Conforme mencionamos, essa norma está prevista pela Constituição Federal (art. 228) e é reforçada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Na lei, lê-se:
Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial.
Portanto, o que é chamado de “crimes cometidos por adolescentes” são na verdade atos infracionais.
Essa distinção é importante porque muda todo o tratamento jurÃdico dado a essas situações.
O ECA determina que essas condutas sejam tratadas como atos infracionais, e que os jovens sejam submetidos a medidas socioeducativas, com o objetivo principal de promover sua reintegração social.
Assim, a legislação enfatiza que o foco deve ser a proteção, o desenvolvimento e a recuperação do adolescente, respeitando sua condição peculiar de pessoa em formação.
Por isso, mesmo que o ato cometido seja grave, a responsabilização do adolescente não ocorre por meio de penas criminais tradicionais, mas sim por medidas que busquem sua educação e ressocialização.
Como os adolescentes respondem por crimes que cometeram?
Quando um adolescente pratica um ato infracional, ele não responde como um adulto.
Em vez disso, ele é encaminhado a um procedimento especial, que começa geralmente pela apreensão feita pela polÃcia.
Essa apreensão é formalizada em um auto, e o adolescente deve ser apresentado ao Ministério Público e ao juiz da Vara da Infância e Juventude.
Durante o procedimento judicial, o adolescente tem direito à ampla defesa e é assistido por advogado, que pode ser particular ou nomeado pela Defensoria Pública.
O juiz analisa as circunstâncias do ato, a situação pessoal do adolescente e decide qual medida socioeducativa aplicar, buscando sempre a solução que melhor atenda aos interesses do jovem e da sociedade.
O processo é conduzido de maneira especial, garantindo o respeito aos direitos do adolescente e o caráter pedagógico das medidas.
Quais medidas socioeducativas são aplicadas aos adolescentes?
As medidas socioeducativas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente buscam responsabilizar o jovem pela infração, sem abandonar a perspectiva de educação e reintegração.
Entre as medidas mais aplicadas estão:
a) Advertência
Uma repreensão formal, para chamar a atenção do adolescente sobre o erro cometido.
b) Obrigação de reparar o dano
Quando possÃvel, o adolescente deve tentar reparar o prejuÃzo causado, seja por meio de uma compensação financeira ou outra forma.
c) Prestação de serviços à comunidade
O adolescente realiza atividades não remuneradas em instituições públicas ou privadas, ajudando a comunidade.
d) Liberdade assistida
Acompanhamento do adolescente por profissionais especializados, com orientação para a convivência social e cumprimento de regras.
e) Semiliberdade
O jovem permanece em um regime misto, com internação durante a noite e atividades externas durante o dia, como estudo ou trabalho.
f) Internação em estabelecimento educacional
É a medida mais severa, que implica a privação da liberdade em uma unidade especializada, por tempo limitado.
É importante entender que a internação deve ser usada como último recurso, quando as demais medidas não forem suficientes ou em casos de atos graves.
A internação tem um prazo máximo legal de até três anos e deve ser revista periodicamente para avaliar sua necessidade.
Como funciona o processo judicial para adolescentes criminosos?
O processo começa no momento da apreensão do adolescente, que deve ser apresentada rapidamente ao juiz da Infância e Juventude.
Uma audiência de apresentação é realizada, onde o adolescente, seus responsáveis e os órgãos envolvidos discutem a situação.
O Ministério Público atua como fiscal da lei e pode propor a aplicação de medida socioeducativa.
Durante o processo, o adolescente tem direito a ser ouvido, a se defender e a contar com a assistência jurÃdica.
O juiz analisa as provas e decide pela medida mais adequada, considerando não só o ato praticado, mas também as condições pessoais e sociais do jovem.
Durante a execução da medida, o adolescente é acompanhado por profissionais especializados.
Caso a medida seja internação, deve haver reavaliações periódicas para verificar a necessidade de manutenção da privação da liberdade.
Esse processo todo tem um caráter pedagógico, buscando sempre a recuperação do jovem e sua reintegração social.
Quais os direitos dos adolescentes durante o processo por infração?
Mesmo quando estão em conflito com a lei, os adolescentes mantêm direitos fundamentais assegurados pela Constituição e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.
↪ Eles devem ser tratados com respeito e dignidade, sem qualquer forma de violência ou humilhação.
↪ Têm direito a ser informados de maneira clara sobre as razões da apreensão e das acusações, e também a participar do processo, sendo ouvidos e podendo apresentar sua versão.
↪ É garantido o direito à ampla defesa, com a assistência obrigatória de advogado.
↪ Além disso, é assegurado o direito à privacidade, à educação, à saúde e à integridade fÃsica e mental durante todo o procedimento.
A proteção desses direitos é fundamental para que o processo seja justo e respeite a condição peculiar do adolescente.
O que acontece com adolescentes que cometem crimes hediondos?
Quando adolescentes cometem atos infracionais que correspondem a crimes hediondos, como homicÃdio qualificado, latrocÃnio ou estupro, a legislação permite que sejam aplicadas as medidas socioeducativas mais rigorosas.
A internação é a principal medida nesses casos, podendo durar até três anos e sendo revista regularmente para evitar abusos.
Atualmente, há discussões legislativas para ampliar o prazo da internação para até oito anos, especialmente para jovens entre 16 e 17 anos envolvidos em crimes graves.
Mesmo assim, as medidas continuam focadas na proteção e na recuperação do adolescente, respeitando os princÃpios constitucionais e garantindo que seu desenvolvimento não seja comprometido de forma definitiva.
É fundamental que, mesmo nesses casos, o adolescente tenha um advogado para garantir que seus direitos sejam respeitados e que o processo ocorra de acordo com a lei.
Um recado final para você!
Sabemos que o tema pode levantar muitas dúvidas e que cada situação é única, demandando uma análise especÃfica de acordo com as circunstâncias de cada caso.
Se você tiver alguma questão ou quiser saber mais sobre o assunto, recomendamos a consulta com um advogado especialista.
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Artigo de caráter meramente informativo elaborado por profissionais do escritório Valença, Lopes e Vasconcelos Advocacia.
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