Concussão e corrupção passiva: qual a diferença?

Concussão e corrupção passiva são crimes graves contra a administração pública. Saber identificá-los é essencial para denunciar com segurança!

Concussão e corrupção passiva: qual a diferença?

Concussão e corrupção passiva: qual a diferença?

Quando se fala em corrupção no serviço público, muitas dúvidas surgem sobre os tipos de crimes e como identificá-los.

Entre os mais discutidos estão os crimes de concussão e corrupção passiva. Embora parecidos, esses delitos possuem diferenças importantes na forma como ocorrem, no comportamento do agente público e nas consequências legais.

Neste artigo, você vai entender com clareza qual a diferença entre crime de concussão e corrupção passiva, com base na legislação brasileira e nas decisões mais recentes dos tribunais.

Sabemos que questões jurídicas podem gerar dúvidas, e entender seus direitos é essencial para tomar decisões informadas. Em caso de dúvidas sobre o assunto, entre em contato: clique aqui!

O que é o delito de concussão?

O delito de concussão está previsto no artigo 316 do Código Penal Brasileiro.

Ele ocorre quando o funcionário público exige vantagem indevida, direta ou indiretamente, para si ou para outra pessoa, em razão do cargo que ocupa.

Essa exigência pode ocorrer dentro ou fora do horário de trabalho e não depende de o servidor estar no exercício formal da função.

O simples uso da autoridade do cargo para impor a exigência já caracteriza o crime.

A exigência, nesse caso, possui um caráter coercitivo. O servidor se aproveita da sua posição para impor uma condição a alguém, geralmente em um contexto de desigualdade, fazendo com que a vítima se sinta obrigada a ceder, mesmo que contra a vontade.

O crime de concussão se consuma no momento da exigência, ainda que a vantagem não seja recebida.

E o que é corrupção passiva?

A corrupção passiva é definida pelo artigo 317 do Código Penal. Ocorre quando o funcionário público solicita, recebe ou aceita promessa de vantagem indevida, em razão da função que exerce.

Diferente da concussão, aqui não há uma imposição. O servidor se coloca como receptivo à vantagem, podendo até sugeri-la de forma indireta.

É importante destacar que o crime se configura mesmo que a vantagem não seja recebida.

A simples aceitação da promessa ou o ato de solicitar já são suficientes para caracterizar a infração penal.

Além disso, a vantagem não precisa estar relacionada a um ato ilegal.

Se o agente público exige ou aceita algo para fazer o que já seria sua obrigação legal, ainda assim há crime.

Qual a diferença entre corrupção passiva e ativa?

A corrupção ativa está prevista no artigo 333 do Código Penal e é praticada pelo particular (quem não exerce função pública).

Esse delito ocorre quando alguém oferece ou promete vantagem indevida a um funcionário público, com o objetivo de influenciar uma ação, omissão ou decisão do servidor.

Já a corrupção passiva, como vimos, é praticada pelo próprio funcionário público, que solicita ou aceita essa vantagem.

A diferença entre as duas está no agente que pratica a conduta: no primeiro caso, é o particular; no segundo, o servidor.

Essa distinção é essencial para entender as responsabilidades de cada envolvido em casos de corrupção.

Muitas vezes, tanto o particular quanto o servidor podem responder judicialmente, cada um por sua conduta específica.

Qual a diferença entre concussão e corrupção passiva?

A diferença entre concussão e corrupção passiva está principalmente na forma como a vantagem indevida é obtida.

Na concussão, o servidor público exige a vantagem, utilizando-se de sua autoridade de forma coercitiva.

Há um componente de imposição, como se o servidor usasse seu poder para obrigar o outro a pagar ou conceder algo.

Na corrupção passiva, por outro lado, o servidor solicita ou aceita a vantagem sem obrigar diretamente ninguém.

É uma conduta receptiva, na qual o agente demonstra disposição para receber um benefício em troca de algum favorecimento.

Essa diferença, embora sutil, é fundamental para definir o tipo penal correto.

Inclusive, é comum que haja discussões nos tribunais sobre se determinado caso se encaixa como crime de concussão ou corrupção passiva, o que pode alterar a pena e a forma de julgamento.

Veja a seguir uma tabela que resume de forma clara os principais pontos da diferença entre concussão e corrupção passiva, para facilitar a sua compreensão sobre o crime de concussão x corrupção passiva e como cada um se configura na prática:

Concussão x Corrupção Passiva: entenda as diferenças

Aspecto Concussão Corrupção Passiva
Previsão Legal Art. 316 do Código Penal Art. 317 do Código Penal
Conduta do agente Exige vantagem indevida Solicita, recebe ou aceita vantagem indevida
Forma de obtenção Imposição/coação ao particular Atitude receptiva, sem coação
Consumação do crime Com a exigência, mesmo sem recebimento Com a solicitação, aceitação ou recebimento
Pena prevista Reclusão de 2 a 12 anos + multa Reclusão de 2 a 12 anos + multa

O que caracteriza o crime de concussão?

O crime de concussão é caracterizado pelo abuso da função pública com a finalidade de obter vantagem pessoal.

O ponto central está no ato de exigir, que deve ser claro e direto.

Essa exigência pode ser verbal, escrita ou até mesmo implícita, desde que seja possível demonstrar que o agente público usou de sua posição para intimidar ou coagir alguém.

Outro aspecto importante é que a vantagem indevida não precisa ser entregue.

O crime se consuma no momento da exigência, mesmo que a vítima recuse ou denuncie o servidor.

A posição hierárquica do agente, a dependência da vítima e o contexto da situação são fatores avaliados durante o processo judicial.

Quais os elementos que caracterizam a corrupção passiva?

A corrupção passiva exige três elementos principais: o sujeito ativo deve ser um funcionário público, deve haver a solicitação, recebimento ou aceitação de promessa de vantagem indevida, e essa vantagem precisa estar relacionada, ainda que indiretamente, ao exercício do cargo.

Além disso, é necessário que o agente tenha dolo, ou seja, consciência e vontade de praticar o ato. Não se admite corrupção passiva culposa.

Também é irrelevante se o ato prometido pelo servidor será realizado ou não, a intenção e a conduta são suficientes para configurar o delito.

O vínculo entre a vantagem e a função pública é o que diferencia esse crime de outras situações.

Mesmo que o servidor esteja fora do horário de trabalho ou em férias, se o pedido se relacionar ao cargo, a corrupção passiva pode ser configurada.

Qual é um exemplo de corrupção passiva? E de concussão?

Um exemplo clássico de corrupção passiva seria o caso de um servidor público que solicita dinheiro a um cidadão para agilizar a emissão de um alvará, mesmo sem fazer qualquer ameaça.

A pessoa se sente pressionada, mas não há imposição direta.

Já um exemplo de concussão seria o de um policial que, durante uma abordagem, exige pagamento em troca de não aplicar uma multa ou não prender o cidadão.

Aqui há uma clara coação, com uso da função pública como forma de pressão.

Esses exemplos ajudam a visualizar melhor a diferença entre concussão e corrupção passiva, pois mostram como a presença (ou ausência) de intimidação altera a natureza do crime.

Quais são as penas previstas para concussão e corrupção passiva?

Tanto o crime de concussão quanto o de corrupção passiva têm penas previstas no Código Penal. Para ambos, a pena é de reclusão de 2 a 12 anos, além de multa.

No caso da corrupção passiva, a pena pode ser aumentada de um terço até a metade se o agente pratica o ato ou o omite em razão da vantagem.

É importante ressaltar que a gravidade da pena pode variar conforme os detalhes do caso, como o valor da vantagem, o cargo ocupado pelo servidor, o impacto social da conduta e se houve reincidência.

A justiça analisa todos esses elementos antes de aplicar a pena definitiva.

O que diz o STF sobre concussão e corrupção passiva?

O Supremo Tribunal Federal (STF) já se manifestou diversas vezes sobre os crimes de concussão e corrupção passiva, destacando as diferenças entre eles e reforçando os critérios para a tipificação correta.

O STF também reconhece que, em determinadas situações, um mesmo fato pode ser inicialmente interpretado como concussão e, ao longo da instrução processual, ser reclassificado como corrupção passiva, a depender das provas apresentadas e do grau de coação envolvido.

Esses julgados reforçam a necessidade de análise técnica e individualizada dos casos, sempre com atenção à conduta do agente e à forma como a vantagem foi proposta ou exigida.

Como denunciar casos de concussão ou corrupção passiva?

Denunciar crimes como concussão ou corrupção passiva é essencial para combater práticas ilegais no serviço público.

Você pode fazer isso por meio de canais oficiais e seguros, como o Ministério Público, a Polícia Federal, a Polícia Civil, ou ainda pelas ouvidorias dos órgãos públicos envolvidos.

A denúncia pode ser feita de forma anônima, mas é importante reunir documentos, gravações, prints de mensagens ou qualquer outro elemento que comprove a conduta do agente público.

Quanto mais detalhes forem fornecidos, maiores as chances de que a investigação avance com eficiência.

Agir rapidamente é fundamental. Quanto mais tempo passa, maior a dificuldade para obter provas e responsabilizar os envolvidos.

Por isso, não hesite em buscar orientação jurídica para saber como formalizar a denúncia da maneira mais segura.

Qual a importância do advogado em casos de concussão e corrupção passiva?

A atuação de um advogado é indispensável em qualquer situação que envolva crime de concussão e corrupção passiva.

Tanto para quem é vítima quanto para quem está sendo acusado, o suporte jurídico especializado garante que os direitos sejam respeitados e que os procedimentos legais sejam corretamente seguidos.

O advogado tem papel fundamental na análise das provas, na elaboração de defesas técnicas, na orientação sobre os riscos do processo e na representação judicial ou extrajudicial.

Em casos mais complexos, em que há dúvida sobre se a conduta se enquadra como concussão ou corrupção passiva, essa atuação se torna ainda mais necessária.

Além disso, a presença de um profissional desde o início pode evitar decisões precipitadas, proteger o sigilo do cliente e orientar sobre os melhores caminhos a seguir.

Conclusão

Entender a diferença entre concussão e corrupção passiva é essencial para saber como agir diante de condutas ilegais no serviço público.

Ambos os crimes representam graves violações da confiança depositada nos agentes públicos e podem gerar consequências sérias para os envolvidos.

Se você se deparou com uma situação parecida ou precisa de orientação sobre como proceder, buscar o apoio de um advogado especializado é o passo mais seguro e responsável.

A rapidez na ação e a qualidade da orientação jurídica podem fazer toda a diferença na proteção dos seus direitos e na construção de uma denúncia eficaz.

Um recado final para você!

imagem representando advogado para esbulho

Em caso de dúvidas, procure assistência jurídica especializada.

Sabemos que o tema “concussão e corrupção passiva” pode levantar muitas dúvidas e que cada situação é única, demandando uma análise específica de acordo com as circunstâncias de cada caso.

Se você tiver alguma questão ou quiser saber mais sobre o assunto, recomendamos a consulta com um advogado especialista. O suporte jurídico adequado é fundamental para que decisões sejam tomadas de forma consciente e segura.

Artigo de caráter meramente informativo elaborado por profissionais do escritório Valença, Lopes e Vasconcelos Advocacia

Direito Civil | Direito de Família | Direito Criminal | Direito Previdenciário | Direito Trabalhista | Direito Bancário

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Autor

  • joao valenca

    •Advogado (43370 OAB) especialista em diversas áreas do Direito e Co-fundador do escritório VLV Advogados, empresa referência há mais de 10 anos no atendimento humanizado e mais de 5 mil cidades atendidas em todo o Brasil.

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