Como funciona o atendimento a vítimas de violência doméstica
Você sabe como funciona o atendimento a vítimas de violência doméstica? Entenda os direitos e os serviços disponíveis para quem busca ajuda.
A violência doméstica é uma realidade que infelizmente atinge muitas pessoas, mas ainda é cercada de dúvidas sobre como buscar ajuda e o que esperar do atendimento especializado.
Esse tema, além de delicado, exige informação clara e objetiva para que você, leitor, saiba como agir, orientar alguém ou entender mais sobre os seus direitos.
Seja no acolhimento inicial, na proteção garantida por leis específicas, como a Lei Maria da Penha, ou no encaminhamento para serviços de apoio, o atendimento às vítimas é planejado para oferecer segurança, dignidade e apoio necessário para romper com o ciclo da violência.
Neste artigo, vamos explicar como funciona o atendimento às vítimas de violência doméstica, quais são os direitos garantidos por lei, como buscar ajuda e o que esperar em cada etapa do processo.
Sabemos que questões jurídicas podem gerar dúvidas, e entender seus direitos é essencial para tomar decisões informadas. Em caso de dúvidas sobre o assunto, entre em contato: https://forms.gle/GmG5qjiVa2tpoejf7
Desse modo, pensando em te ajudar, preparamos este artigo no qual você aprenderá:
- O que é violência doméstica?
- Quais são os tipos de violência doméstica?
- Como deve ser o atendimento a uma pessoa em situação de violência?
- Como é o atendimento às vítimas, aos agressores e aos familiares previsto pela Lei Maria da Penha?
- Como devemos agir em um atendimento com uma paciente vítima de violência?
- Quais os encaminhamentos a serem realizados em casos de violência?
- Quais são os direitos das vítimas de violência doméstica?
- Como funciona o Disque 180?
- Um recado final para você!
- Autor
O que é violência doméstica?
Violência doméstica é qualquer ação ou omissão que cause dano físico, psicológico, sexual, patrimonial ou moral no ambiente doméstico, familiar ou em relações íntimas de afeto. Essa violência pode ocorrer entre parceiros, ex-parceiros, familiares ou pessoas que convivam no mesmo espaço.
A Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) é o principal instrumento legal no Brasil para combater esse tipo de violência, estabelecendo medidas de proteção e punição.
Importante ressaltar que, segundo a lei, não é necessário que haja convivência contínua ou coabitação para que a relação configure violência doméstica.
Quais são os tipos de violência doméstica?
A Lei Maria da Penha define cinco tipos principais de violência doméstica:
- Violência física: Qualquer ação que cause dano à integridade ou à saúde corporal.
- Violência psicológica: Ações que causem sofrimento emocional, isolamento, humilhação ou diminuição da autoestima.
- Violência sexual: Qualquer conduta que constranja ou force a vítima a atos sexuais contra sua vontade.
- Violência patrimonial: Retenção, destruição ou subtração de bens, documentos ou recursos econômicos da vítima.
- Violência moral: Calúnia, difamação ou injúria que atinja a honra da mulher.
Reconhecer essas formas de violência é o primeiro passo para buscar ajuda.
Como deve ser o atendimento a uma pessoa em situação de violência?
O atendimento a uma pessoa em situação de violência deve ser humanizado, acolhedor e respeitoso, considerando a vulnerabilidade da vítima e a gravidade da situação.
Ouvir atentamente e sem julgamentos é essencial para criar um ambiente seguro e de confiança.
Profissionais de diferentes áreas, como saúde, assistência social, segurança pública e justiça, devem trabalhar em conjunto para oferecer suporte integral. Esse atendimento deve incluir:
- Acolhimento inicial: Escutar a vítima sem interrupções ou questionamentos que possam culpá-la.
- Garantia de privacidade e sigilo: A vítima deve sentir que sua história será tratada com respeito e confidencialidade.
- Informações claras: Explicar os direitos da vítima e as medidas disponíveis, como proteção policial e assistência jurídica.
- Encaminhamento para serviços especializados: Se necessário, direcionar para abrigos, atendimento psicológico ou jurídico.
Além disso, o atendimento deve evitar a revitimização, que ocorre quando a vítima é obrigada a repetir sua história várias vezes ou quando enfrenta um ambiente de desconfiança.
Como é o atendimento às vítimas, aos agressores e aos familiares previsto pela Lei Maria da Penha?
A Lei Maria da Penha estabelece um atendimento estruturado para vítimas, agressores e familiares, com foco na proteção e no enfrentamento da violência.
Para as vítimas, a lei garante:
- Medidas protetivas de urgência, como o afastamento do agressor do lar, a proibição de contato e aproximação, e a suspensão do porte de armas.
- Encaminhamento a serviços especializados, incluindo apoio psicológico, social e jurídico.
- Acesso a programas sociais, como casas-abrigo e inserção em projetos de emprego e renda.
Para os agressores, a lei prevê:
- Participação obrigatória em programas de reeducação para evitar a reincidência. Esses programas têm o objetivo de trabalhar comportamentos violentos e promover mudanças de atitude.
Para os familiares, o atendimento envolve:
- Apoio psicológico e social, principalmente quando há crianças ou idosos na convivência, que também podem ser vítimas indiretas da violência.
- Orientação sobre como lidar com a situação e as consequências legais.
Esse atendimento tripartido é essencial para romper o ciclo da violência, proteger a vítima e promover a responsabilização do agressor.
Como devemos agir em um atendimento com uma paciente vítima de violência?
Em um atendimento a uma paciente vítima de violência, o mais importante é criar um ambiente de acolhimento e confiança. A vítima deve sentir que está sendo ouvida e respeitada. Algumas práticas fundamentais incluem:
- Acreditar na vítima: Sempre confiar no relato dela, sem questionar sua veracidade.
- Evitar culpar ou julgar: Não perguntar por que a vítima “não saiu antes” da relação ou insinuar que ela é responsável pela situação.
- Garantir a privacidade: Realizar o atendimento em um local reservado, longe de olhares curiosos ou do agressor.
- Oferecer informações claras: Explicar os direitos da vítima, as opções disponíveis e os passos que podem ser tomados.
- Registrar o relato com cuidado: Documentar os fatos de forma detalhada, mas respeitosa, evitando perguntas que possam causar desconforto.
O profissional deve estar preparado para lidar com o sofrimento emocional da vítima, respeitando seu tempo e suas decisões.
Quais os encaminhamentos a serem realizados em casos de violência?
Os encaminhamentos em casos de violência doméstica são essenciais para garantir a proteção da vítima e o acesso aos seus direitos. Entre as principais ações estão:
- Registro de Boletim de Ocorrência: A vítima pode registrar a denúncia em uma delegacia comum ou especializada no atendimento à mulher.
- Solicitação de medidas protetivas de urgência: Essas medidas incluem o afastamento do agressor, a proibição de contato e outras ações que garantam a segurança imediata.
- Encaminhamento para atendimento de saúde: Vítimas de violência física ou sexual devem ser direcionadas a serviços de saúde para avaliação médica, tratamento e coleta de provas.
- Acesso a abrigos: Mulheres em risco iminente podem ser encaminhadas para casas-abrigo, onde recebem proteção e suporte.
- Encaminhamento jurídico: A vítima deve ser orientada sobre seus direitos, como pedir pensão alimentícia, guarda de filhos ou divórcio.
- Inserção em programas sociais: Em casos de dependência econômica, a vítima pode ser incluída em programas de geração de renda e qualificação profissional.
Esses encaminhamentos precisam ser feitos com rapidez, especialmente quando há risco à integridade física da vítima.
Quais são os direitos das vítimas de violência doméstica?
As vítimas de violência doméstica têm diversos direitos garantidos pela Lei Maria da Penha e outras legislações brasileiras. Esses direitos incluem:
- Proteção imediata: Acesso a medidas protetivas de urgência, como afastamento do agressor e proibição de contato.
- Atendimento médico e psicológico: Cuidados para tratar lesões físicas e traumas emocionais.
- Assistência jurídica gratuita: Orientação e acompanhamento em processos judiciais.
- Inclusão em programas sociais: Abrigos, auxílio financeiro e apoio para reinserção no mercado de trabalho.
- Prioridade em processos judiciais: Garantia de que os casos de violência doméstica sejam tratados com celeridade.
Esses direitos são essenciais para que a vítima tenha suporte e consiga reconstruir sua vida longe da violência.
Como funciona o Disque 180?
O Disque 180 é um serviço gratuito e confidencial que oferece suporte e orientações para mulheres vítimas de violência.
Ele está disponível 24 horas por dia, em todos os dias da semana, e pode ser acionado de qualquer lugar do Brasil. Além de registrar denúncias, o serviço:
- Informa sobre os direitos da vítima.
- Encaminha casos para a rede de proteção local.
- Orienta sobre como solicitar medidas protetivas.
O Disque 180 é uma ferramenta fundamental para quem precisa de ajuda ou deseja denunciar casos de violência.
Um recado final para você!
Sabemos que o tema “como funciona o atendimento a vítimas de violência doméstica” pode levantar muitas dúvidas e que cada situação é única, demandando uma análise específica de acordo com as circunstâncias de cada caso.
Se você tiver alguma questão ou quiser saber mais sobre o assunto, recomendamos a consulta com um advogado especialista.
O suporte jurídico adequado é fundamental para que decisões sejam tomadas de forma consciente e segura.
Artigo de caráter meramente informativo elaborado por profissionais do escritório Valença, Lopes e Vasconcelos Advocacia
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