Denúncia ou queixa-crime: quando cada um se aplica?

Qual é a diferença entre denúncia e queixa-crime e qual delas você deve usar para buscar seus direitos? Saiba quando cada uma é cabível e entenda como proteger seus interesses na justiça!

imagem representando queixa crime

Denúncia ou queixa-crime: quando cada um se aplica?

Se você já ouviu falar em denúncia e queixa-crime, mas ainda não sabe exatamente qual é a diferença entre elas, não está sozinho.

Esses dois termos são essenciais no mundo jurídico, especialmente no campo do Direito Penal, mas podem confundir quem não tem familiaridade com o tema.

Saber em quais situações a denúncia é necessária e quando a queixa-crime deve ser utilizada pode ser crucial para garantir que os seus direitos sejam respeitados e que o processo criminal siga o caminho correto.

A denúncia geralmente é conduzida pelo Ministério Público em casos de crimes que afetam a sociedade; a queixa-crime é utilizada pela própria vítima em crimes que atingem sua honra ou interesse.

Essa distinção pode ajudar você a agir de forma mais assertiva, evitando erros e protegendo seus interesses.

Neste artigo, vamos esclarecer essas diferenças de maneira simples, para que você saiba exatamente quando e como agir diante de uma situação de crime.

Sabemos que questões jurídicas podem gerar dúvidas, e entender seus direitos é essencial para tomar decisões informadas. Em caso de dúvidas sobre o assunto, entre em contato aqui!

O que é uma denúncia?

A denúncia é um documento oficial apresentado pelo Ministério Público (MP), que dá início a uma ação penal pública.

Em outras palavras, é a acusação formal feita pelo MP contra uma pessoa que supostamente cometeu um crime.

Quando falamos de denúncia, estamos lidando com crimes de interesse público, ou seja, delitos que afetam a sociedade como um todo, como homicídio, roubo, tráfico de drogas, entre outros.

Imagine, por exemplo, que ocorreu um assalto. Não importa se a vítima quer ou não prosseguir com o caso: a denúncia será apresentada pelo Ministério Público, porque é interesse público punir esse tipo de crime.

Isso acontece nos casos de ação penal pública incondicionada, onde a vontade da vítima não interfere na atuação da Justiça.

É importante destacar que a denúncia pode ser apresentada por qualquer pessoa que tenha conhecimento de uma infração ou delito, independentemente de ser diretamente afetada pelo ocorrido.

Além disso, em muitos sistemas jurídicos, é possível realizar denúncias de forma anônima, garantindo a proteção do denunciante contra possíveis retaliações.

Contudo, é essencial que as denúncias sejam feitas de boa-fé e baseadas em fatos verídicos.

O que é uma queixa-crime?

A queixa-crime é diferente. Aqui, a iniciativa parte diretamente da vítima ou de seu representante legal, com a ajuda de um advogado.

A queixa-crime é utilizada em ações penais privadas, ou seja, quando o Estado entende que o interesse em punir o crime é mais individual do que coletivo.

Um bom exemplo são os crimes contra a honra, como calúnia, difamação e injúria. Imagine que alguém espalhou uma mentira grave sobre você.

Nesse caso, o Ministério Público não vai agir automaticamente. Cabe a você, como vítima, decidir se quer ou não processar a pessoa.

E, para isso, será necessário apresentar uma queixa-crime no prazo legal de seis meses a partir do conhecimento da autoria do delito. Para que a queixa-crime seja aceita pelo Judiciário, é necessário

Esses requisitos estão previstos no artigo 41 do Código de Processo Penal.

É importante destacar que, ao optar por apresentar uma queixa-crime, a vítima assume a responsabilidade pela condução do processo, incluindo a produção de provas e a possível participação em audiências.

Além disso, a ação penal privada está sujeita a princípios específicos, como o da indivisibilidade, que impede que a vítima escolha processar apenas alguns dos autores do crime, devendo incluir todos os envolvidos.

Qual a diferença entre denúncia e queixa-crime?

A denúncia é a peça acusatória apresentada pelo Ministério Público quando ele entende que há indícios suficientes para processar alguém por um crime.

Ou seja, é o promotor de justiça quem oferece a denúncia ao juiz, e isso ocorre nos crimes de ação penal pública, que são a grande maioria no Brasil.

A queixa-crime, por outro lado, é a petição inicial apresentada pela própria vítima (ou seu representante legal), por meio de advogado, nos casos de ação penal privada.

Isso significa que o Ministério Público não atua como parte acusadora nesse momento – é a vítima quem propõe a ação diretamente ao Judiciário.

Para isso, é necessário apresentar a queixa dentro do prazo de 6 meses a partir do conhecimento da autoria do crime, conforme o artigo 38 do Código de Processo Penal.

tabela de diferença entre denúncia e queixa-crime

Diferenças entre denúncia e queixa-crime

Qual a diferença de uma denúncia para um BO?

Embora os termos “denúncia” e “boletim de ocorrência” (BO) sejam usados de forma parecida no dia a dia, eles têm funções bem diferentes no sistema de Justiça criminal.

O BO é um documento elaborado pela autoridade policial quando uma pessoa comunica a ocorrência de um fato que pode ser crime.

Ele não acusa formalmente ninguém e não tem efeito direto no processo judicial — mas é essencial para que a polícia abra uma investigação.

A denúncia, por sua vez, é a peça processual apresentada pelo Ministério Público (MP) após receber o inquérito policial com indícios suficientes de um crime.

Em resumo, a diferença central está na etapa e função de cada instrumento:

➝ O boletim de ocorrência é um registro inicial, feito pela vítima ou testemunha, que pode ou não gerar uma investigação.

A denúncia é a acusação formal feita pelo Ministério Público, já no âmbito do processo penal, e pode levar à condenação do acusado.

Qual a diferença entre boletim de ocorrência e queixa-crime?

A dúvida entre boletim de ocorrência (BO) e queixa-crime é comum, principalmente entre vítimas de crimes que desejam buscar justiça.

O boletim de ocorrência é um documento elaborado pela autoridade policial no momento em que alguém relata um fato potencialmente criminoso à delegacia.

O BO não é uma ação penal nem tem o poder, por si só, de levar o autor do crime ao banco dos réus. Ele é uma etapa preliminar, que reúne informações básicas sobre o fato.

A queixa-crime é a petição inicial apresentada pela própria vítima (ou por seu representante legal), por meio de um advogado, nos casos de ação penal privada.

Ela é o que efetivamente dá início ao processo penal nesses tipos de crime.

Ou seja, não basta apenas registrar o BO para iniciar o processo — é necessário apresentar a queixa-crime ao juiz, com os documentos e provas do caso.

Registrar um boletim de ocorrência é um passo importante, mas não substitui a queixa-crime nos casos de ação penal privada.

Qual o prazo para denúncia e queixa-crime?

Os prazos são fundamentais no direito penal. Perder o prazo pode significar que o acusado não poderá mais ser processado. Aqui está o que você precisa saber:

Denúncia (ação penal pública):

Queixa-crime (ação penal privada):

Perder o prazo para a queixa-crime leva à decadência, ou seja, a perda do direito de processar o acusado.

É fundamental que esses prazos sejam observados rigorosamente, pois o seu descumprimento pode resultar na extinção da punibilidade do autor do delito, conforme previsto no artigo 107, inciso IV, do Código Penal.

No entanto, na ação penal privada (como nos casos de calúnia, difamação ou injúria), a vítima pode oferecer o perdão ao acusado, o que extingue a punibilidade.

Esse perdão pode ser aceito ou recusado pelo réu. Caso seja aceito, o processo é extinto.

Quais crimes exigem denúncia e quais crimes exigem queixa-crime?

Os crimes que exigem denúncia são os de ação penal pública, enquanto os que exigem queixa-crime são os de ação penal privada. Veja exemplos:

Crimes que exigem denúncia:

Esses crimes afetam não apenas a vítima, mas a segurança e o bem-estar da sociedade como um todo.

O Ministério Público tem o dever de atuar nesses casos, mesmo que a vítima não deseje seguir com o processo. Essa característica é importante porque impede que crimes graves fiquem sem punição devido à pressão ou medo da vítima.

O artigo 42 do CPP reforça essa ideia, deixando claro que o Ministério Público não pode desistir de uma denúncia, mesmo que a vítima queira.

Art. 42.  O Ministério Público não poderá desistir da ação penal.

Crimes que exigem queixa-crime:

Nos casos de ação penal pública condicionada, como no crime de ameaça, o Ministério Público só pode apresentar a denúncia após a vítima manifestar sua vontade de representar o caso.

É importante notar que, na ausência de indicação expressa na lei sobre a natureza da ação penal, presume-se que o crime é de ação penal pública incondicionada.

Portanto, a leitura atenta da legislação é fundamental para determinar se um crime exige denúncia ou queixa-crime.

Em resumo, a denúncia é utilizada em crimes de ação penal pública, enquanto a queixa-crime é aplicável em crimes de ação penal privada.

Um recado final para você!

imagem representando advogado

Em caso de dúvidas, procure assistência jurídica.

Sabemos que o tema pode levantar muitas dúvidas e que cada situação é única, demandando uma análise específica de acordo com as circunstâncias de cada caso.

Se você tiver alguma questão ou quiser saber mais sobre o assunto, recomendamos a consulta com um advogado especialista.

O suporte jurídico adequado é fundamental para que decisões sejam tomadas de forma consciente e segura.

Artigo de caráter meramente informativo elaborado por profissionais do escritório Valença, Lopes e Vasconcelos Advocacia.

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Autor

  • joao valenca

    •Advogado (43370 OAB) especialista em diversas áreas do Direito e Co-fundador do escritório VLV Advogados, empresa referência há mais de 10 anos no atendimento humanizado e mais de 5 mil cidades atendidas em todo o Brasil.

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