Não cumpriu o ANPP? Veja o que pode acontecer!
O Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) é uma oportunidade para evitar a ação penal. Mas, se ele não for cumprido, quais são as consequências práticas?
O Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) é uma oportunidade criada pela lei para evitar um processo criminal, desde que você cumpra certas condições impostas pelo Ministério Público.
Ele funciona como uma espécie de “segunda chance”, permitindo que o investigado, ao reconhecer o erro e aceitar responsabilidades, evite enfrentar um processo judicial.
Mas o que acontece se esse acordo for descumprido? Há espaço para renegociar? E será que existe alguma tolerância do Ministério Público nesses casos?
Essas dúvidas são muito comuns, e é importante compreender as consequências, os riscos e as possibilidades reais de defesa quando o ANPP não é cumprido.
Sabemos que questões jurídicas podem gerar dúvidas, e entender seus direitos é essencial para tomar decisões informadas. Em caso de dúvidas sobre o assunto, entre em contato aqui!
Desse modo, pensando em te ajudar, preparamos este artigo no qual você aprenderá:
Por que alguém não cumpre o ANPP?
O descumprimento do Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) pode ocorrer por diversos motivos, e nem sempre está ligado à má-fé do investigado.
Em muitos casos, o problema nasce de dificuldades financeiras, como a incapacidade de pagar o valor acordado na prestação pecuniária ou de reparar o dano causado.
É comum que a pessoa aceite o acordo acreditando que conseguirá cumprir as condições, mas acabe enfrentando obstáculos inesperados, como perda de emprego ou endividamento.
Outras vezes, o descumprimento acontece por falta de orientação jurídica adequada. O investigado pode não entender a importância de comprovar pagamentos, comparecer em datas determinadas ou comunicar mudanças de endereço.
Esses detalhes, que parecem simples, podem gerar a interpretação de que houve descumprimento.
Também existem situações em que fatores pessoais interferem no cumprimento, como doença, imprevistos familiares ou dificuldades de deslocamento.
Embora esses motivos possam ser legítimos, é essencial que sejam comunicados ao Ministério Público ou ao advogado responsável, para evitar a revogação automática do acordo.
O que não se recomenda é o silêncio, pois o Ministério Público entende o ANPP como um benefício condicionado ao comprometimento total do investigado.
O que acontece se eu não cumprir o ANPP?
Quando o investigado não cumpre o ANPP, a consequência imediata é a revogação do acordo e o oferecimento da denúncia pelo Ministério Público.
Isso significa que o caso, que até então estava suspenso, volta a tramitar como um processo criminal comum. A pessoa que antes era apenas investigada passa a ser formalmente ré em uma ação penal.
O artigo 28-A, §10, do Código de Processo Penal determina que, ao constatar o descumprimento, o Ministério Público deve comunicar ao juiz para rescindir o acordo.
A partir daí, o processo segue o curso normal, e o acusado pode ser condenado conforme a pena prevista para o crime.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) já decidiu que não há obrigação de intimar o investigado para justificar o descumprimento antes da revogação.
Isso ocorre porque o ANPP é firmado com a presença de um advogado, e o investigado já é informado das condições e das consequências do descumprimento no momento da assinatura.
Além disso, o que foi dito ou confessado no acordo pode ser usado como prova no processo criminal, desde que respeitados os limites legais.
Por isso, é fundamental cumprir cada cláusula dentro do prazo e guardar comprovantes, evitando que falhas simples se transformem em um processo completo.
Posso ser processado por não cumprir o ANPP?
O descumprimento do acordo pode sim levar ao processamento criminal. Quando o ANPP é assinado, o Ministério Público se compromete a não propor ação penal enquanto o investigado cumprir as condições estabelecidas.
No momento em que há o descumprimento, essa suspensão deixa de existir, e o Ministério Público tem o dever de oferecer a denúncia.
Ser processado significa que o caso retorna à esfera judicial, e o investigado passa a responder formalmente por crime. Isso inclui comparecimento a audiências, produção de provas, interrogatórios e a possibilidade real de condenação.
É como se o acordo nunca tivesse existido, pois todos os benefícios concedidos são automaticamente perdidos.
Outro ponto delicado é que a confissão feita durante o ANPP pode ser utilizada no processo, dependendo da interpretação do juiz e da forma como foi registrada.
Essa situação reforça a importância de agir rapidamente, com orientação profissional, para tentar justificar o descumprimento antes da denúncia ser apresentada.
Há alguma tolerância no descumprimento do ANPP?
A lei não prevê tolerância automática para o descumprimento do ANPP. O texto legal é objetivo ao afirmar que, se qualquer condição for descumprida, o Ministério Público deve comunicar ao juiz para rescindir o acordo.
Na prática, isso significa que não há direito garantido a prorrogação de prazos ou flexibilização das obrigações.
Entretanto, na prática jurídica, pode existir margem de flexibilidade, principalmente quando o descumprimento é mínimo ou justificado.
Se o investigado comprovar que enfrentou dificuldades reais, como doença ou desemprego, é possível tentar negociar com o Ministério Público uma nova oportunidade.
Essa decisão, porém, é discricionária, ou seja, depende da avaliação do promotor responsável e da boa-fé demonstrada pela defesa.
Alguns promotores, por exemplo, aceitam aditamentos ou prorrogações se o cumprimento estiver em andamento e houver interesse do investigado em resolver o problema.
Já outros seguem estritamente o que diz a lei e pedem a revogação imediata. Por isso, contar com um advogado que saiba negociar e apresentar justificativas bem fundamentadas é essencial para aumentar as chances de tolerância.
Consigo renegociar o ANPP depois do descumprimento?
A possibilidade de renegociar o ANPP após o descumprimento depende muito do estágio em que o caso se encontra.
Se o Ministério Público ainda não tiver comunicado a revogação ao juiz, é possível tentar um aditamento ao acordo, ajustando prazos, valores ou obrigações.
Nessa fase, a defesa pode argumentar que houve cumprimento parcial, apresentar justificativas plausíveis e propor um novo cronograma.
Por outro lado, se o Ministério Público já ofereceu a denúncia e a rescisão foi formalizada, a renegociação torna-se mais difícil.
Mesmo assim, em situações excepcionais, o advogado pode tentar demonstrar que o descumprimento foi involuntário ou de pequena relevância, pedindo que o juiz reavalie a decisão.
O Ministério Público tem autonomia para aceitar ou não a repactuação. O que costuma pesar a favor do investigado é a demonstração de boa-fé, a apresentação de provas de esforço para cumprir o acordo e o interesse em reparar o dano causado.
Ainda que a lei não obrigue o MP a reabrir negociações, há promotores que preferem resolver o caso por meio de diálogo do que seguir com a ação penal.
Preciso buscar um advogado se não cumprir o ANPP?
Quando há descumprimento do acordo, buscar um advogado é essencial.
O ANPP é um instrumento técnico e formal, e qualquer falha na execução pode gerar consequências graves.
O advogado atua tanto para proteger seus direitos quanto para tentar evitar que a situação evolua para uma denúncia criminal.
Um profissional especializado pode negociar diretamente com o Ministério Público, demonstrando que o descumprimento foi involuntário ou justificável.
Também pode solicitar prazo adicional, aditamento do acordo ou propor alternativas de cumprimento, evitando que o caso chegue à Justiça.
Se o Ministério Público já tiver rescindido o ANPP, o advogado é quem vai apresentar defesa técnica, impugnar irregularidades, questionar a validade da revogação e preparar a estratégia processual.
Além disso, ele pode atuar para impedir que a confissão feita no acordo seja usada de forma indevida.
O acompanhamento jurídico é obrigatório desde a assinatura do ANPP, e se torna ainda mais importante no momento do descumprimento.
Sem essa assistência, o investigado pode perder prazos e deixar de exercer direitos fundamentais de defesa, o que torna o risco de condenação muito maior.
Um recado final para você!
Sabemos que o tema pode levantar muitas dúvidas e que cada situação é única, demandando uma análise específica de acordo com as circunstâncias de cada caso.
Se você tiver alguma questão ou quiser saber mais sobre o assunto, recomendamos a consulta com um advogado especialista.
O suporte jurídico adequado é fundamental para que decisões sejam tomadas de forma consciente e segura. Saiba como garantir o melhor apoio para suas decisões.
Artigo de caráter meramente informativo elaborado por profissionais do escritório Valença, Lopes e Vasconcelos Advocacia.
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