Roubo seguido de morte: como funciona a defesa de latrocínio?
O latrocínio, ou roubo seguido de morte, é um dos crimes mais graves do Código Penal. Mas será que sempre há condenação? Entenda os detalhes da defesa de latrocínio.
O latrocínio, também conhecido como roubo seguido de morte, é um dos crimes mais graves previstos na legislação brasileira.
Ele acontece quando, durante um assalto, a vítima acaba sendo morta, seja para garantir o sucesso do roubo ou para impedir que o autor seja identificado.
Por envolver tanto o roubo quanto o homicídio, o latrocínio tem uma punição severa, com pena de reclusão de 20 a 30 anos.
Muitas pessoas têm dúvidas sobre como esse crime é tratado pela Justiça, quais são as regras para sua condenação e, principalmente, como funciona a defesa de latrocínio.
Se você ou alguém próximo enfrenta uma acusação desse tipo, entender o processo penal e conhecer os direitos da defesa é essencial para garantir um julgamento justo.
Neste artigo, vamos esclarecer as principais questões sobre o latrocínio, desde sua definição até as estratégias jurídicas utilizadas na defesa desse crime.
Sabemos que questões jurídicas podem gerar dúvidas, e entender seus direitos é essencial para tomar decisões informadas. Em caso de dúvidas sobre o assunto, entre em contato: clique aqui!
Desse modo, pensando em te ajudar, preparamos este artigo no qual você aprenderá:
- O que é latrocínio?
- Qual o nome do crime quando rouba e mata?
- Quando ocorre tentativa de latrocínio?
- Quanto é a pena de latrocínio?
- Qual o entendimento do STF quanto à consumação do latrocínio?
- Por que o latrocínio não vai a júri?
- Como funciona a defesa de latrocínio?
- Como montar uma defesa de acusação de latrocínio?
- O que precisa ter em uma resposta à acusação?
- Um recado final para você!
- Autor
O que é latrocínio?
O latrocínio é um crime que combina dois elementos: roubo e homicídio. Ele ocorre quando alguém pratica um roubo e, no decorrer da ação, provoca a morte da vítima, seja para garantir o sucesso do roubo ou para assegurar a fuga.
O crime está previsto no artigo 157, §3º, inciso II, do Código Penal Brasileiro, sendo classificado como crime hediondo, o que implica uma punição mais severa e restrições quanto a benefícios penais.
Diferente do homicídio, que tem como objetivo principal tirar a vida de alguém, no latrocínio a intenção inicial do agente é subtrair bens.
A morte acontece como consequência do roubo, seja porque o autor quis eliminar a vítima, seja porque usou violência que resultou no óbito. Esse ponto é fundamental para diferenciar os dois crimes.
A defesa de latrocínio pode explorar essa diferença quando houver indícios de que a morte não estava relacionada diretamente à prática do roubo.
Se a morte não estiver vinculada à intenção de roubar, pode haver a desclassificação do crime para outro tipo penal menos grave.
Qual o nome do crime quando rouba e mata?
O nome correto do crime que envolve roubo seguido de morte é latrocínio. Apesar de muitas pessoas confundirem com homicídio, o latrocínio não é julgado como um crime doloso contra a vida, mas sim como um crime patrimonial com resultado morte.
O fato de o latrocínio ser considerado um crime contra o patrimônio faz com que seu julgamento ocorra na Justiça Comum, e não no Tribunal do Júri, que é responsável pelos crimes dolosos contra a vida, como homicídio simples ou qualificado.
Na defesa de latrocínio, esse ponto pode ser relevante para questionar a forma como o caso foi conduzido pela acusação.
Se houver dúvidas sobre a intenção do acusado ou sobre o nexo entre a morte e o roubo, pode-se argumentar que não há latrocínio, e sim outro crime.
Quando ocorre tentativa de latrocínio?
A tentativa de latrocínio ocorre quando o agente tenta realizar o roubo e provoca lesões na vítima com intenção de matá-la, mas esta sobrevive.
Ou seja, o crime se caracteriza mesmo que a vítima não morra, desde que fique comprovado que houve a intenção de roubo e que a morte era um dos objetivos do agente.
Por exemplo, se durante um assalto o criminoso dispara contra a vítima para garantir a subtração dos bens, mas ela é socorrida e sobrevive, configura-se a tentativa de latrocínio.
A pena para essa tentativa é reduzida em comparação ao crime consumado, mas ainda assim é severa, pois considera-se a gravidade do ato.
A defesa de latrocínio pode, nesses casos, buscar demonstrar que não houve intenção de matar ou que a violência empregada não estava relacionada à tentativa de roubo.
Isso pode levar à desclassificação para lesão corporal grave ou outro crime de menor gravidade.
Quanto é a pena de latrocínio?
A pena para o crime de latrocínio é de reclusão de 20 a 30 anos, além de multa, conforme previsto no artigo 157, §3º, inciso II, do Código Penal Brasileiro.
Essa pena é maior do que a de um homicídio simples, que pode variar de 6 a 20 anos, justamente por envolver a intenção de subtração patrimonial associada à violência extrema.
Por ser considerado um crime hediondo, o latrocínio também tem consequências mais severas no cumprimento da pena.
Condenados por crimes hediondos não podem receber anistia, graça ou indulto, e a progressão de regime ocorre de forma mais lenta, exigindo o cumprimento de pelo menos 40% da pena no regime fechado, caso seja réu primário, e 50%, se for reincidente.
Na defesa de latrocínio, a estratégia pode incluir a tentativa de reduzir a pena demonstrando a inexistência de agravantes ou qualificadoras, ou até mesmo buscando a desclassificação do crime.
Qual o entendimento do STF quanto à consumação do latrocínio?
O Supremo Tribunal Federal (STF) estabelece, por meio da Súmula 610, que o crime de latrocínio se consuma mesmo que a subtração do bem não tenha ocorrido.
Isso significa que, se a vítima for morta durante a tentativa de roubo, o crime será considerado consumado, independentemente de o agressor ter conseguido levar os bens.
Esse entendimento reflete a gravidade do crime, pois reconhece que a morte durante a ação criminosa já configura o latrocínio, mesmo que o roubo não tenha sido concluído.
Na defesa de latrocínio, é possível questionar a relação entre a morte e a tentativa de subtração de bens, buscando demonstrar que o homicídio não estava vinculado ao roubo. Caso se comprove que a morte foi acidental ou que ocorreu em outro contexto, a defesa pode argumentar pela desclassificação do crime.
Por que o latrocínio não vai a júri?
O latrocínio não vai a júri popular porque não é considerado um crime doloso contra a vida, mas sim um crime patrimonial com resultado morte.
O Tribunal do Júri tem competência apenas para julgar crimes dolosos contra a vida, como homicídio e aborto, e, como o latrocínio tem como objetivo primário a subtração patrimonial, ele é julgado pela Justiça Comum.
Isso significa que, mesmo resultando na morte da vítima, o julgamento do latrocínio ocorre perante um juiz de direito, sem participação de jurados populares.
Na defesa de latrocínio, essa distinção pode ser importante para garantir que o processo siga o rito adequado e para evitar que a acusação tente atribuir um crime doloso contra a vida quando não há provas suficientes para isso.
Como funciona a defesa de latrocínio?
A defesa de latrocínio precisa ser cuidadosamente estruturada, pois trata-se de um crime grave com alta pena. Entre as principais estratégias de defesa, destacam-se:
- Negativa de autoria, quando o acusado não participou do crime.
- Inconsistência das provas, apontando falhas na investigação ou ilegalidade na obtenção de provas.
- Ausência de dolo, demonstrando que não havia intenção de roubar ou matar.
- Excludentes de ilicitude, como legítima defesa ou coação irresistível.
Cada caso exige uma análise detalhada das provas e das circunstâncias para determinar a melhor estratégia.
Como montar uma defesa de acusação de latrocínio?
A defesa de latrocínio deve seguir algumas etapas essenciais:
Analisar os autos e verificar a legalidade das provas apresentadas.
Buscar testemunhas e evidências que possam contestar a acusação.
Apresentar teses defensivas baseadas no caso concreto.
Atuar com estratégia, questionando qualificadoras e buscando a desclassificação do crime.
O objetivo da defesa é garantir que o acusado tenha um julgamento justo, combatendo eventuais ilegalidades no processo.
O que precisa ter em uma resposta à acusação?
A resposta à acusação é um momento crucial da defesa e deve conter:
Preliminares, como nulidades processuais.
Teses de mérito, rebatendo as acusações com provas e argumentos.
Pedidos finais, como absolvição, desclassificação do crime ou aplicação de penas menores.
Uma defesa de latrocínio bem estruturada pode ser decisiva para evitar condenações injustas e assegurar o devido processo legal.
Um recado final para você!
Sabemos que o tema “defesa de latrocínio” pode levantar muitas dúvidas e que cada situação é única, demandando uma análise específica de acordo com as circunstâncias de cada caso.
Se você tiver alguma questão ou quiser saber mais sobre o assunto, recomendamos a consulta com um advogado especialista. O suporte jurídico adequado é fundamental para que decisões sejam tomadas de forma consciente e segura.
Artigo de caráter meramente informativo elaborado por profissionais do escritório Valença, Lopes e Vasconcelos Advocacia
Direito Civil | Direito de Família | Direito Criminal | Direito Previdenciário | Direito Trabalhista | Direito Bancário