Homicídio doloso: o que é e quais os direitos do acusado?

O homicídio doloso é um crime grave onde há intenção ou aceitação do risco de matar. Saiba como se defender e garantir seus direitos no processo.

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O que é o homicídio doloso e quais as penas?

O homicídio doloso é uma categoria de crime que se caracteriza pela intenção de matar. Ou seja, ocorre quando uma pessoa tira a vida da outra com intenção ou assumindo o risco.

Diferente do homicídio culposo, em que não há vontade de matar, o homicídio doloso envolve um comportamento consciente, marcado pela intenção direta de matar ou conduta letal.

As penas para esse tipo de crime variam conforme a gravidade, podendo ser agravadas quando há crueldade, motivo torpe ou fútil.

Em vista disso, sabemos que ser acusado de homicídio doloso ou estar envolvido no processo de alguma forma é uma das situações mais difíceis e angustiantes que alguém pode enfrentar.

Neste momento, é comum ter sentimento de medo, culpa ou impotência. Por isso, é fundamental saber o que é esse crime e quais são os caminhos possíveis no processo penal.

Aqui, entenda em detalhes o que é o homicídio doloso, suas penas, como funciona o processo judicial e o que fazer se você for acusado desse crime!

Sabemos que questões jurídicas podem gerar dúvidas, e entender seus direitos é essencial para tomar decisões informadas. Em caso de dúvidas sobre o assunto, entre em contato: clique aqui!

O que é o homicídio doloso?

O homicídio doloso é aquele em que o agente age com a intenção de matar ou assume o risco de produzir a morte de alguém, mesmo que esse resultado não seja o objetivo.

Ele está previsto no artigo 121 do Código Penal brasileiro, que trata do crime de homicídio.

Art. 121. Matar alguém:

Pena – reclusão, de seis a vinte anos.

A sua forma dolosa é grave por si só, mas, caso envolva qualificadoras, pode aumentar a pena para reclusão de doze a trinta anos.

A essência do homicídio doloso está na presença do dolo. Isto é,

⮕ o dolo é quando o agente tem consciência do que está fazendo e quer o resultado (dolo direto), ou quando age com indiferença, assumindo o risco de matar (dolo eventual).

Em ambos os casos, o elemento central é a intenção ou a aceitação da possibilidade da morte como consequência da ação.

A análise do dolo é feita com base no comportamento do agente, nas circunstâncias do caso concreto e nas provas reunidas durante a investigação e o processo penal.

Quais são os tipos de homicídio?

A legislação brasileira prevê diferentes tipos de homicídio, todos tipificados no artigo 121 do Código Penal, mas com classificações distintas conforme a intenção do agente.

De forma geral, os homicídios se dividem em

  1. doloso,
  2. culposo,
  3. qualificado,
  4. privilegiado
  5. e funcional.
Tipo de Homicídio Pena
Homicídio doloso simples 6 a 20 anos de reclusão
Homicídio doloso qualificado 12 a 30 anos de reclusão
Homicídio privilegiado 6 a 20 anos (com redução de 1/6 a 1/3)
Homicídio culposo 1 a 3 anos de detenção (pode ser aumentada)
Homicídio funcional 12 a 30 anos (com agravantes específicos)

O homicídio doloso é aquele em que há intenção de matar ou quando o agente assume o risco de causar a morte (dolo direto ou eventual), previsto no caput do artigo 121.

Já o homicídio culposo, descrito no §3º do mesmo artigo, ocorre quando não há intenção de matar, mas a morte resulta de negligência, imprudência ou imperícia.

Existe também o homicídio qualificado, que é uma forma mais grave do doloso, listada no §2º do artigo 121, e que ocorre quando o crime é cometido por

⮕ motivo torpe, fútil, com emprego de meio cruel, mediante traição ou emboscada, entre outras circunstâncias que demonstram maior reprovabilidade.

Nessas hipóteses, a pena é aumentada para 12 a 30 anos de reclusão.

Além disso, há o homicídio privilegiado, previsto no §1º, que ocorre quando o agente comete o crime sob o domínio de forte emoção, logo após injusta provocação da vítima.

Por fim, o homicídio funcional, incluído por legislações específicas, como o homicídio contra autoridade pública, em razão do cargo ou função, pode receber penas ainda mais severas.

Qual a pena para homicídio doloso?

A pena para homicídio doloso está prevista no artigo 121, caput, do Código Penal, e varia conforme as circunstâncias do crime e a presença (ou não) de qualificadoras.

Na forma simples, ou seja, quando o homicídio doloso é cometido sem agravantes específicos, a pena é de reclusão de 6 a 20 anos.

Esse é o chamado homicídio doloso simples, em que o agente comete o crime com intenção de matar, mas sem utilizar meios cruéis ou agir por motivações especialmente reprováveis.

A fixação da pena dentro dessa faixa depende da análise de elementos como a gravidade dos fatos, a personalidade do autor, a conduta social e as consequências do crime.

Já quando o homicídio doloso é praticado com circunstâncias qualificadoras, ele passa a ser considerado um homicídio qualificado, com pena aumentada para 12 a 30 anos de reclusão. 

Entre as qualificadoras estão:

Além disso, se o homicídio for cometido contra mulher por razões da condição de sexo feminino ou contra autoridades públicas no exercício da função, a pena também pode aumentar.

Fui acusado de homicídio doloso, e agora?

Se você foi acusado de homicídio doloso, é natural que sinta medo, confusão e até desespero diante da gravidade da situação.

Mas é justamente nesse momento que você precisa agir com cautela e consciência dos seus direitos! O primeiro passo é sempre buscar um advogado especialista em direito penal.

Desde a primeira abordagem das autoridades, você tem o direito de se defender, e isso começa com o apoio de um advogado de sua confiança.

Um profissional experiente saberá acompanhar o caso com estratégia, analisar as provas, identificar falhas no inquérito, acompanhar depoimentos e garantir a legalidade do processo.

Além disso, atenção: você não é obrigado a falar nada sem orientação jurídica.

O silêncio pode parecer simples, mas pode ser decisivo para sua defesa. Lembre-se que declarações feitas sob pressão ou sem preparo podem ser usadas contra você.

Faça seu possível para ficar calmo e não diga nada sem o auxílio de um advogado.

Ademais, fique atento: você tem o direito de saber tudo sobre o que está sendo investigado.

Ninguém pode tratá-lo como culpado antes de uma sentença definitiva.

Em suma, procure um advogado e não faça nada sem que você tenha esse apoio jurídico.

O que pode afastar o dolo no homicídio doloso?

Para que uma pessoa seja condenada por homicídio doloso, é essencial que fique comprovado no processo que ela agiu com dolo.

Ou seja, é preciso comprovar que ela teve a intenção de matar (dolo direto) ou assumiu conscientemente o risco de causar a morte (dolo eventual).

Por isso, quando se fala em afastar o dolo, estamos tratando da possibilidade de demonstrar que não houve essa intenção ou aceitação do risco.

Em vez de responder por homicídio doloso, o acusado pode, por exemplo, ser julgado por homicídio culposo (quando não há intenção), ou até ser absolvido.

Diversas circunstâncias podem levar o juiz ou o júri a afastar o dolo. 

A mais comum é quando há prova clara de que o agente não quis o resultado morte e nem agiu de forma tão imprudente a ponto de aceitar esse risco.

Outro fator importante é quando a conduta do acusado não demonstra consciência da letalidade de seus atos, ou quando há provas técnicas que mostram que ele não teve domínio da situação.

Em algumas situações, a legítima defesa mal compreendida ou mal formulada também pode ser analisada de forma a excluir o dolo, se ficar claro que o agente reagiu a uma agressão.

Por isso, cada detalhe do comportamento, da cena do crime e do histórico dos envolvidos é essencial para demonstrar ao juiz que o elemento mais importante do homicídio doloso.

O que é homicídio doloso simples e qualificado?

No homicídio doloso, há duas principais classificações: simples e qualificado.

O homicídio doloso simples é aquele em que não existem agravantes ou qualificadoras. A pena para esse crime varia de 6 a 20 anos de reclusão. Um exemplo seria um homicídio cometido por impulso durante uma briga.

O homicídio doloso qualificado, por outro lado, é aquele que possui circunstâncias que tornam o crime mais grave, como:

No caso de homicídio qualificado, a pena aumenta para 12 a 30 anos de reclusão, refletindo a gravidade das circunstâncias, como nos mostra a redação do parágrafo 2º, do artigo 121, Código Penal:

§ 2º Se o homicídio é cometido:

I – mediante paga ou promessa de recompensa ou por outro motivo torpe;

II – por motivo fútil;

III – com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;

IV – à traição, de emboscada ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;

V – para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime;

Pena – reclusão de 12 a 30 anos.

Portanto, você deve saber que qualquer um desses fatores acima são suficientes para que um crime passe a ser qualificado, gerando, assim, uma pena maior.

Como funciona o processo penal por homicídio doloso?

O processo por homicídio doloso segue etapas muito específicas, que começam com a denúncia do crime até a sentença final. Vamos entender melhor!

1. Inquérito policial

O objetivo dessa fase é apurar fatos, reunir provas e identificar os envolvidos. A autoridade policial ouve testemunhas, colhe laudos periciais e pode até prender o suspeito.

2. Denúncia ao Ministério Público

Concluído o inquérito, os autos são enviados ao MP, que decide se oferece a denúncia contra o suspeito. O promotor avalia se há indícios suficientes de autoria e materialidade do crime.

3. Recebimento da denúncia

O juiz analisa a denúncia. Se considerar que há justa causa para a acusação, ele recebe a denúncia e dá início à ação penal. Aqui, o réu é formalmente acusado.

4. Instrução na fase de pronúncia

O homicídio doloso é julgado pelo Tribunal do Júri, por isso, exige uma etapa preliminar. Nesta fase de pronúncia, o juiz interroga o réu e analisa o material produzido.

Ao final, ele decide se o réu deve ou não ser levado a julgamento. O advogado cumpre papel de extrema importância neste momento, pois a defesa pode anular o andamento do processo.

5. Julgamento pelo Tribunal do Júri

Sendo pronunciado, o réu é levado a julgamento. A audiência é pública, com sustentação oral da acusação (Ministério Público) e da defesa (advogado ou defensor público).

Neste momento, será investigado:

O juiz presidente do júri fixa a pena com base nessa análise.

6. Sentença e recursos

Após decisão e fixação da pena, o réu é condenado ou absolvido. Ambas a defesa e a acusação podem recorrer da decisão, a fim de mudar a sentença.

Em linhas gerais…

Esse é o fluxo do processo por homicídio doloso. Como envolve possibilidade de prisão, não esqueça sua defesa técnica.

Devo procurar um advogado em caso de homicídio doloso?

Sim, você deve sempre procurar advogado em caso de homicídio doloso.

A presença de um bom advogado é uma medida decisiva para garantir a proteção dos seus direitos e sua liberdade, se possível.

O homicídio doloso é um crime extremamente grave, com penas que podem ultrapassar 30 anos de prisão; portanto, é uma pena pesada, que representa uma vida inteira na cadeia.

Um advogado especializado irá atuar desde os primeiros momentos, evitando que provas frágeis sejam usadas indevidamente ou que o acusado seja exposto a interrogatórios sem amparo.

Ele também é responsável por elaborar a defesa escrita, participar da fase de instrução, levantar teses legítimas para afastar o dolo ou enquadrar o caso em forma menos gravosa.

Além disso, será esse profissional quem conduzirá a defesa no Tribunal do Júri, onde o convencimento dos jurados exige habilidade, preparo e firmeza. 

Estar sem advogado nesse tipo de processo não apenas coloca o réu em desvantagem, como compromete o próprio direito de defesa garantido pela Constituição.

Por isso, diante de uma acusação tão séria, ter ao lado um advogado de confiança e experiente faz toda a diferença entre ser apenas acusado — e ser verdadeiramente defendido.

Um recado final para você!

imagem representando advogado

Em caso de dúvidas, procure assistência jurídica.

Sabemos que o tema homicídio doloso pode levantar muitas dúvidas e que cada situação é única, demandando uma análise específica de acordo com as circunstâncias de cada caso.

Se você tiver alguma questão ou quiser saber mais sobre o assunto, recomendamos a consulta com um advogado especialista. Clique aqui!

O suporte jurídico adequado é fundamental para que decisões sejam tomadas de forma consciente e segura.

Artigo de caráter meramente informativo elaborado por profissionais do escritório Valença, Lopes e Vasconcelos Advocacia.

Direito Civil | Direito de Família | Direito Criminal | Direito Previdenciário | Direito Trabalhista | Direito Bancário

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Autor

  • joao valenca

    •Advogado (43370 OAB) especialista em diversas áreas do Direito e Co-fundador do escritório VLV Advogados, empresa referência há mais de 10 anos no atendimento humanizado e mais de 5 mil cidades atendidas em todo o Brasil.

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